Nesta quarta-feira, Filipe Luís fez sua estreia com vitória em seu primeiro jogo como técnico de um time profissional. O Flamengo venceu por 1 a 0 o Corinthians, no Maracanã, pelo jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. Depois de encerrar a carreira nos campos ao fim de 2023, ele passou pelo sub-17 e pelo sub-20 do clube antes de receber a chance de assumir o cargo no lugar de Tite. O resultado garantiu aplausos ao novo treinador.
- Sensação maravilhosa. O que senti no banco de reservas, vi meus companheiros correndo por mim. Eu me senti muito orgulhoso. Sou um privilegiado. Não falo da boca para fora: quando a torcida quer ganhar o jogo, ela ganha sozinha. Então, o apoio que teve hoje refletiu nos jogadores. Fico muito feliz de ter conseguido trazer essa energia. A comunhão com a torcida tem que crescer cada vez mais. E só vai conseguir se dentro do campo a gente corresponder à expectativa deles - disse Filipe Luís.
- Tinha um planejamento, um objetivo muito claro no pós carreira. Eu me preparei por muitos anos, e estou aqui. Antes ou depois, ia acontecer. Uma hora, eu sabia que ia acontecer. Tentei me preparar o mais rapidamente possível para poder viver desse lado, do lado do treinador. Não é fácil, hoje eu estou falando com vocês depois de uma vitória, que é mais fácil, mas vão existir dias em que eu vou estar falando aqui após uma derrota, que vai doer, mas é a profissão que eu escolhi, sou muito apaixonado pelo o que eu faço. Não importa ficar noites sem dormir para poder estudar e deixar tudo preparado para os jogadores. Eu não tenho dúvidas que fazendo as coisas com paixão a gente está no caminho certo - comentou o treinador.
Uma das mudanças imediatas de Filipe Luís foi a escalação de Gabigol como titular. O atacante havia iniciado o jogo domingo ainda sob o comando de Tite, mas em uma circunstância na qual o antigo treinador havia decidido poupar uma série de jogadores.
- Gabriel é um jogador histórico, ídolo histórico. E eu mais do que ninguém sei o que ele pode dar para equipe, nos oferecer. Um jogador não melhora da noite para o dia. Ele precisa de minutos, de sequência, de um certo carinho, de um cuidado, mas não só o Gabriel. Podemos falar aqui de inúmeros jogadores que com um treinador podem ter mais ou menos minutos e isso é natural no futebol. Gabriel foi uma escolha minha, técnica, sei o que pode me oferecer. Imaginei como o adversário viria jogar, como poderíamos atacá-los e o plano de jogo foi em cima dele como número 9 e o Bruno Henrique mais aberto. Acredito que tenha feito um bom jogo, com certeza, tem muito a evoluir, fisicamente, de confiança mesmo. A hora em que a primeira entrar, ele volta a ser o Gabriel mentalmente, e fisicamente ele vai precisar de mais tempo. Talvez, vá sentir no próximo jogo, porque não é fácil depois de tanto sem jogar ter uma sequência, mas vou tratar dele e de todos com muito carinho - disse Filipe Luís.
Na véspera de sua estreia, o agora treinador do Flamengo ainda recebeu um telefone especial antes de dormir. Zico deu um telefonema para desejar boa sorte.
- Ontem à noite, eu estava indo para a cama e aí eu vejo meu celular: Arthur Coimbra. É interessante. É muito bom. Ter o Zico como amigo nunca me parece normal. É um privilégio muito grande. Ele me ligou, me desejou sorte, me deu alguns conselhos, me contou um pouco da história dele como treinador. Ainda não consigo ficar normal do lado do Zico, do Júnior e, principalmente, do Athirson. Não consigo ficar do lado dele direito, porque são grandes, são ídolos, mas estou me acostumando. E o Zico é tão próximo e tão humilde, que fica mais fácil. Mas, para mim, é único ter o Zico como amigo - contou Filipe Luís.
O jogo de volta será no dia 20 de outubro, na Neo Quimica Arena. O Flamengo vai entrar em campo com a vantagem do empate. Em caso de derrota por um gol de diferença para o Corinthians, a disputa da vaga na final da Copa do Brasil será nas cobranças de pênalti.
O próximo jogo do Flamengo será sábado, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Bahia, em Salvador. O time está na quarta colocação da competição, na zona de classificação para a Conmebol Libertadores de 2025, com 48 pontos em 27 jogos disputados.
