Em uma partida marcada por altos e baixos, o Flamengo enfrentou o Estudiantes no Estádio Jorge Luis Hirschi, em La Plata, e saiu derrotado por 1 a 0. No entanto, a equipe rubro-negra garantiu sua classificação para a semifinal da Libertadores ao se sobressair nas cobranças de pênaltis. A vitória nos pênaltis, embora celebrada, levanta um alerta sobre a performance da equipe, que precisa ser aprimorada para seguir em busca do tetracampeonato.
Um primeiro tempo sem inspiração
Desde o apito inicial, o clima estava tenso. O Estudiantes, impulsionado por uma torcida vibrante, transformou o jogo em um verdadeiro duelo de força e intensidade. O Flamengo, por sua vez, parecia estar em uma rotação abaixo do ideal. O técnico Filipe Luís escalou o que muitos consideraram o "11 ideal", e a torcida vibrou com a formação. Contudo, a equipe demonstrou uma timidez incomum, mais preocupada em neutralizar a pressão inicial do adversário do que em criar suas próprias jogadas.
O primeiro tempo foi marcado pela falta de inspiração. As engrenagens do time não funcionaram como esperado. As triangulações pelas laterais eram escassas, e a transição da defesa para o ataque se mostrava lenta e previsível. Individualmente, as estrelas rubro-negras estavam apagadas. Arrascaeta não conseguiu encontrar espaços, enquanto Pedro, pouco acionado, teve uma de suas raras oportunidades aos 11 minutos, mas parou na defesa adversária. Jorginho, quase isolado na criação, cometeu erros incomuns, sobrecarregado pela falta de movimentação dos companheiros. O único que parecia estar em sintonia com a importância do jogo era Saúl, que, aos 32 minutos, acertou um tiro na trave e, dez minutos depois, tentou novamente de fora da área, levando perigo ao gol.
O castigo, no entanto, chegou aos 44 minutos. O Estudiantes, utilizando a bola longa como estratégia, venceu a maioria dos duelos aéreos. Em uma dessas disputas, a bola sobrou para Benedetti, que chutou forte. O goleiro Rossi, que não conseguiu reagir a tempo, viu o time argentino abrir o placar, derrubando a vantagem do Flamengo.
A apatia persiste no segundo tempo
A expectativa de uma mudança de postura do Flamengo na segunda etapa não se concretizou. A equipe continuou apática, mesmo com 71% de posse de bola no segundo tempo. O Rubro-Negro tinha controle territorial, mas não sabia como utilizá-lo. A posse de bola se mostrava estéril, com passes laterais e uma enorme dificuldade para furar o bem postado sistema defensivo argentino.
Filipe Luís tentou mudar o panorama com as entradas de Luiz Araújo e Bruno Henrique, além de Carrascal na vaga de um Arrascaeta que não se destacou. As alterações trouxeram um leve aumento na mobilidade, mas a ineficácia no terço final do campo persistiu. O grande susto ocorreu aos 27 minutos, quando Benedetti marcou o que seria o segundo gol do Estudiantes, que eliminaria o Flamengo. Para alívio da Nação Rubro-Negra, o VAR flagrou impedimento no início da jogada, mas o lance expôs a vulnerabilidade defensiva da equipe nas disputas aéreas.
A estrela de Rossi brilha nos pênaltis
Se o tempo normal foi complicado, a disputa de pênaltis revelou um Flamengo diferente. Com precisão cirúrgica, Jorginho, Luiz Araújo, Carrascal e Léo Pereira converteram suas cobranças com perfeição. No entanto, a noite estava reservada para Agustín Rossi. O goleiro, que havia carregado o peso da falha no gol, se tornou o herói da noite. Primeiro, ele defendeu a cobrança de Benedetti, o autor do gol. Depois, no pênalti decisivo, Rossi voou para parar o chute de Ascacíbar. O grito de desabafo e a comemoração explosiva do argentino simbolizaram a reviravolta que só o futebol pode proporcionar.
O Flamengo, agora classificado para a semifinal, deve valorizar a vaga conquistada, que foi garantida pela vantagem construída no Maracanã e pela eficiência nas penalidades. Contudo, a equipe deixa La Plata ciente de que a atuação esteve muito abaixo do esperado. Os duelos contra o Racing prometem ser ainda mais desafiadores. Se a postura apresentada nesta quinta-feira se repetir, o Rubro-Negro poderá enfrentar dificuldades ainda maiores. Entretanto, muitas lições podem ser extraídas para os confrontos da semifinal.