O Flamengo foi comunicado, na última quarta-feira (22), de uma questão técnica que pode atrasar e encarecer obras de seu novo estádio. Isso porque o terreno do antigo Gasômetro, onde está prevista a obra da arena, ainda conta com estruturas importantes para o sistema de distribuição de gás que precisam ser transferidas para viabilizar o projeto rubro-negro.
Dentre estas transferências está a da Estação de Regulagem e Medição (City Gate), que se encontra na área arrematada pelo Flamengo em leilão realizado em julho do ano passado. O conselho diretor da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa) diz que "o clube precisa resolver transferência” da infraestrutura do serviço de gás canalizado no terreno.
Luiz Eduardo Baptista, presidente do clube carioca, foi comunicado que a construção do estádio em São Cristóvão “está condicionada à definição de uma solução para transferência” da infraestrutura do serviço de gás canalizado. A informação foi publicada inicialmente pelo site Tempo Real e confirmada pelo GLOBO.
Eduardo Paes, por sua vez, informou que as transferências das estruturas importantes para o sistema de distribuição de gás presentes no terreno do Gasômetro serão de responsabilidade do município e não do time rubro-negro. O Prefeito do Rio de Janeiro, nas redes sociais, afirma que estão criando problemas aonde não tem.
"Adversários ocultos do estádio do @Flamengo, parem de criar problemas aonde não tem. Eu e o deputado @pedropaulo já informamos que essa questão será de responsabilidade do município. Parem de chatear pq eu não aguento mais defender o Flamengo", diz Eduardo Paes.
No mês passado, o Flamengo, em uma carta assinada pelo ex-presidente Rodolfo Landim, subiu o tom após a Agenersa solicitar que houvesse diálogo entre o clube e a Naturgy sobre os aspectos de segurança e os impactos relacionados à construção do estádio. O Flamengo afirmou que "não reconhece à Agenersa a atribuição e competência para estabelecer responsabilidades para o clube ou, ainda, condições ao uso do imóvel por ele adquirido".
Foi aí que a Agenersa, em resposta ao ofício assinado pelo Landim, afirmou na carta direcionada para Bap — por conta da mudança na presidência rubro-negra —, que "não tem qualquer interesse em prejudicar a expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro, tampouco sua exploração econômica". A agência garante que está apenas buscando garantir a segurança dos futuros frequentadores do local e da população em geral.
Em nota enviada ao GLOBO, a Agenersa reforçou que cabe a ela regular a adequação e a segurança do serviço público de distribuição de gás canalizado. Desta forma, a construção do estádio do Flamengo está condicionada a essa transferência que deve ser negociada entre o clube rubro-negro e a CEG, administrada pelo grupo Naturgy.
Conforme o processo ativo no Sistema Eletrônico de Informações do Estado (SEI-RJ), as informações no Memorial Descritivo do Imóvel e no Termo de Referência do edital já apontavam que a Prefeitura do Rio sabia que o terreno “abriga construções e estruturas destinadas ao sistema de distribuição de gás”.
Presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, herdará o projeto de construção do estádio, que andou de maneira decisiva na gestão de Rodolfo Landim, com a compra do terreno do Gasômetro, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Porém, o novo mandatário, na cerimônia de sua posse, adotou cautela com o que ele chama de "projeto da vida do clube" e não garantiu que ele esteja pronto até 2029.
— Nós não vamos endividar o clube a ponto de que, em algum momento ao longo dessa trajetória, a gente tenha que virar SAF. Vamos buscar o dinheiro dentro de casa, aumentando o faturamento, a margem operacional, isso deve trazer um dinheiro adicional importante. Se isso acontecer em quatro anos, oxalá, façamos em quatro. Se acontecer em cinco, nós vamos fazer em cinco. Se for em seis, nós vamos fazer em seis. Mas nós não vamos nem comprometer a performance esportiva do clube, nem vamos, de alguma maneira, tomar dinheiro de alguém para virar SAF — disse o presidente do Flamengo.
Confira a nota da Agenersa enviada ao GLOBO
"A Agenersa informa que cabe a agência regular a adequação e a segurança do serviço público de distribuição de gás canalizado e portanto, a construção do estádio do Flamengo em São Cristóvão, no terreno do antigo Gasômetro, está condicionada à definição de uma solução para transferência que deve ser negociada entre o clube e a CEG (administrada pelo grupo Naturgy) e mediada pela Agenersa e pelo Estado do Rio de Janeiro."