Sob o comando de Filipe Luís, o Flamengo venceu o Botafogo-PB por 1 a 0 nesta quinta-feira (1º), em São Luís, no Maranhão, no duelo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. A equipe demonstrou domínio da posse de bola e criou inúmeras oportunidades — foram 24 finalizações — mas pecou na pontaria ao longo da partida.
- Fizemos um jogo com muito volume, muita posse, criamos muitas chances e faltou colocar a bola na rede. Hoje foi um daqueles dias em que o brilho na frente do goleiro estava apagado, mas é continuar trabalhando e insistindo para evoluir neste aspecto. Os jogadores se cobram muito e ficam doloridos quando perdem oportunidades de fazer o que é mais bonito no futebol. Quando eles não fazem gols, eu sei que ficam sentidos. Todos do ataque tiveram chances e, no final, só quem fez foi o menino da base. O campo é sem condições, mas prefiro olhar para onde eu controlo, que é minha equipe. Agora é pensar para a frente - analisou Filipe Luís.
O único gol da noite saiu aos 39 minutos do segundo tempo, marcado pelo jovem Joshua, meia formado nas categorias de base do clube e que fazia sua estreia entre os profissionais. Conhecido de Filipe Luís desde os tempos da base, o garoto correspondeu à confiança do técnico com um gol decisivo.
- O Joshua foi meu camisa 10 no sub-17, me emocionei muito quando ele fez o gol. Acho que para um treinador, poucas coisas que você vai fazer vão te deixar tão realizado como colocar o menino de 17 anos, que foi o seu jogador na base, e ele quase praticamente no segundo toque na bola fazer o gol. O que eu vivi hoje com ele me deixou muito emocionado, realmente muito emocionado. Menino muito especial. O primeiro título da minha carreira como treinador, ele participou, foi uma peça muito importante na equipe. Eu fazia muitos movimentos específicos para ele, para que a equipe girasse em torno dele - destacou Filipe, referindo-se à Copa Rio Sub-17, conquistada no ano passado, e acrescentando:
- Eu sei o talento que ele tem, é um meia que joga na mesma posição do Arrascaeta. Tem um talento que tem muita força. Frieza na área. É um cara que decide muito bem, as tomadas de decisões dele sempre são muito assertivas na área, e é um jogador que perde pouco a bola, tem uma visão de jogo muito boa. Então, além do carinho que eu tenho por ele, porque é um menino que você vê o brilho, a energia que ele entra, é positivo sempre, e os jogadores adoram ele. Encaixa muito bem no grupo e eu sinto como se tivéssemos contratado um jogador nesse momento, ganhar um menino de 17 anos que entra sem medo desse jeito, muito especial para mim.
A chegada da delegação a São Luís ocorreu na madrugada de quinta, com grande recepção da torcida no aeroporto e no hotel. Por questões de segurança, os atletas demoraram a deixar o terminal, mas não deixaram de retribuir o carinho dos torcedores. O técnico elogiou a mobilização da torcida, apesar de fazer ressalvas sobre os desafios logísticos enfrentados.
- Uma festa linda, linda, linda, da torcida aqui. Se eu não me engano, foi a primeira vez que eu vim aqui. E tem muito flamenguista, né? O que me deixou triste foi a nossa logística, que foi um desastre. Chegamos tarde, depois da falta de organização com essa parte dos torcedores. Nos levou quase uma hora para a gente chegar no nosso quarto, então isso foi um quesito que nós temos que melhorar, nós não podemos deixar isso acontecer. Mas, por outro lado, ver essa festa linda que o torcedor tem feito para a gente e recebido a gente aonde a gente vai, quer dizer que eles estão fechados e encantados com o nível de atuação dos jogadores, eles se sentem representados pelos jogadores e lotam o estádio. Isso é o que me deixa feliz, o que me representa como treinador e me deixa muito orgulhoso de que exista essa comunhão com o torcedor e a nossa equipe.
O jogo de volta será disputado no Maracanã, às 21h30 do dia 21 de maio. Antes disso, o Rubro-Negro tem compromisso pelo Campeonato Brasileiro: enfrenta o Cruzeiro neste domingo (4), às 18h30, em Belo Horizonte.
