Filipe Luís lamenta derrota do Flamengo e mira o Corinthians: "Limpar a cabeça para um jogo vital"

Depois de dois bons jogos, Filipe Luís conheceu sua primeira derrota à frente do Flamengo numa jornada em que time e treinador estiveram abaixo do esperado. Com gols marcados no segundo tempo, o Fluminense venceu o clássico no Maracanã por 2 a 0. Filipe assumiu a responsabilidade pelo resultado e afirmou que suas escolhas não deram certo.

- Sempre é ruim perder, obviamente eu sabia que viria à coletiva com resultado negativo. Triste que tenha sido num clássico e às vésperas da semifinal da Copa do Brasil. Duro, mas o futebol te brinda com oportunidades a cada semana para se superar recuperar e recuperar a confiança. Temos que limpar a cabeça o antes possível para preparar bem esse jogo de domingo, que é vital - afirmou.

Flamengo x Fluminense - Filipe Luís — Foto: André Durão

Filipe gostou do primeiro tempo do Flamengo , mas viu uma perda de força no segundo. O treinador também lamentou os muitos erros técnicos apresentados pela equipe durante os 90 minutos.

- No primeiro tempo, a gente controlou bem o jogo, sofremos alguns contra-ataques. Não foi o nosso melhor dia tecnicamente. A bola escapou muito do nosso pé, erramos alguns domínios. Jogadores que talvez não estavam tão sincronizados entre eles no meio, e demos alguns contra-ataques.

- Fizemos um bom primeiro tempo, com bastante chance de gol. E no segundo tempo, a partir do momento que começamos a sofrer e depois das perdas de bola, perdemos um pouco a força no meio-campo, porque era um jogo de bastante transição, ida e volta, e acabamos sofrendo o gol. Depois do gol, o Fluminense sabe muito bem se defender, e ficou cada vez mais difícil de fazer gols. Mesmo assim, criamos chances e não conseguimos fazer.

Impedimentos de Gabigol

- Primeiramente, o que mais peço para o Gabi é o posicionamento dele, que ele se posicione de um jeito onde seja produtivo, que ele possa conseguir atacar bem os espaços, que é o que ele faz de melhor. Obviamente, que cair no impedimento é uma leitura, um timing que às vezes ele não está tendo. Mas, para mim, menos pior é às vezes ele ficar impedido do que vir buscar a bola no pé como vi ele fazer em anos anteriores. Que ele saia esporadicamente, ok, mas o mais importante é que ele guarde a posição dele, que ele entenda os movimentos que ele tem que fazer. E, obviamente, um cara que estava há bastante tempo sem jogar, esse timing não está nas melhores condições, mas a tendência é que melhore.

Jogo com o Corinthians

- Sobre o jogo de domingo, sinceramente nem olhei o Corinthians ainda. Na semana passada, fiquei olhando o nosso time e nessa semana comecei a preparar o Fluminense. A partir de amanhã (sexta) vou começar a estudar o Corinthians, ver que possíveis mudanças de sistema eles podem apresentar. Hoje (quinta) é digerir a derrota, dói. Dói muito mais desse lado do que como jogador. É digerir isso para poder levantar e preparar bem esse jogo de domingo. Mas não posso adiantar nada porque não estudei o Corinthians ainda.

Psicologia

- Primeiro, eu gosto que eles se rebelem, que eles sintam a derrota. Eu gosto que isso tem que doer, tem que frustrar mesmo. Perder não é bom. Eu me preocuparia se eu visse agora o vestiário rindo. E não vi. Eu vi um vestiário machucado. E eu falei, sou o que mais está com o coração doendo sobre essa derrota, mas, para retomar confiança, o modelo de jogo claro, eles têm que ter claro na cabeça deles o que vão fazer durante o jogo, o que eles têm que fazer no campo durante o jogo. Se o resultado, e o bom jogo vierem, a confiança volta rapidamente. Então, é uma questão de chegar no jogo de domingo da melhor forma para poder vencer.

