Flamengo: Dome abre mão do 'Mister' e exibe perfil menos vaidoso que Jorge Jesus nas primeiras 24 horas

O tempo é curto para se tirar conclusões definitivas sobre Domènec Torrent no Flamengo, mas as duas primeiras atividades no Ninho do Urubu deram os primeiros sinais sobre o perfil do novo treinador. E ao se deparar com o novo comandante, impossível não tirar como parâmetro o antecessor, Jorge Jesus.

Logo de cara, o catalão indicou uma personalidade menos vaidosa e mais humilde na relação com jogadores e profissionais do clube. O "Mister", termo usado por todos para se referirem a Jesus, e de certa forma exigido pelo português, saiu do dicionário. Torrent avisou a todos no Flamengo que para eles é apenas "Dome".

O tratamento ao novo técnico diz menos sobre o seu jeito do que a forma com que Dome lidou com todos em pouco mais de 24 horas. A principal preocupação de Torrent nos primeiros dias tem sido a comunicação. Antes de emitir um comando no treino, o técnico questionava se os atletas iam compreender a frase, por exemplo.

Na segunda-feira, dia em que chegou ao Brasil e já foi ao CT para a primeira atividade, o técnico e seus dois auxiliares, Jorgi Guerrero e Jordi Gris, tiveram um contato com o grupo mais protocolar. Não houve uma troca de ideias na teoria nem aplicação prática no treinamento, apenas algumas orientações, como a Willian Arão.

Antes disso, o treinador conheceu a estrutura do Flamengo e ficou bem impressionado com o tamanho da academia e de toda a hotelaria e restaurante. Nesta terça-feira, Dome chegou pela manhã mais descansado e conseguiu promover os primeiros conceitos em campo. Além de externar um estilo para lidar com elenco e funcionários.

A cada acerto no treino, exclamava "Bravo!". "Se eu falar dessa forma, eles vão entender?", indagava-se quando queria pedir mais intensidade ou mais precisão nos passes. Após a atividade o treinador solicitou até um professor de português ao Flamengo.

Situações diferentes das do início da era Jorge Jesus. Relatos internos dão conta que o Mister colocava medo até na própria comissão técnica. Havia sim momentos de descontratação, com palavrões, mas Jesus trocava pouco com outros profissionais durante os seus treinamentos. Era seu momento. A hora que dava o show. Não raro era visto correndo ao lado dos atletas, para marcar as passadas.

Domènec tem outro estilo. Divide bastante as tarefas com os seus auxiliares. E também inclui os profissionais do Flamengo nas conversas sobre o encaminhamento do treinamento. O preparador físico Betinho e o preparador de goleiros Wagner Miranda têm sido bastante ouvidos.

Em resumo, o novo treinador carrega consigo um ar mais rebuscado e educado que Jesus, com maior interação e preocupação em trocar informações. Resta saber como será o comportamento do catalão na beira do campo em seu desafio no Brasil.

Domingo, contra o Atlético-MG, a resposta virá na estreia do Flamengo no Brasileiro.

Fonte: Extra