Referência financeira no futebol brasileiro, o Flamengo terminará a temporada sem conquistas, mas com as contas em dia. E um dos principais projetos futuros do clube é a construção de um estádio próprio.

Em reunião com o grupo político União Rubro-Negra na última segunda-feira (5), o presidente Rodolfo Landim, por áudio em que o Ge teve acesso, detalheu a proposta para implementação da SAF, nos moldes adotados pelo Bayern de Munique , que auxiliariam no desenvolvimento da casa do clube carioca.

"O que o Bayern fez para poder ter o estádio dele? Ele fez uma SAF. No primeiro momento, ele tinha 100% da SAF e vendeu três pedaços de 8,3% dela. Continuou com 75,1% e, tendo esse percentual, continuou tendo o controle do que estava embaixo. Montou uma estrutura de governança mais leve", começou por dizer.

"Ele tem nove conselheiros, três são indicados por cada um desses sócios minoritários, e o Bayern tem seis membros. Então ele aponta o diretor e aponta todos os C-Level (espécie de CEO), que são os caras que mandam no clube. Ele que manda e continua tendo o controle. E com uma estrutura de governança mais leve, com conselheiros independentes, dando conforto para quem está botando dinheiro de que o dinheiro dele vai ser bem tratado", completou.

Landim reafirmou que o projeto de um estádio próprio passa, necessariamente, pela implementação da SAF para conseguir os recuros necessários, sem que o Flamengo entre em descrédito ou que uma gestão futura possa arruinar o equilíbiro financeiro do conseguido pelo clube ao longo dos últimos anos.

"Se a gente botar uma dívida de R$ 1 bilhão no nosso balanço, óbvio que alguém vai olhar que há um risco muito maior de não pagar. Custo de capital vai crescer. Não existe nenhum jogador que o Flamengo não tenha comprado em suaves prestações, como Casas Bahia. O cara olha para o nosso balanço e fala: "Pelo amor de Deus, o Flamengo vai pagar". Mas se você endivida o clube para fazer estádio, aí não", disse o presidente, antes de detalhar que a ideia do projeto é tornar o Rubro-Negro soberano por mais 50 anos.

"Porque meu projeto, juro pelo amor que tenho pelos meus filhos, é ter um Flamengo dominante no futebol por 50 anos. Estou trabalhando para estruturar o Flamengo para dominar por 50, não é para dominar por seis anos. É deixar esse legado. É você poder montar uma estrutura aonde o Flamengo continue mandando como o Bayern de Munique continua mandando no futebol, levantando dinheiro no mercado e sem se endividar."

Se por um lado Landim defende a SAF para a construção do estádio do Flamengo, parte dos associdados do clube propõem um modelo de sociedade com empresas do ramo imobiliário.

No entanto, para explicar o motivo de não concordar com tal ideia, o presidente do clube carioca citou os ruídos recentes entre Palmeiras e WTorre, empresa que administra o Allianz Parque.

"Eu digo, cara, o que aprendi na minha vida coorporativa é o seguinte: a pior coisa que existe é desalinhamento de interesses entre os sócios. Se eu tiver um sócio nesse estádio, ele vai ser um investidor imobiliário. Ele vai querer maximizar a receita dele e do investimento que ele fez."

"Resumindo: ele vai querer tomar o máximo de dinheiro possível da receita que o Flamengo venha a ter de bilheteria na divisão com ele. Isso vai ser o mínimo de dinheiro possível. Isso vai reduzir a capacidade de dinheiro do Flamengo, que é investir em jogadores para poder continuar ganhando a p* toda. É o que eu acho que o Flamengo precisa ter."

"Lá no Bayern de Munique, o Allianz resolveu se associar para poder botar o naming rights do estádio. Botou 8,3% do dinheiro que precisavam para construir o estádio deles. É muito melhor do que você buscar um sócio para um negócio imobiliário, que no primeiro dia depois que montou o estádio vai brigar com você. Como a Leila briga com a WTorre lá", finalizou.

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