A ideia de levar Filipe Luís ao Flamengo começou em um jantar informal entre amigos que foi realizado em março deste ano na cidade de Madri, na Espanha. O lateral-esquerdo estava em final de contrato com o Atlético de Madrid e revelou o sonho para Sávio e Guilherme Siqueira de um dia defender o time no qual torcia na infância.
As negociações duraram alguns meses até que tudo fosse sacramentado. Além de ter ofertas para permanecer no futebol europeu, Filipe queria se focar na disputa da Copa América no Brasil.
Nos meses de espera, a paciência do técnico Jorge Jesus foi fundamental para que o martelo fosse batido.
"Ele me disse que uma proposta do Flamengo mexeria muito com ele. E só voltaria ao Brasil se fosse para jogar no Flamengo. Foi um namoro um pouco demorado por causa da Copa América, mas concretizamos da melhor forma", disse Guilherme Siqueira, que conhece o flamenguista desde os 13 anos, quando ambos atuaram juntos na base do Figueirense.
Sócio de Sávio na subsidiária brasileira da empresa espanhola Youfirst, o brasileiro - que atuou com Filipe também no Atlético de Madrid - passou a trabalhar para que o desejo do amigo virasse realidade.
Conheça os bastidores do negócio, nas palavras de Guilherme Siqueira:
Como surgiu a ideia de levar o Filipe ao Flamengo?
Nós estávamos em um almoço informal em Madri quando começamos a conversar sobre o futuro do Filipe. Eu perguntei se ele tinha intenção de voltar ao Brasil. Ele me disse que uma proposta do Flamengo mexeria muito com ele. E só voltaria ao Brasil se fosse para jogar no Flamengo. Foi um namoro um pouco demorado por causa da Copa América, mas concretizamos da melhor forma. O Filipe estava totalmente focado na seleção brasileira e tivemos muitas conversas diárias. O Flamengo foi de um profissionalismo incrível.
Explique como foram as negociações...
Nós sabíamos que o Flamengo estava atrás de um lateral-esquerdo mercado. O Filipe nos disse: ‘No Brasil, só iria o Flamengo. Eu estou disposto a ouvi-los’. Depois disso, nós começamos a sentar com o Flamengo para negociar. As primeiras reuniões ocorreram em março e só batemos o martelo em junho. Foram meses importantes e interessantes. Fiquei grato por ter intermediado isso. É um capítulo importante na nossa amizade.
Como foi a reação dele ao conhecer o Sávio?
O Sávio hoje é meu sócio e nós sabemos a relação dele com o Flamengo. Filipe nos deu o poder para conduzirmos da melhor forma possível. Felipe é um cara muito respeitoso. Eu falo: 'Cara, você não tem noção da tua imagem e do teu peso dentro do futebol'. Ele é muito simples, humilde e educado. Quando ele conheceu o Sávio, ele ficou feliz porque fez parte da juventude dele e é um ídolo do Flamengo.
Como o Filipe reagiu com a repercussão?
Quando começaram a falar o nome do Filipe no Brasil deu uma repercussão muito grande e ele até se assustou um pouco. Ele é um cara que estava costumado com seleção brasileira e Atlético de Madrid, mas a proporção que a torcida Flamengo tomou foi muito grande. Ele ficou abismado porque a rede social foi invadida por torcedores e ele se sentiu cada vez mais seduzido pelo projeto.
O Filipe teve outra ofertas da Europa? Por que ele escolheu o Flamengo?
Teve sim. Isso mostra o profissional e a pessoa que ele é. Filipe chegou em um patamar que poderia escolher onde jogar e está com 34 anos. O coração tem que falar mais alto. Não somente o lado financeiro. Se fosse só por dinheiro ele não teria vindo para cá porque recebeu ofertas superiores ao que recebe hoje no Flamengo. Mas como eu digo: Flamengo mexe e apaixona o jogador. O Filipe tinha esse sonho de vestir a camisa e quis ir. E quando um atleta quer vir... Filipe é um cara inteligente de saber que era o momento de voltar ao país dele para defender o clube do coração. Hoje, o Flamengo está onde está por mérito e projeto. As coisas estão acontecendo com naturalidade.
Quais as maiores dificuldades no negócio?
Foram meses desgastante porque temos que entender a cabeça do atleta que tinha propostas na Europa e poderia voltar ao pais. venceu título da Copa América. São muitas as situações, mas ele colocou na cabeça dele que gostaria de voltar. Depois da Copa América tudo ficou mais rápido e nos falávamos diariamente. Quando ele me mostrou as fotos de infância com a camisa do Flamengo eu me arrepiei: ‘Poxa, Filipe. Tomara que dê muitos frutos’. Ele está jogando por amor e paixão e se puder vencer títulos ser a cereja do bolo na sua carreira.
Você trabalhou com o Jorge Jesus no Benfica. Você conversava com o técnico?
Conversei muito. Em uma das reuniões com o Filipe Luis, o Jorge Jesus foi pauta na nossa mesa. Eu falei com o Jorge Jesus antes da negociação ser concretizada. Eu participei no começo na vinda dele ao Brasil porque temos contato. A minha relação é muito boa com ele e nos falávamos semanalmente. Ele sabia que eu estava intermediando a negociação. O Jesus me ligava perguntando da situação e eu passava o feedback. Ele foi muito importante porque esperou a situação do Filipe se resolver. Talvez se fosse outro treinador, ele iria pedir um jogador mais imediatamente e pelo fato de Filipe estar na Copa América poderia não ter vindo ao Flamengo. Eu passava a situação do Filipe ao Jorge, que entendia perfeitamente. O 'mister' e o clube foram muito profissionais. O Flamengo teve habilidade e paciência. O Filipe é hoje realizado pelo momento que vive aqui.
O Filipe está gostando do Jesus?
Nós trabalhamos com Simeone, e o Filipe trabalhou também com Mourinho e o Tite. Eu disse: ‘Você vai ver uma situação agora na tua carreira com um treinador que nunca viveu antes’. Ele está me confirmando isso. É um cara inteligente e muito perfeccionista. O Filipe está encantado com o trabalho do Jesus.
Como o Filipe se sente hoje?
Ele é flamenguista de infância e está participando de uma fase muito importante do clube. A vida dele trouxe coisas boas para o clube e para o futebol brasileiro. A família do Filipe está feliz. Ainda mais na situação que o Flamengo está, foi uma vitória.