Flamengo cria núcleo autista na torcida, promovendo inclusão no Maracanã

Em meio à vibrante atmosfera do Maracanã, onde as bandeiras do Flamengo tremulam a cada jogo, uma em especial se destaca, simbolizando uma nova história de paixão e inclusão. Com um fundo branco, a flâmula exibe um punho cerrado emergindo de um quebra-cabeça de peças coloridas, acompanhada da frase "Raça Autistas". Este estandarte representa um novo núcleo criado dentro da Raça Rubro-Negra, a torcida organizada do clube, que se dedica a acolher torcedores com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A Iniciativa de Pedro "Pepê" Prota

A força motriz por trás dessa iniciativa é Pedro "Pepê" Prota, um jovem de 16 anos que vive com o espectro autista e é presença constante nas arquibancadas ao lado de seu pai, Klinger Prota. A jornada de Pepê até o coração da torcida, localizado no Setor Norte, foi gradual e cuidadosamente planejada para garantir seu conforto. Klinger compartilha: "O Pepê acompanha o Flamengo desde bem novinho. Aos poucos, passamos a levá-lo ao estádio. Tínhamos preocupações quanto a barulho, aglomerações. Então, começamos a frequentar o Maracanã Mais, depois na Oeste, Leste. Até que, em 2019, migramos para a Norte."

Foi nesse setor, conhecido por sua energia vibrante, que a ideia de criar um espaço inclusivo começou a tomar forma. "Nós criamos a FlaAutistas e íamos aos jogos com a camisa. Passamos a frequentar a coluna 50 e chamamos a atenção da diretoria da torcida", completou Klinger.

A Resposta da Torcida e da Comunidade

O que começou como um movimento familiar rapidamente encontrou ressonância dentro da própria torcida organizada. Kiti Abreu, responsável pela área de inclusão social da Raça Rubro-Negra, destaca que a história de Pedro e Klinger tocou outros membros que também são pais de crianças com TEA. "O projeto foi criado pensando em todos os autistas que têm essa paixão pelo Flamengo, que frequentam os jogos e que fazem questão de estarem na arquibancada. O Pepê se tornou uma referência e peça fundamental", explica Kiti.

Ela acrescenta: "Temos na torcida pais e mães atípicos que, agora, conseguem ter essa representação. É um sentimento ímpar e queremos abranger outras causas. Estamos abrindo portas."

Um Sonho Tornado Realidade

Para Pedro, que hoje é um embaixador da causa com mais de cinco mil seguidores em sua página no Instagram, ver a bandeira tremulando no estádio é a realização de um sonho. "Era algo que eu sentia no coração. Agradeço à Raça Rubro-Negra, pelo carinho comigo e com todos da comunidade autista. Essa bandeira não é só minha. Ela é de todos nós. Representa inclusão, respeito e amor", celebrou o jovem em uma de suas publicações.

Maracanã: Um Estádio em Transformação

O movimento por mais inclusão no futebol não se limita apenas à iniciativa dos torcedores. A gestão do Maracanã, compartilhada por Flamengo e Fluminense, está finalizando a construção de duas salas sensoriais para atender pessoas com TEA durante as partidas. Essa medida atende à Lei Municipal nº 7.973/2023, que exige a criação de áreas reservadas em espaços esportivos com capacidade superior a cinco mil pessoas. As salas serão localizadas no quinto pavimento do Setor Oeste e, segundo o cronograma das obras, a inauguração está prevista para o fim deste mês.

Essa iniciativa do Maracanã se alinha a uma tendência crescente no futebol brasileiro, onde clubes e estádios têm implementado ações para tornar a experiência dos jogos mais acessível e acolhedora para o público com Transtorno do Espectro Autista.

Fonte: Redação Netfla
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