Linha defensiva alta

- É desafiador, mas para se pressionar é fundamental. E eu assumo a responsabilidade do que aconteceu hoje. Não tivemos o nosso melhor dia na questão de linha, de sincronia de linha. Sabia que não ia ser fácil, sabia que eles fazem isso, que eles usam muito a atração para jogar na longa. No primeiro tempo, a gente controlou bem esse risco. No segundo tempo, eles acabaram aproveitando algumas falhas nas coberturas, mas normal.

- Como falei nas outras entrevistas, eu sabia que isso poderia acontecer em algum momento, mas o que realmente me preocuparia seria se o time não criasse, sabe, as chances de gol. E o time está criando, criando, criando. Quando você não consegue ser determinante na área, nas áreas, nas duas, isso pesa. E hoje o Fluminense foi determinante nas áreas. Nós, não. E só nos resta trabalhar para tentar melhorar esse lado, mas repito o que você falou, essa linha alta durante a temporada eles sabem fazer, só que hoje não foi o nosso melhor dia.

Alcaraz mal

- Eu não consigo entrar na cabeça dele, mas é um jogador superinteressante, um cara que é portento físico, joga em várias posições. Domina bem o meio-campo e, claro, quer demonstrar. Ele tem essa ambição de querer as coisas. Muitas vezes demora o processo. Vou dar todo o suporte para ele se desenvolver e conseguir a confiança necessária para desempenhar. O resultado não ajudou. Acredito se a bola tivesse entrada, ele conseguiria se soltar um pouco mais, mas ele está com esse peso de querer fazer o time ganhar. Totalmente normal num jogador tão novo, tão jovem, mas que tem um futuro brilhante pela frente.

Léo Ortiz como volante

- Como falei na entrevista que a gente venceu, nós temos zagueiros de seleção brasileira. Não só o Léo Ortiz e o Fabrício, mas o Léo Pereira poderia perfeitamente, e o David Luiz foi muitos anos da seleção brasileira. Imaginei um jogo hoje que uma entrada do Léo na construção me daria uma melhor saída de jogo nessa posição, e eu conseguiria romper a pressão do Fluminense. Nesse primeiro bloco alto que eles fazem, pelos jogos que a gente estudou. Claro que faltou ajustar um pouco mais a posição dele. Talvez ele não estivesse posicionado do jeito que eu gostaria que ele estivesse. Acabou que não deu certo.

- A responsabilidade é toda minha. Se tivesse sido determinante na área, estaríamos falando que teria dado certo. Não deu certo, e eu assumo a responsabilidade dessa decisão. O Léo é fundamental para mim, importantíssimo, assim como é o Fabrício. Eu quero que eles compitam porque vão crescer. Vou ver quem vai estar melhor para começar no domingo.

Volta com dificuldades da Data Fifa

- Lembro que no ano passado perdemos um jogo para o Bragantino depois da Data Fifa. Esse ano foi a minha primeira experiência, e eu vi meu time correndo no primeiro tempo e fazendo tudo que pedi. E bem fisicamente. O jogo levou, com essas circunstâncias, que o time perdesse. Não diria que foi pela Data Fifa, poderia ter acontecido em qualquer momento.

- Até mesmo porque foram treinos bons, tivemos muito tempo para preparar esse jogo. Tudo saiu como a gente planejou, infelizmente o resultado não foi o que a gente queria.

Dependência técnica de jogadores que estavam na Data Fifa

Quando tem jogadores importantes em um nível mundial, se você não tem, esses jogadores não estão, o time pode sentir. Mas não acho que isso tenha sido uma desculpa. Acredito que, com o elenco que estava hoje e os jogadores que estavam em campo, teria todas as condições de ganhar do Fluminense. Confio plenamente nos jogadores que entraram em campo hoje, acabou que o resultado parece que estava todo mundo horrível. Gerson, Erick, Nico são jogadores internacionais, grandes e vão fazer falta em qualquer time que eles joguem.

