Paulo César ficou marcado por ter feito um dos gols mais lindos da história do clássico entre Flamengo e Fluminense , que se enfrentam pelo Campeonato Carioca neste domingo (14/03), às 18h (de Brasília).
Apesar de ter conquistado mais destaque nas Laranjeiras, o ex-lateral também passou pela Gávea. Natural de Osasco, ele começou no Nacional-SP, pelo qual se destacou e foi campeão do Torneio de Toulon com a seleção brasileira sub-20.
"O treinador do Brasil era o Toninho Barroso, que comandava o Flamengo. Ele me indicou aos juniores do Fla, mas, como o Zé Maria foi vendido para a Inter de Milão , eu acabei no profissional", contou ao ESPN.com.br .
Em um elenco recheado de estrelas, Paulo César conviveu com nomes como Romário, Bebeto e Júlio César.
"A primeira pessoa que vi na Gávea foi o Bebeto. Minhas pernas tremiam, e ele me tratou tão bem e com muito profissionalismo. Me mostrou onde era o vestiário. Uma vez ele falou com a minha mãe em Atibaia e guardei com carinho a forma que a recebeu. Era um ambiente muito alegre e tínhamos um grupo muito bacana", afirmou.
"Minha estreia foi contra o Atlético-MG , no Maracanã, junto com o [zagueiro] Juan. Nós vencemos depois a Copa Ouro da Conmebol, quando o Sávio acabou com o São Paulo [fez um hat-trick na vitória por 3 a 1] na final", afirmou.
Na Gávea, ele virou pupilo do zagueiro Júnior Baiano. "Ele falava para eu chegar 40 minutos antes do treino parar bater na bola, fazer passes curtos, passes longos e até lançamentos. Aprendi demais com ele", recordou.
Apesar de ter sido campeão do Carioca de 1996, Paulo não ficou no Flamengo.
"Tive muitas chances no começo, mas perdi espaço porque viajava muito com a seleção sub-20. A gente não tinha controle do passe, e o Nacional me negociou com o Fluminense. Dois dias depois de voltar do Mundial Sub-20 de 1997, fiquei sabendo que tinha sido vendido. Eu não tinha opção porque existia a lei do passe", explicou.
Nas Laranjeiras, o lateral sofreu com o clube em crise e foi rebaixado para a Série B do Brasileiro.
"Tinha atrasos de salários e caímos mesmo ganhando os últimos jogos com a molecada. Em 98, fui emprestado ao Vitória e fizemos uma excelente Série A. Eu ia renovar contrato, mas recebi uma ligação do Parreira pedindo para voltar ao Fluminense e jogar a Série C de 99. Não pensei duas vezes, e demos uma arrancada", contou.
Paulo César fez parte do renascimento do Fluminense, que foi campeão da 3ª Divisão, fez ótima campanha na Copa João Havelange de 2000 e retornou ao cenário nacional.
Além disso, ficou famoso por ter feito um golaço no Torneio Rio São Paulo de 2002 contra o Flamengo, no Maracanã. O lateral driblou Athirson e Rocha antes de deixar Flávio no chão - com uma finta de futsal - e tocar na saída de Júlio César.
"Esse lance marcou a minha história no Fluminense", recordou.
Cobiçado na Europa
Com o destaque no Brasil, ele foi disputado por dois gigantes na Europa no meio de 2002.
"Tinha negociação de PSG e Juventus , que me queria como lateral-esquerdo. Escolhi o PSG porque tinha a melhor proposta para mim. Era um clube com histórico de brasileiros que fizeram sucesso por lá", afirmou.
Paulo jogou na França ao lado de Ronaldinho Gaúcho e Mauricio Pochettino, atual treinador do time francês.
"Fiz um gol no Guingamp que foi eleito o 23º mais marcante dos 50 anos do PSG", disse.
"Eu não me adaptei tão bem no começo porque ainda estava com a cabeça mo Brasil. Sentia falta dos familiares e dos amigos. Fui emprestado ao Santos , e sabia que era um desafio importante. Meu objetivo era jogar o máximo possível e voltar ao PSG", contou.
Comandado por Vanderlei Luxemburgo, o lateral venceu o Brasileirão de 2004 pelo time alvinegro.
"Isso marcou um pouco da minha história no Santos porque fui muito bem. Fui cotado para voltar à seleção. Só tive coisas positivas por lá. Em 2005, sofri uma lesão séria e joguei pouco", lamentou.
De volta à França, Paulo ainda defendeu PSG e Toulouse antes de voltar ao Brasil, em 2009, para jogar mais uma vez pelo Fluminense. O lateral ainda passou por Grêmio Barueri, São Caetano, Vila Nova e Audax, antes de pendurar as chuteiras, em 2018.
"Encerei minha carreira depois que sofri uma lesão na cartilagem do joelho. Fiz um ano de tratamento no Corinthians, mas não consegui voltar", lamentou.
Pós-carreira
Após sair dos gramados, Paulo César fez curso de gestão com José Carlos Brunoro para entender como era o mundo do futebol fora das quatro linhas.
"Eu queria virar treinador e fui me especializar. Pude aprender muito quando fui auxiliar do Toninho Cecílio no Criciúma e no XV de Piracicaba. Em 2016, assumi o sub-20 do Juventude porque o Antonio Carlos Zago estava na equipe principal e o Tiago Nunes foi para o Athletico-PR", contou.
Após ser campeão gaúcho sub-20, ele foi efetivado aos profissionais com a saída de Antônio Carlos para o Internacional.
"Depois de seis jogos, estávamos em quinto no campeonato, o que não era ruim, mas a diretoria decidiu me mandar embora. Não quis assumir outro time em seguida para não ficar mudando de clube a cada três meses. Vi que no Brasil era complicado para treinadores novos e decidi vir para a França", afirmou.
Na Europa, ele tirou a licença A da Uefa para ser treinador.
"Estou fazendo uma formação em futsal e sou preparador mental de atletas de alto nível. Sou auxiliar do time feminino sub-19 do PSG e diretor-esportivo de um clube de futsal, que tem o David Luiz como padrinho. Sou o treinador desse time que joga a segunda divisão nacional. Meu objetivo é ficar na França porque meus filhos estudam aqui. Não penso hoje em voltar ao Brasil", finalizou.