Flamengo completa mil jogos no Maracanã na história do Carioca; veja 10 partidas marcantes

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A vitória por 5 a 0 sobre o Maricá no último sábado foi o milésimo jogo do Flamengo no Maracanã na história do Campeonato Carioca. Ao todo, o Rubro-Negro soma 572 vitórias, 227 empates e 201 derrotas no estadual jogando no estádio, inaugurado em 1950.

E desses 1.000 jogos, quais foram os mais marcantes para os rubro-negros? O ge escolheu 10 partidas importantes e inesquecíveis para quem acompanhou de perto, com goleada histórica, público recorde, novo mascote, viradas e títulos. Confira a lista abaixo, em ordem cronológica.

Jornal O Globo do dia 29/10/1956 fala em "maior exibição do Flamengo" — Foto: Reprodução / Jornal O Globo

A primeira partida da lista não tem registro de imagens da televisão, mas teve um recorde que dura até os dias de hoje: foi a maior goleada da história do Maracanã: 12 a 2 sobre o São Cristóvão, com quatro gols de Evaristo (grande nome daquele time e que mais tarde adotaria o sobrenome Macedo ao virar técnico); outros quatro de Índio, dois de Joel, um de Luís Roberto e o último de Paulinho.

Aquele ataque era conhecido como "Rolo Compressor" e já tinha feito 6 a 0 no Fluminense; 4 a 1 no Vasco e Botafogo; 4 a 0 no Atlético-MG... O técnico do São Cristóvão após o jogo deu a seguinte declaração ao Jornal O Globo: "Nunca, em toda a minha vida, vi um ataque tão arrasador quanto este. Com esse ímpeto irresistível de hoje, o Flamengo desmantelaria qualquer quadro, nacional ou estrangeiro. Foi uma coisa louca!"

Flamengo campeão carioca em cima do Fluminense em 1963 — Foto: Reprodução / Jornal O Globo

O Fla-Flu de 1963 é o primeiro clássico de nossa lista e detém o recorde de público do Maracanã: foram 194.603 pessoas (sendo 177.020 pagantes). E os rubro-negros que lotaram o estádio saíram comemorando: o time precisava apenas de um empate para assegurar o título e sustentou o 0 a 0 no placar graças às grandes defesas de seu goleiro Marcial, um mineiro de 22 anos que conquistou a posição durante o campeonato. São poucos os registros de televisão da época.

Na década de 60, as torcidas rivais chamavam os torcedores do Flamengo de "urubus", uma alusão racista à grande massa de afro-descendentes e pobres. A alcunha nunca foi bem recebida pelos rubro-negros, até o dia 31 de maio de 1969. Dia de um Flamengo x Botafogo, clássico de maior rivalidade na época pós-Garrincha. E o time da Gávea não vencia o rival fazia quatro anos.

Naquele dia, dois flamenguistas levaram um urubu para a arquibancada e soltaram ele com uma bandeira rubro-negra amarrada nas patas antes do início do jogo. A torcida fez a festa, vibrando e gritando: "É urubu, é urubu!". E o Flamengo venceu o jogo por 2 a 1 e encerrou o jejum. A partir dali, a ave virou o mascote do clube, substituindo o Popeye, personagem de quadrinhos americano.

Quem não se lembra do gol de Rondinelli naquela final de Carioca contra o Vasco? O zagueiro, chamado de "Deus da Raça", entrou para a história do Flamengo com um gol de cabeça aos 41 minutos do segundo tempo, em um Maracanã lotado sobre o maior rival. Garantiu o título que é considerado o marco inicial da chamada "era de ouro" do clube, que de 1978 a 1983 conquistou quatro Estaduais, três Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial sob o comando de Zico.

A goleada por 12 a 2 de 1956 foi a maior do Maracanã, mas a mais famosa para os rubro-negros é outra, digamos, um pouco mais modesta: 6 a 0 sobre o Botafogo. Resultado que fez a torcida ir ao delírio e marcou o fim de uma era de gozações por causa da goleada, pelo mesmo placar, sofrida nove anos antes, em 1972. Naquele dia, os flamenguistas saíram do Maracanã vingados. Com gols de Nunes, dois de Zico, Lico, Adílio e Andrade, o time desentalou o grito entalado.

