Flamengo e Corinthians , donos das duas maiores torcidas do Brasil, são também os clubes que mais contam com seus seguidores no estádio para faturar em 2020. As incertezas com o futuro do futebol, em meio à pandemia de coronavírus, porém, atingem todas as equipes do país.

A primeira dúvida para o esporte, claro, é quando será possível ver a bola rolando novamente nos gramados. Mesmo quando superado esse momento, no entanto, há previsões pessimistas quanto ao retorno de grandes aglomerações nas arquibancadas. Os impactos são diversos.

O mais fácil de medir no momento é financeiro. Sem as bilheterias, todos os clubes perderão fonte importante de receitas – e, por isso, já se movimentam nos bastidores para enxugar seus maiores gastos, com os salários de atletas. Abaixo, o ESPN.com.br analisa esses números.

Milhões de incertezas

Entre os orçamentos dos 11 principais clubes da Série A do Campeonato Brasileiro – o Cruzeiro , na segunda divisão, não documentou suas previsões – para 2020, há metas de faturamento de bilheteria que vão de R$ 11 milhões ( Botafogo ) a R$ 108 milhões (Flamengo).

O número frio das cifras, contudo, não mede quanto cada clube brasileiro depende de que suas torcidas estejam no estádio para lutar. Contrapondo a meta de bilheteria com a previsão total de receitas, há clubes que esperam de 14% a 15% dessa fonte para seu faturamento.

O Flamengo, de fato, é o clube com maior “dependência” da bilheteria. O termo fica entre aspas, no entanto, pelo fato de os rubro-negros também terem a maior previsão de arrecadação, R$ 726 milhões. Desse valor, 15% (R$ 108 milhões) viriam de venda de ingressos.

O percentual também é de dois dígitos para outras três equipes: Corinthians (14% ou R$ 71 milhões de R$ 493 milhões no total), Palmeiras (11%, R$ 64 milhões de R$ 600 milhões) e São Paulo (10%, R$ 53 milhões de R$ 541 milhões).

Os casos de Corinthians e Grêmio

Se é certo que a receita de bilheteria é importante para todos os clubes do Brasil, em diferentes medidas, há dois casos especiais, o de Corinthians e Grêmio . Para as duas equipes, o dinheiro dos ingressos vai diretamente para o pagamento de suas arenas.

Mas a forma como os times tratam isso em seus orçamentos é distinta. O Corinthians inclui normalmente essa cifra na previsão de seu faturamento, ainda que o dinheiro não fique nos cofres e seja destinado a um fundo, responsável pelo pagamento da dívida.

Há, inclusive, um impasse quanto ao assunto, já que o clube alvinegro ainda negocia com a Caixa a forma de pagamento dos valores – havia um acordo ainda não assinado entre as partes, para que, nos meses sem jogos na Arena, a equipe pagasse parcela mais baixa, algo que o banco chegou a questionar com troca no comando do Governo Federal.

O Grêmio, por sua vez, já não lança a previsão de bilheteria em seu orçamento, considerando que os valores ficam para a OAS. Por isso, o impacto direto na meta de R$ 342 milhões é zero.

Sócios-torcedores

É preciso ressaltar que as dúvidas com o coronavírus não trazem impacto financeiro para os clubes apenas com bilheteria. O dinheiro de televisão do Brasileiro, por exemplo, principal fonte de faturamento das equipes, tem uma parte paga de acordo com a classificação – e o cenário é incerto até para a realização da competição no presente momento.

Mas, mesmo no público no estádio, há também os sócios-torcedores, que, para muitos clubes, acabam entrando na conta também do dinheiro que vem direto da presença na arquibancada.

O Internacional , por exemplo, calcula em orçamento faturar apenas R$ 18 milhões com bilheterias. A meta com seus sócios, no entanto, é de R$ 90 milhões. Somando os dois valores, são 27,5% da previsão total de arrecadar R$ 392 milhões na temporada.

O percentual é semelhante aos 28% do Flamengo, que espera R$ 204 milhões considerando a meta com bilheteria, estádio e sócios-torcedores, segundo o orçamento do ano.

O Vasco , que viu seu programa de sócios-torcedores explodir no número de adesões recentemente, é outro clube que espera mais dinheiro dessa fonte do que em bilheteria – o orçamento total é de R$ 322 milhões. São R$ 46 milhões com associados contra R$ 20 milhões.

Já no caso do Grêmio, embora não preveja nenhuma arrecadação com bilheteria, conta com R$ 75 milhões com sócios, 22% dos R$ 342 milhões que espera para o ano.