Ida a São Paulo para buscar a vitória e não somente a classificação

- Claro que é importante sempre tentar vencer, seja amistoso, jogo de pré-temporada ou Carioca. O Flamengo sempre entra em campo para vencer. Quando se perde aqui, a derrota dói muito. A gente escuta e vê as críticas. Se vive muito o Flamengo . Claro que não é o melhor momento para perder um jogo, mas o futebol te brinda com a oportunidade de sair de uma derrota e ganhar no domingo.

- Vamos para São Paulo para ganhar o jogo com o Corinthians. Não vamos para segurar o resultado e nem para se defender. Vamos para ganhar o jogo. Acho que mentalmente zera. Quando entrar no campo, é um jogo novo. Confio muito nos meus jogadores.

Alternativas no ataque

Eu penso antes do jogo em todas as possibilidades. Se estiver ganhando, empatando, perdendo, se tiver um jogador expulso. Penso em tudo, e durante o jogo vou vendo como esses ele vai se desenvolvendo, esses jogadores, o que o jogo pede. Hoje, tínhamos alguns jogadores que não estavam em condições de começar, alguns que não estavam em condições de jogar os 90 minutos, e alguns que teriam que sair durante o jogo.

- Mas eu preparo possíveis trocas de estrutura para se precisar mudar alguma coisa, mas imaginava no final do jogo quando já estava 2 a 0, quando o Fluminense baixou o bloco, a gente estava conseguindo entrar, chegar. Mas não estamos na melhor forma técnica, estava escapando a bola, os domínios, o último passe, o último cruzamento. Isso faz com que não fôssemos determinantes nas áreas. Quando você não faz o gol, isso frustra cada vez mais, vai acabar correndo um risco maior. O meu trabalho é fazer com que o time chegue até a área. Ali, a qualidade técnica vai decidir. E eu posso ajudar para eles treinarem cada vez mais. A bola vai acabar entrando uma hora ou outra.

Queda no segundo tempo

- Primeiro tempo, imaginamos um Fluminense "pressionante", vindo tentar tirar a bola na gente. Acabaram não sendo tão agressivos na pressão, e todas as nossas saídas acabaram sendo facilitadas, mesmo usando um pouco o Rossi e demorando um pouco na circulação. Nossa intenção foi corrigir essa velocidade de circulação. Esse foi o recado do intervalo, tentar corrigir detalhes táticos do time.

- Mas, acredito que, a partir do gol, o time acabou desandando um pouco. Já tinha pensado nas trocas, havia jogadores que não podia jogar os 90 minutos, havia trocas predeterminadas antes do jogo. Acabaram não dando soluções que o time precisava naquele momento. Acredito que foi sistêmico, foi todo mundo que acabou no segundo tempo vindo para baixo, mas não parou de lutar, não desistiu até o último minuto. Fez o que pedi, lutaram até o fim, me sinto orgulhoso dos meus jogadores.

Jogo posicional

- Tem o jogo posicional e o jogo de posição. Isso é um debate muito grande, e eu acredito sempre em dar soluções para os jogadores para que possam render o máximo possível, possam se soltar e se desenvolver dentro de campo nas funções que eles desempenham. Isso que eu acredito sobre futebol. Sempre vou dar funções para os meus jogadores para que esse talento e essa qualidade possam se soltar ao máximo possível, e esse talento vem.

- Dependendo do adversário, vai ser um jogo mais posicional, dependendo do adversário, vai ser um jogo mais por dentro, mais por fora. Acredito muito, dependendo de quem vai jogar contra você, dar soluções para os jogadores.

Pressão

- É um privilégio poder estar sentado nessa cadeira como treinador do Flamengo , jogar uma semifinal da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Acho que é maior clássico do Brasil em termos de torcida. Privilégio grande de estar aqui, com essa pressão, eu gosto, as críticas são válidas, também aprendo, cresço muito nas críticas.

- Sei que é totalmente normal. Não estou descobrindo nada, já vivi muito isso aqui como jogador e sabia perfeitamente onde estava me metendo como treinador. Privilégio estar sentado aqui, e vou dar a minha vida até o último segundo aqui para conquistar títulos com a camisa do Flamengo agora como treinador.

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Fonte: Globo Esporte