O técnico do Flamengo , Filipe Luís, comemorou a classificação à final da Copa do Brasil, conquistada após empate por 0 a 0 com o Corinthians, neste domingo, na Neo Química Arena. Na entrevista coletiva, o treinador explicou por que substituiu Gabigol por Fabrício Bruno logo depois da expulsão de Bruno Henrique, no primeiro tempo.
O técnico revelou que já havia previsto a alteração caso um jogador rubro-negro fosse expulso.
— Falaria o mesmo se tivéssemos perdido. Penso em todas as possibilidade dentro do jogo. Anoto, me planejo. Nós sempre planejamos, mas nem sempre sai do jeito que esperávamos. Uma expulsão sempre é prevista. É um possível cenário do jogo.
— Vivi muitas experiências, já joguei e treinei vários sistemas com um a mais ou um a menos. Nós decidimos muito rápido, já estava previsto que faríamos isso caso acontecesse. O time tem que ter uma resposta imediata do treinador para saber o que fazer nesses momentos.
Depois de ser perguntado sobre um possível pênalti de Garro em toque de mão, Filipe Luís reclamou da arbitragem nos jogos do Flamengo . O técnico afirmou que falta respeito à equipe rubro-negra por parte dos árbitros.
— Não vi ainda o lance. Não gosto de falar de arbitragem. Não vou falar do Daronco, adoro ele. A única coisa que peço é que respeitem o Flamengo . Uma coisa que sinto, antes como jogador, como treinador. Ou você é com o Flamengo ou contra o Flamengo (os outros clubes), então é mais fácil ir contra o Flamengo . E, se o VAR tem uma dúvida, é contra o Flamengo . Isso me incomoda bastante.
— A única coisa que peço é que respeitem o Flamengo e façam o que está na regra. E se o VAR intervém o menos possível, sigam a regra, por favor. Chega na televisão e olha o que está acontecendo. Não se manipule pelo que estão falando lá em cima. Os árbitros são bons, vivem pressão grande. Minha sensação é que está sendo muito fácil ir contra o Flamengo e isso me incomoda. Não quero vantagem, quero que sejam justos.
O técnico afirmou que não queria falar muito sobre a estratégia que adotou no Flamengo após a expulsão de Bruno Henrique nesta partida contra o Corinthians, mas disse que o pensamento era proteger a defesa e entregar a bola para o adversário ter a necessidade de criar.
— Meu pensamento era proteger a defesa, entregar a bola para o Corinthians e saber que eles iam ter que criar. Muitas vezes a gente vai pressionar, correr riscos e eles têm jogadores rápidos na frente. A partir desse momento, entregar a bola. A gente sabe dos jogadores, a capacidade do Arrascaeta e Gerson, que não perdem a bola. O Erick fez um jogo extraordinário, perde pouco a bola. São jogadores que conseguem segurar e fazem a equipe avançar. A partir do momento em que iam forçar a jogada, a gente teria jogadores que iam tirar o time de trás e eventualmente tentar fazer o gol.
Filipe Luís disse que Bruno Henrique era o melhor jogador em campo até a expulsão. O treinador do Flamengo exaltou o grupo rubro-negro, que com um a menos suportou a pressão do Corinthians e conquistou a classificação para a final da Copa do Brasil.
— A expulsão foi uma pena, porque era o melhor em campo. Estava sendo um perigo constante no lado do Matheuzinho. Atacando e defendendo bem. Perdê-lo e ficar com um a menos é um golpe importante para equipe, mas tenho um grupo de homens fantásticos e tenho que exaltar o que fizeram hoje, o que se doaram e correram. Mesmo com outro resultado, falaria a mesma a coisa. Conheço o grupo como ninguém e sei a ambição que têm para ganhar. Sou um privilegiado por treinar esse grupo.
Ao ser perguntado sobre a saída de Gabigol, Filipe Luís disse que tomou a decisão por necessidade tática de mexer na equipe após a expulsão de Bruno Henrique.
— Meu time eu jogo com um 9 profundo, que ataca o espaço. O Gabi tem essa função. O Pedro machucado, Carlinhos não pode jogar. Que outro jogador ataca melhor o espaço do que o Gabriel? Está no melhor momento dele? Não está. Todos nós sabemos. Não vai se recuperar nunca? Não sei, depende dele. Não tem nada a ver com o jogo que ele estava fazendo. Era uma estratégia para o time. A primeira opção é tirar o atacante e deixar no campo jogadores que podem ser resilientes na parte física. Obviamente que eu precisava deixar o Arrascaeta ali porque ele é meia e cobre mais o campo. Foi uma questão estratégica.
