Uma vitória com nota artística. Foi assim que Filipe Luís descreveu o triunfo do Flamengo por 2 a 0, neste sábado, em clássico sobre o Vasco. Com gols de Bruno Henrique de pênalti e Everton Cebolinha, o Rubro-Negro garantiu a classificação à semifinal do Campeonato Carioca. Em entrevista coletiva, o técnico destacou o nível de confiança do time e a superioridade rubro-negra na maior parte do confronto.
- Foi um grande jogo, uma vitória com nota artística, como um técnico meu (Jorge Jesus) costumava dizer. Os jogadores estão com um nível de confiança altíssimo, estão muito bem. Meu time está muito bem. Temos que manter nesse nível de humildade, concentração, porque a temporada nem começou ainda. Foi um grande primeiro tempo, dominou em todas as fases, com e sem bola. Pressão alta, quando teve que baixar o bloco, todo mundo desceu - disse Filipe, acrescentando:
- No segundo tempo, é natural que (Carille) fizesse mudanças táticas que causaram certo incômodo nos jogadores, que perderam certas bolas que não estavam perdendo no primeiro tempo. Acabamos correndo um pouco atrás da bola. Quando recuperávamos, já verticalizávamos, o que nos fez perder um pouco o controle. Depois das trocas, principalmente as entradas do Allan e do Léo (Ortiz), o time voltou a ter o controle e a calma para construir as jogadas. A partir daí, foi um domínio absoluto até o fim.
Filipe Luís passa instruções durante Flamengo x Vasco — Foto: André Durão
O clássico também teve um princípio de confusão na reta final, quando jogadores do Vasco se queixaram de um possível desrespeito de Wesley - que deu um passe para um lado com o rosto virado para outro.
O técnico do Flamengo apontou um erro na conduta do lateral rubro-negro, mas atribuiu o comportamento à juventude. Em entrevista na saída de campo, Wesley ironizou a postura de Philippe Coutinho, dizendo que o vascaíno estava "bravo porque perdeu".
- O jogo foi limpo, no minuto 95 aconteceu essa jogada que o Wesley pediu desculpa. Ele sabe que ele está errado. Eu adoro jovens, gosto que sejam abusados, que vão para cima, mas que não desrespeitem. Isso é normal, eu já fiz muito isso. Já estive na pele dele, a gente aprende. Normalmente são os jovens, eles vão passar por isso e vai dar confusão porque são clássicos. O jogo foi limpo, totalmente respeitoso, não posso dizer o mesmo do (clássico contra o) Botafogo. Respeito máximo pelos jogadores do Vasco. Vencemos na bola, o jogo foi todo na bola.
Com a vaga garantida, o Flamengo volta a campo no próximo sábado, às 16h30. O Rubro-Negro recebe o Maricá no Maracanã pela 11ª rodada do Campeonato Carioca.
- Quando você vai para o intervalo não tendo que falar nada, eram detalhes mínimos, sabendo que o treinador adversário vai mudar, eu não consigo avisar aos jogadores o que vai acontecer. A bola na trave veio num erro. São coisas naturais, ninguém domina os 90 minutos. O time dominou boa parte, estamos num clássico, o adversário joga. Coutinho e Vegetti são jogadores de alto nível. Eles tiveram o controle em alguns momentos, mas soubemos segurar.
- O Arrascaeta é único. É diferente, escolheu estar aqui no seu auge. Ele está no auge. Sempre penso o time com o que tenho disponível. E se ele não estiver eu vou me adaptar. Se o Arrascaeta não está, tem outros que podem fazer a função. O Plata foi bem, o Gerson faz, o Luiz Araújo faz, o Matheus Gonçalvez faz, o Nico (De La Cruz) faz. Michael já fez, Bruno Henrique já fez. Tenho vários coringas no elenco.
- Momento esplêndido. Tem ajustes a melhorar, ele mesmo pede isso. Melhorou muito algumas coisas. O terço final ele faz bem, algumas coisas não consegue. Essa frieza na área é algo que eu nunca tive em 20 anos de carreira. Eu sempre acreditei porque sempre me falaram em como os atacantes iriam estar na área. Eu falo isso para o Wesley, ele faz tudo. Está naquele momento que tudo dá certo, a confiança está lá em cima e temos que manter.
- O elenco do Flamengo é incrível, acredito que é o melhor da América. Altamente qualificado completo. Poder colocar o Cebolinha no segundo tempo é uma maravilhoso. Estou extremamente feliz de comandar esse elenco.
