Finalistas do Campeonato Carioca pela quinta vez em seis anos — cada rival levou o título duas vezes —, Flamengo e Fluminense prometem fazer amanhã, às 21h30, mais um duelo tático muito equilibrado. Ao mesmo tempo antagônicas, as estratégias dos times se complementam de uma forma com que cada um possa ficar à vontade dentro de campo para jogar no estilo que seus treinadores se sentem mais confortáveis. Resta saber quem conseguirá, dentro das próprias características, sobressair em relação às ideias do outro.
Como tem feito ao longo de toda a competição, o Flamengo deve priorizar a posse de bola para tentar, a partir de suas diversas formas de construir jogadas ofensivas, envolver o Fluminense. O time do técnico Filipe Luís tem duas formas principais de tentar atacar o adversário: através de uma espécie de “armadilha” perto da própria área, com toques que começam com o goleiro Rossi e a dupla de zaga e chegam até os meias, que fazem a ligação com os atacantes de forma veloz e vertical; ou por meio da bola longa para ser “raspada” na altura do meio-campo para que os homens da frente saiam em velocidade em direção ao gol.
No mês passado, porém, quando as equipes empataram em 0 a 0 pela Taça Guanabara, os comandados de Mano Menezes se mostraram bem preparados para ambas as jogadas.
— Esse foi um jogo em que a saída de bola do Flamengo funcionou pouco. Foi a partida em que o time menos criou e dominou o adversário, porque o Fluminense marcou muito bem. Martinelli e Canobbio, que anulou o Wesley, foram muito bem. O Flu balançava para acompanhar as subidas do Fla. Um ponta acompanhava o lateral, e o outro descia para compor o meio com pelo menos três caras, junto a Martinelli e Hércules — explica o analista de desempenho Bruno Pet.
Bruno Henrique fora
Ainda de acordo com Pet, a estratégia montada por Mano Menezes e que contou com a boa participação da dupla de zaga do Fluminense também fez com que as jogadas pelo alto não funcionassem:
— A linha de defesa do Fluminense estava muito atenta para isso. O Ignácio, zagueiro, praticamente anulou o Bruno Henrique. Ganhou todas dele.
Amanhã, o enfrentamento de Ignácio, provável titular do Fluminense, não será com Bruno Henrique. O atacante sofreu uma lesão no músculo posterior da coxa direita no clássico contra o Vasco. Apesar do problema ter sido considerado “leve” pelo departamento médico rubro-negro, o camisa 27 não estará disponível para o técnico Filipe Luís e pode ficar fora, inclusive, também do segundo jogo, no fim de semana.
— Acho que o Filipe vai colocar o Luiz Araújo no time. A forma como o Fluminense conseguia dificultar essa tática do Flamengo de atrair o adversário para aproveitar o espaço nas costas da defesa era com uma preocupação de não tomar bola nas costas, mas que deixava um espaço grande entre os volantes e a linha de zaga. E o Luiz Araújo sabe circular bem nesse entrelinhas e gerar linha de passe. Caso o Fluminense mantenha a mesma estratégia para se defender, acredito que entre o Luiz com o Plata de centroavante — prevê Bruno Pet.
Flu está ‘mais inteiro’
No Fluminense, que poderá contar com nomes importantes como Thiago Silva, Jhon Arias, Germán Cano e Canobbio, o mais provável é que a estratégia que deu certo na Taça Guanabara seja mantida. O tricolor deve ter menos a bola para apostar na marcação forte e na transição ofensiva em velocidade.
Com nove jogos de invencibilidade (sete vitórias e dois empates), o tricolor chega para o confronto de amanhã mais inteiro e com maior consciência tática do que é exigido pelo técnico Mano Menezes.
— Se pegarmos o Fluminense dos últimos três ou quatro jogos, já foi possível ver um pouco mais o lado técnico dos reforços. Canobbio, Otávio... O time conseguiu agregar um pouco do jogo seguro do Mano, com jogadores com intensidade para marcar o campo todo, e com maior qualidade técnica. Acho que será um confronto equilibrado, (mas) o Fluminense vai precisar contar com um bom dia do Arias ou Cano para fazer a bola entrar — diz Felipe Barros, analista de dados.