Diferença de jogador para treinador
"Como jogador, eu estava com um receio porque vinha de lesão. eu lembro que na Bahia eu ficava olhando para camiseta que era cinza com o escudo e para as placas do Campeonato Brasileiro e falava "caramba, são quase 17, 18 anos depois e eu estou voltando a jogar o Campeonato Brasileiro". Eu estava jogando pensando nisso, mas estava pensando em jogar bem, de tentar fazer um jogo perfeito. Não foi aquelas coisas, mas como treinador é 100% diferente, completamente diferente, não tem nada a ver. O que eu vivi, nesses últimos dois, três dias, foi muito intenso, muitas horas de preparação para tentar ajustar as coisas para o jogo, mas ficar no banco de reservas já não é uma novidade para mim. Eu já tinha vivido isso com o sub-20 e algumas vezes antes. O que me impressionou foi ver meus companheiros correndo e fazendo o que eu falava. Antes, eu estava dentro do campo jogando com eles e agora eu falava para ajustar as posições e eles me obedeciam, e isso foi o que mais me emocionou".
Falta de pontaria
"Dezenove finalizações são muitas finalizações. O que fazer para ajustar a mira? Tendo chances, a bola vai entrar. Meu dever é fazer com que, quando meus laterais chegarem no fundo, tenham três jogadores na área. Cada vez que o Arrascaeta pegar a bola, tenham dois jogadores dando espaço. Vamos fazer gol sempre? Com certeza, não. Existem dias melhores, dias piores, dias em que se vai golear, dias em que a bola não vai entrar, existia um grande goleiro no gol, que foi meu companheiro também. Eu vi um time que criou muitas chances, que conseguiu finalizar, incomodou o adversário em todo momento e fiquei feliz porque é questão de tempo para a bola entrar porque a qualidade é extraordinária."
Estratégia
"A pressão pós perda que estava antes de eu chegar já estava muito forte, sempre foi. Esse time tem um perde e pressiona muito forte. herança do trabalho do Tite. As linhas altas eram um ajuste que já existia, mas quero fazer os ajustes necessários para poder fazer do meu jeito. Mas é um time que já sabe fazer, já jogou desse jeito, com a linha alta, porque a única forma de pressionar é pressionar todos juntos."
Gol do Alex Sandro
"Eu pensei "poxa, demorei tanto para fazer meu primeiro gol e ele já fez o primeiro aqui." É um jogador extraordinário. Já jogou em time grande, já jogou Copa do Mundo, jogou na Seleção. Dispensa apresentações. Pode ser que em algum momento ele seja questionado. Mas ele faz o time ser mais completo. Dito isso, foi muito difícil escolher entre ele e o Ayrton, porque eu adoro o Ayrton. É um cara que eu vi crescer, que me botou no banco (risos) e que vai ter seus minutos. O Alex já tem a idade que eu tinha quando cheguei aqui, não vai conseguir jogar todos os jogos, e eu preciso do Ayrton, é um jogador que tem muita margem de evolução. Já chegou na Seleção e queremos que ele se mantenha lá. Tenho três laterais que é só fechar o olho e escolher um".
Léo Ortiz x Fabricio Bruno
"Fabricio e Léo são dois jogadores fantásticos, super seguros. Foi uma opção tática. Opção segundo nosso plano de jogo, que eu tinha estudado o Corinthians, e no jogo de hoje o Léo Ortiz se encaixava melhor. Outro jogo vai ser o Fabricio, e em outro o David. Faço as mudanças de acordo com o jogo. O Fabrício é incrível, sei o quanto é difícil ficar fora, e não tenho duvidas de que ele é importantíssimo para mim e vai ser até o final".
Pulgar
"O Erick (Pulgar) é um ex-companheiro meu. Um jogador que eu conheço perfeitamente, sei como ele estava quando chegou aqui. O Dorival adorava ele, mas não conseguiu colocar ele no time. Me arrisco a dizer que foi um dos três melhores da temporada, em um ano super difícil. E todos os jogadores da história passam por altos e baixos. Todos. E o Erick pode ter tido um momento mais difícil. Eu acho ele um cara mais posicional, que entende a posição, um volante que monitora bem, que sabe perfilar e para o meu jogo é um cara fundamental. Hoje, fez um baita jogo, dei parabéns para ele. Para mim, os jogadores mais importantes do time são os dois volantes. Porque são o coração do time, já falei pra eles, e ele cumpre bem. Fica na posição, ele mantém, ele cuida da defesa, ele compacta bem o time para a frente. É um cara que eu vou ter muito cuidado. Difícil falar que é titular, porque tem outros jogadores que podem ser titulares, mas com o jogo que ele fez hoje, fico feliz de ter recuperado a confiança dele"
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