Bruno Henrique em Flamengo x Vasco — Foto: André Durão
- Quando começou o segundo tempo eu vi como e por que eles estavam saindo da pressão. Eu já tinha combinado de Varela e Arrascaeta não jogarem mais que 60 minutos. O Arrascaeta ganha forma jogando mais minutos. Combinamos para dar ritmo. Alguns jogadores não estavam chegando certo, estávamos caindo na pressão. O jogo começou a ficar de ida e volta e começou a cansar os atletas. Foi rápida a leitura, mas já estava pensado. Os jogadores que entraram nos deram controle de jogo, chances de gol.
- O time titular é feito durante a semana dependendo do que os jogadores falam para mim no campo. Não posso decidir o time titular de daqui a duas semanas. Os clássicos, além de preparem fisicamente, têm um peso enorme. Todos foram pesados porque tem o componente emocional, fazem o jogador ir ao máximo. Três clássicos seguidos são muitos. Acredito que os jogadores já estão prontos. Para mim o principal é dosar para os atletas chagarem no Brasileirão prontos.
- Planejamos com duas semanas de adaptação, mas interrompemos para um jogo decisivo (Supercopa). Estou tentando dar minutos para todos os jogadores. No entendimento da preparação física alguns precisam de mais minutos. Não consegui dar sequência para o Cebolinha e Luiz Araújo, que vêm de lesões... Agora vem o jogo do Maricá, depois a semifinal, e vamos continuar usando todos os jogadores para chegar bem no Brasileirão. Não penso em um time titular. A temporada é longa. Temos alguns problemas por lesões, é natural que aconteça no futebol. Temos que saber respeitar os processos. Estou bem suprido com esse elenco. Depende muito também do plano de jogo, se eles correrem errado, tudo vai dar errado.
- Para brigar por titulo um time tem que dominar dois sistemas. Ano passado nós tínhamos dois sistemas. Nós temos quatro volantes, por uma questão natural é fundamental jogar com dois volantes, até pela minha visão e pelos laterais que temos. Essa foi minha primeira visão. Mas posso mudar em determinado momento pela versatilidade dos jogadores. Depende muito do adversário. Nós analisamos e estudamos, mas acredito que o time está encaixado desta forma. O De La Cruz eu vejo como volante, mas com caraterísticas diferentes. O Evertton foi criticado contra o Fluminense, por exemplo, mas ele fez tudo o que eu pedi.
Wesley em Flamengo x Vasco, pelo Carioca — Foto: Gilvan de Souza/CRF
- Ainda não tem nada definido. A contratação do Danilo é um acerto muito grande por parte do Boto. Um jogador desse calibre, titular da seleção brasileira e da Juventus, deixando muito dinheiro para trás, é importante para o futebol brasileiro e para o Flamengo . A concorrência entre eles vai elevar o nível. Alguns vão ficar bravos comigo, mas acredito que o campo fala. Se os três estivem insubstituíveis eu vou ter que jogar com os três. Mas com tantos jogos, todos vão jogar.
- Eternamente agradecido ao Alcaraz. Fomos campeões juntos, ele foi muito importante ano passado. Em alguns momentos ele não estava bem e sabe disso. Mas é normal, em alguns lugares, com alguns treinadores, não funciona bem, mas em outros dá certo. Só posso desejar que vá muito bem e vá para a seleção argentina porque merece.
- Não parei pra pensar nisso, mas o campeonato estadul tem um charme. Tem coisa que acontecem nos estaduais que não acontecem em nenhuma outra competição no mundo. Estadual, nos times grandes, serve para derrubar o treinador se você não ganha. Se ganha, não acontece absolutamente nada. Por sorte, a diretoria entende que o Carioca serve como preparação. Queremos ganhar, mas como falamos, vamos tentar não tentar hipotecar a temporada toda em função disso. A torcida gosta de ganhar o Carioca.
- Vamos tentar ganhar sem fazer nenhuma loucura, sabendo que os principais objetivos são o Brasileiro, a Libertadores, a Copa do Brasil. E o Mundial, no meio do ano. Que não estejam os times grandes dá mais mérito pro Flamengo , que tá revezando todo mundo e tá classificado. Não é fácil ganhar, que todos os jogadores joguem com times novos, diferentes, e todos entendam o que têm que fazer. Eles têm uma ambição, a gente vê. Estão correndo, lutando, dando tudo que tem... No Campeonato Carioca. Não é que a gente não leve a sério, temos muito mérito. Os outros times simplesmente não fizeram a mesma campanha.
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