"Espelho, espelho meu, existe técnico que foi mais longe do que eu"? Se a vida fosse um conto de fadas e o endeusado Jorge Jesus indagasse isso a seu reflexo no Flamengo , ouviria um nome como resposta: Paulo Cesar Carpegiani. Embora o Mister português seja considerados por muitos o melhor treinador do clube pelo ano mágico de 2019, até hoje o comandante de 1981 é o único a conseguir conquistar um título mundial no Rubro-Negro. Coincidentemente, o próximo que terá a chance de repetir esse feito é alguém que vive uma trajetória muito parecida até então: Filipe Luís.
Filipe Luís e Carpegiani têm início parecido no Flamengo — Foto: Info Esporte
Tanto Carpegiani quanto Filipe Luís viraram treinadores assim que penduraram as chuteiras no Flamengo. A diferença é que o ex-lateral foi até 38 anos e trabalhou alguns meses nas categorias de base antes de assumir o profissional. Já o antigo meio-campista parou mais cedo, quando tinha só 32. O motivo da aposentadoria precoce?
— Se quisesse, ainda poderia jogar mais um tempo. O problema, porém, é que já acho que poderei ser mais útil em outras funções. Por que, então, continuar impedindo a ascensão de um jovem? — explicou em entrevista ao jornal O Globo na década de 80.
As semelhanças não param por aí. Os dois assumiram o cargo após a demissão de um treinador consagrado: Filipe Luís herdou o lugar de Tite, enquanto Carpegiani, o de Dino Sani (na época Nelsinho chegou a receber uma proposta para trocar o Fluminense pelo Flamengo, mas ele acabou aceitando uma oferta irrecusável do Catar e abriu espaço para a efetivação do ex-companheiro).
— É lógico que gostaria de dirigir o Flamengo. Começar a carreira de treinador justamente aqui, com o mesmo grupo que integrei até bem pouco tempo atrás, como jogador, seria fantástico. E não me mete medo iniciar logo em um clube da grandeza do Flamengo. Sou ambicioso e tenho plena confiança na minha capacidade de trabalho — declarou Carpegiani na época, enquanto o clube aguardava a resposta de Nelsinho.
Jornal O Globo noticia quando Carpegiani virou técnico — Foto: Reprodução / O Globo
Filipe Luís ainda não tem nem um ano de técnico profissional e já precisou lidar com alguns problemas internos envolvendo jogadores, como foi com Gabigol no ano passado e tem sido essa temporada com Gerson. Nos anos 80, Carpegiani teve que lidar no início com um clima ruim entre Adílio e Mozer e insatisfações de Cantarelli e Tita. O técnico foi crucial para o atacante não sair para a Portuguesa e foi também quem resgatou o futebol de Lico, que viria a se tornar titular absoluto:
— Antigamente não tinha nem esperanças de jogar, agora com o Paulo (Carpegiani) a situação é diferente. Sei que se treinar e jogar bem terei minhas oportunidades. Ele confia em mim e eu confio nele. O resultado está aí... — declarou Lico ao jornal O Globo na ocasião.
Está bom de coincidências ou querem mais? Os dois tiveram como primeiro título no profissional duas conquistas de peso: Filipe Luís ganhou a Copa do Brasil de 2024, e Carpegiani faturou a Libertadores de 1981. Depois, ambos também conquistam o Campeonato Carioca. Lembram da declaração do atual treinador, elogiando o elenco e dizendo que "o seu time é uma máquina" depois de uma vitória? Vai dizer que não o tom de confiança não é parecido ao da fala abaixo dos anos 80:
— Este é o time que sempre sonhei ver jogando. Estamos, realmente, praticado um futebol de sonho.
Jornal O Globo noticia a efetivação de Carpegiani no Flamengo — Foto: Reprodução / O Globo
Porém, a semelhança também há pelo lado negativo. As críticas que Filipe Luís sofreu depois de quase ter sido eliminado da Libertadores pelo Deportivo Táchira, Carpegiani também vivenciou. Na época, chegou a ser vaiado no Maracanã contra o Olimpia após mexer mal na equipe: tirou Baroninho, colocou Carlos Alberto improvisado na lateral esquerda (ele joga pela direita) e adiantou Junior para a ponta. Não deu certo.
O ponto fora da curva do início de um para o do outro é justamente o título mundial. O time de Carpegiani passou por cima do Liverpool no Intercontinental de 1981 em Tóquio, no Japão. Já Filipe Luís estreia nesta segunda-feira como técnico na Copa do Mundo de Clubes da Fifa. O adversário será o Espérance, da Tunísia, às 22h (de Brasília), no estádio Lincoln Financial Field, na Filadélfia.
O formato de Copa do Mundo de seleções deixa o novo campeonato mundial muito mais difícil de ser conquistado porque aumentou o número de jogos de dois para sete. Mas Filipe Luís prefere evitar comparação e focar na sua própria história:
— Claro, todos sabemos a história do Carpegiani, que foi um treinador campeão mundial que liderou seus companheiros nessa conquista até o momento única para esse clube gigante. Mas eu não me comparo com ninguém, procuro desde quando cheguei ao Flamengo, em 2019, escrever a minha própria história. Sempre colocando o escudo do Flamengo acima de tudo, com esse lema de que ninguém é mais importante do que a equipe e o clube. E com isso convivi muito bem todos esses anos como jogador e agora como treinador.
— Podendo liderar a maioria desses jogadores que foram meus companheiros numa competição mundial e representando o Flamengo. Então para mim é um motivo de orgulho e privilégio. E principalmente orgulho em ver os jogadores performando e acreditando tanto na ideia que é a minha forma, minha ideia de como eu penso o jogo, e eles executando perfeitamente. Então eu vejo um time com a minha característica dentro do campo. Com isso fico muito feliz e continuo atrás dessas conquistas pessoais e coletivas sempre para poder levar o escudo do Flamengo o mais alto.
Além do Espérance, completam o grupo do Flamengo nesta Copa do Mundo de Clubes o poderoso Chelsea, da Inglaterra, e o Los Angeles FC, dos Estados Unidos.
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