Os últimos anos foram movimentados no CAD , antigo Clube Atlético Diadema e atual Clube Atlético Desportivo Ribeirão Pires . Em 2014, o Grêmio adquiriu 70% de Pedro Rocha, cria do clube da Grande São Paulo, e desde sua venda para o Spartak Moscou, em 2017, os clubes vivem um entrave na justiça.

O contrato tinha uma cláusula que dava ao clube paulista direitos sobre 30% do valor do atleta em uma possível negocição até o fim de 2015, ano em que o atacante foi promovido ao time principal de Felipão.

Ele foi vendido dois anos depois, e por isso o tricolor gaúcho não realizou nenhum repasse. Entretanto, o Diadema contestou a condição e provou que deveria receber o dinheiro ao apresentar os balancetes financeiros do Grêmio em 2015 e 2016, nos quais o clube declarou ser dono de 70% dos direitos de Pedro Rocha. Nessa segunda temporada, inclusive, o atacante foi fundamental na campanha do título da Copa do Brasil, com um gol nas quartas de final, contra o Palmeiras , e dois na grande final, contra o Atlético-MG .

Após idas e vindas no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, os paulistas começaram a receber o dinheiro. A venda do atacante aos russos foi por 12 milhões de euros (R$ 45,2 milhões, na época), e definiram que o clube formador deve receber R$ 10 milhões - 22% do valor do negócio (30% seriam R$ 13,5 milhões). Em 2020, Pedro Rocha, que ainda pertence ao Spartak, foi emprestado ao Flamengo .

A reportagem apurou que o processo foi homologado e tal montante está sendo pago em 30 parcelas de R$ 333,3 mil. A primeira parcela já foi depositada no dia 31 de janeiro de 2020, e a última está prevista para 30 de junho de 2022.

Nesse meio tempo, o CAD sofreu um ataque em sua sede administrativa, no Centro de Treinamento do Taperinha, viu um ônibus seu ser incendiado e, sem apoio local, saiu de Diadema e chegou em Ribeirão Pires, trocando seu nome para Clube Atlético Desportivo Ribeirão Pires - para ainda poder ser chamado de CAD.

Em 2018, o ex-presidente Jackson Carvalho, que é um dos sócios do clube, falou sobre o incêndio: “Infelizmente não temos o apoio para nos manter em Diadema. Queríamos muito ficar, pois nascemos aqui e nossas raízes são em Diadema. A questão é que não conseguimos falar com a Prefeitura sobre qualquer assunto e essa questão do incêndio do nosso ônibus foi a gota d’água."

A falta de conversa entre a Prefeitura e o clube começou no início do segundo mandato do prefeito Lauro Michels, em 2017. Como informou o Repórter Diário, o vereador e vice-presidente do Água Santa, Revelino Teixeira de Almeida, o Pretinho, disse que Lauro prometeu “acabar com o CAD” e assim manter uma parceria exclusiva com seu clube, também de Diadema, para os projetos sociais.

Em dezembro de 2019, bateram o martelo sobre a troca para Ribeirão Pires após reunião entre Jadir Antonio da Silva, presidente do CAD, e o vice-prefeito de Ribeirão Pires, Gabriel Roncon.

Agora, em conversa com a ESPN, o cartola revelou os planos do CAD, que receberá R$ 10 milhões e está preparando um novo começo em uma nova cidade.

"O dinheiro é para investir totalmente no futebol. A gente fez um acordo com a prefeitura de Ribeirão Pires, pegamos um espaço por 25 anos, o Estádio Municipal, e estamos reformando. A gente espera investir R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão nele."

Além do estádio, o outro grande investimento inicial será um alojamento e um centro de treinamento de primeira linha:

"A gente também vai fazer um centro de treinamento de excelência em Ribeirão Pires, que já está em obras. Nosso forte sempre foi trabalhar com a base, e a gente vai continuar assim."

Em 2020, o CAD cedeu seus jogadores das categorias de base para o São Bernardo e jogou a Copa São Paulo de Futebol Jr. com a camisa do Tigre. Eliminados na terceira fase da competição, a campanha teve um grande ponto positivo: Sandrinho, vice artilheiro da Copinha, com 7 gols em apenas 4 jogos.

Segundo fontes próximas ao clube, o garoto está sendo negociado com o Flamengo e também recebeu uma proposta do exterior.

Pensando na Copinha do próximo ano, o presidente já ressalta que Ribeirão Pires possivelmente será uma sede da competição, e assim o time jogará em casa.

Entretanto, com essa injeção de dinheiro, o futuro do CAD também pode ser no profissional, conta Jadir:

"A gente trabalha muito na base, nosso interesse nunca foi disputar a primeira divisão. Agora, com a entrada desse recurso e com novas possibilidades, a gente almeja subir de divisão, chegar no mínimo na A2. Ano que vem a gente começa nossa saga de subir de divisão."

Por ainda estar sem estádio, o clube só inicia sua jornada em 2021, quando disputará a famosa "bêzinha", a quarta divisão do estado de São Paulo.

Ao falar sobre a mudança de cidade, o presidente olha com bons olhos para o futuro do clube:

"Já existia uma proximidade com o pessoal de Ribeirão Pires. A gente recebeu vários convites para mudar de cidade, porque em Diadema teve um problema político que nem vale a pena falar sobre. Aí tivemos uma proposta bem melhor de lá, as pessoas gostam de futebol, querem investir no futebol, tem algumas parceirias interessantes. Então fomos e começamos a investir."