Confira outras respostas de Filipe Luís:
Pontos positivos
- Hoje temos inúmeras coisas positivas do jogo. Estreia como titular do João Victor, não sentiu o jogo. Minutos para jogadores que não vinham jogando. Atuação sólida. Faltou atacar mais espaço, era onde a gente podia criar perigo, contra um time muito fechado. Os espaços que deixavam eram mais pela lateral, tivemos boas combinações e controle das transições. A fase defensiva foi muito sólida. Tem coisas para corrigir, mas ver os jogadores atuando nesse nível, com controle de bola, relação entre eles nesse gramado, é porque o nível é muito alto.
Expectativa sobre contratação de Jorginho
- Não sabia dessa notícia. Falo com o Boto todos os dias e não me falou disso. Jorginho é jogador do Arsenal. Não posso falar sobre jogadores que não são do Flamengo. Grande jogador, grande respeito por ele. Bom que o Flamengo esteja olhando para este tipo de jogador de alto nível para poder melhorar ainda mais o nosso elenco. Mas no momento não sei, não.
Michael
- O Micha, realmente, na frente do gol, no último momento está pecando um pouco. Entra um pouco o brilho. Jogadores de frente passam por essas fases mais ou menos goleadoras. Eles te dão essa sensação de perigo quando chegam. O Michael está fazendo tudo certo para a equipe. Pressiona, ataca o espaço, um contra um, se associa muito bem com os companheiros, só que no último momento ele está pecando. Mas ele é o cara que mais fica no treino depois que acaba, para fazer complemento, finalização, o ajuste. É recuperar o brilho. Porque ele é um jogador muito importante para mim e para a equipe. Foi titular, ano passado foi titular comigo na parte final da Copa do Brasil. E está voltando de lesão, e todo jogador que volta está se encontrando. Acredito que a atuação dele no último terço, a torcida pegou no pé, acredito que afeta um pouco. Mas estou aqui para não desistir de nenhum jogador. Não vou desistir de nenhum deles, para poder recuperar a melhor versão dele e o brilho.
Wallace Yan e Guilherme
- O Wallace é um jogador que eu tenho muito carinho, o Guilherme também. Adoro esses meninos, todos eles que trabalharam comigo, tenho um carinho muito especial por eles. Quando faço uma relação para o jogo, penso no jogador que vai jogar e uma possível troca. Hoje eu estava coberto nessa posição, nesse momento, com a volta do Pedro, com o Juninho, com o Bruno e o Plata, eu estou coberto nessa posição. Eu nesse momento vejo eles na frente do Wallace. Ele precisa fazer o que vinha fazendo, que é se destacar no sub-20. E eu sei posso contar com ele, é um jogador que tem características de 9 que eu gosto. Aliás, tem a relação comigo que é muito boa.
- O Guilherme passa por processo parecido com o do Wallace. Hoje optei pelo Joshua, ele vem completando viagens, encaixou no grupo e vem se destacando nos treinos. E o Joshua vem falando dentro do campo. Deu a segurança de poder colocar ele no campo, e ele acabou rendendo. É uma concorrência muito grande que eles têm. Pelo craque, estrela, ídolo que é o Arrascaeta, mas que eles possam se espelhar.
Análise do Botafogo-PB
- Na análise que fiz do Botafogo da Paraíba imaginei um jogo difícil pelo gramado, mas reconhecendo nossa superioridade técnica. Por mais que tenha um time qualificado, com ideias claras e bem treinado, principalmente na fase defensiva, me demonstrava que teríamos dificuldade de entrar por dentro. Claro que, com o campo, a circulação de bola fica mais lenta. Mas não posso deixar de dizer que na análise que fiz, senti que éramos bem superiores. Não sei o nível da Série C, mas uma equipe tão bem trabalhada na parte defensiva pode, sim, jogar pelo acesso. No Carioca, por exemplo, enfrentamos equipes (de séries acima), o Volta Redonda joga a Série B, e essa equipe tem um nível técnico e tático bem parecido ou superior que essas equipes.