Flamengo e Fluminense decidiram o Campeonato Carioca de 1991. Após empate por 1 a 1 no primeiro jogo, as duas equipes voltaram a campo três dias depois. O Tricolor foi para o intervalo vencendo por 1 a 0, com gol de Ézio. Na etapa final, no entanto, o Rubro-Negro atropelou e virou o jogo rapidamente com gols de Uidemar, Gaúcho e Zinho. O Fluminense até tentou reagir, novamente com Ézio, mas a cereja do bolo ficou para o fim do jogo. Júnior, então com 37 anos, tabelou com Zinho e fechou o placar de 4 a 2. Júnior, chamado de "Vovô Garoto", foi o herói da conquista e comandou uma geração jovem e muito talentosa do Rubro-Negro. No ano seguinte o mesmo time foi campeão brasileiro, em 1992.

Qual rubro-negro não se lembra daquela falta de Petkovic? O gol do sérvio é, junto com o de Rondinelli em 78, um dos mais lembrados pelos seus torcedores na história. O Flamengo havia perdido para o Vasco por 2 a 1, no primeiro jogo da final do Carioca, e precisava ganhar por dois de diferença na partida derradeira. Edílson marcou dois, mas o Cruz-Maltino fez um e viu sua torcida já comemorar na arquibancada. Quando aos 43 minutos do segundo tempo, o camisa 10 colocou a bola no ângulo e garantiu ao clube o tricampeonato estadual sobre o maior rival.

Talvez a virada mais marcante para os rubro-negros seja a do Fla-Flu de 2004. Não foi sequer um duelo decisivo, valia apenas pela fase de grupos da Taça Guanabara, mas levou 60 mil pessoas ao Maracanã. O Flamengo não derrotava o rival há quatro jogos e abriu o placar, mas viu o Tricolor virar e fazer 3 a 1 já na metade do segundo tempo. Os tricolores gritavam "olé" na arquibancada, quando o Rubro-Negro reagiu e virou o placar para 4 a 3 em 11 minutos. Os gols foram de Jean, Felipe e dois de Roger Guerreiro. Foi a partida da "virada da poeira", quando os rubro-negros adaptaram a música "Sorte Grande", da Ivete Sangalo, que embalou o time rumo ao título carioca.

A vantagem do Flamengo por ter vencido o primeiro jogo por 2 a 1 caiu logo no início do jogo, quando Valdir Bigode marcou com 2 minutos de jogo. Foi aí que surgiu um herói improvável. Jean, então jovem atacante que havia sido promovido ao elenco profissional no ano anterior, fez três gols e garantiu o título rubro-negro, com direito a muita provocação. Antes da final, confiante no título do Vasco, o presidente Eurico Miranda disse que já tinha comprado 30 mil litros de chope para a comemoração cruz-maltina. Em campo, com a vitória do Flamengo por 3 a 1, a torcida cantou nas arquibancadas: ''Arerêêêê, o chope do Eurico eu vou beber!''

Flamengo e Botafogo decidiram três campeonatos cariocas entre 2007 e 2009 e viveram um período de muita rivalidade no Rio de Janeiro. O Rubro-Negro venceu os três campeonatos e disputou clássicos emocionantes nessas campanhas. Um deles é muito lembrado até hoje. Em 2008, os dois times decidiram a Taça Guanabara. O Botafogo saiu na frente no primeiro tempo com Wellington Paulista. Emoção e polêmica, no entanto, ficaram para a etapa final. O juiz Marcelo de Lima Henrique marcou um pênalti de Ferrero em cima de Fábio Luciano.

O lance gerou muita confusão. Zé Carlos (Botafogo) e Souza ( Flamengo ) foram expulsos por causa da briga. Ibson converteu a cobrança e empatou no Maracanã. Quando o jogo se encaminhava para os pênaltis, Diego Tardelli fez um belo gol e deu o título da Taça Guanabara ao Flamengo . Diretoria, comissão técnica e jogadores do Botafogo foram para a coletiva de imprensa, criticaram a arbitragem e choraram após a partida. Até hoje alguns jogadores do Flamengo gesticulam o "chororô" ao balançar as redes do Alvinegro.

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Fonte: Globo Esporte