As finais da Copa do Brasil serão realizadas nos dias 3 e 10 de novembro. A CBF irá detalhar horários e locais. Flamengo e Atlético-MG se enfrentam na decisão.
Por que Michael não entrou?
— Michael é importantíssimo, é um jogador determinante. Tem gol, 1 contra 1, drible, tem tudo o que um extremo deve ter, joguei com ele, adoro ele, fui feliz. Ele teve uma lesão muito grave e está recuperando a melhor forma. Michael era uma troca certa. Porém com uma troca que fizemos no primeiro tempo, e a segunda depois com a lesão do Nico me deixou só com uma parada. Tive que segurar o máximo possível caso alguém não aguentasse ou tivesse uma lesão. Tive que aguentar a última troca até o final.
— O Michael não entrou por um motivo tático. Mas é um jogador que vai ter minutos praticamente em todos os jogos. Quero ter a melhor versão dele o mais rápido possível. Estou fazendo de tudo por ele e todos.
Reação após a derrota contra o Fluminense
— Um dia depois do clássico, com certeza, deve ter sido uma das piores noites minhas no futebol. Primeira derrota doeu muito. Na manhã seguinte, acordei e entrei no CT e me animei. Recebi uma mensagem do meu grande amigo René Simões parecia que estava no meu cérebro. Tive uma conversa com ele sobre a primeira derrota como treinador profissional. Experiência dura, claro que ia chegar. Tenho plena certeza do que acredito sobre o jogo, não vou abrir mão disso. Ganhando ou perdendo vou continuar. Quando julgarem, é o
Flamengo
do Filipe, não da opinião da imprensa, da opinião de um diretor. É o que penso, não vou abrir mão ganhando ou perdendo. Me animei e quis contagiar o grupo. Oportunidade de jogar uma semifinal nesse estádio e atmosfera, e os jogadores obviamente querem ser campeões.
Como resgatou a moral dos jogadores?
— É um grupo de jogadores gigantes, que crescem nos grandes clássicos. Jogadores decisivos. A primeira troca que fiz foi um jogador de Seleção. Sei o que eles vão render. Simplesmente, eles têm que continuar acreditando neles. Não tenho feito muito mais que dar soluções táticas. Sei o quanto querem ganhar. Eles saem de campo exaustos, se abraçam, saem machucados. Meus jogadores querem mais que ninguém. Quando não conseguem o objetivo, abala. Jogar no
Flamengo
, o maior time do Brasil, um dos maiores do mundo, você quer botar sua foto na parede. Quando não consegue, dói.
Preparação para as partidas importantes
— Antes do jogo estudo, faço leitura defensiva, ofensiva e tomo decisões. Deixei claro, eu preciso do que estão sentindo. Eu tenho que dar aos jogadores as soluções segundo a cabeça deles. Para a gente poder chegar a um termo bom. O David Luiz tem me apoiado bastante nisso, do que o grupo sente, não só ele, os capitães também. Depois, a decisão é minha. De quem vai jogar, sistema, planos de jogo, a responsabilidade é minha. Eu quero saber o que estão sentindo, o que eles (jogadores) precisam. Muitas vezes, o treinador não vê tudo.
Orientações a Arrascaeta
— O posicionamento não estava correto, era algo que queria corrigir, dele e do Gerson, não estavam posicionados como queria. Era um posicionamento mais perto do Bruno. Mas ele tem uma tendência de ficar mais alto. Mas acredito que tenha sido pelos erros que tivemos com a bola no começo, de domínio, a bola estava escapando, demos contra-ataque. Ele acabou correndo e perdendo o posicionamento. Era algo que tentei corrigir o tempo todo.
Mais uma final
— Dez finais. Eu e o Diego a gente sempre comentava. O pessoal cobra título, mas como é difícil chegar todo ano a finais. Todo mundo quer, e o
Flamengo
está ali todo ano. E às vezes até peca por querer ganhar todos. Com o elenco que tem, o
Flamengo
pensa muito grande. Não é fácil. É um grupo com jogadores acostumados a finais, brigando todo ano, não perdem a fome, a ambição, querem mais foto na parede. Fica mais fácil porque são jogadores que sabem lidar com o momento.
Expulsão de Bruno Henrique
— Bruno é muito emocional. Sente muito as derrotas, esses acontecimentos, sente quando o juiz erra. É um jogador que deixa a alma pelo clube. Falei: "pode ficar tranquilo, o grupo vai correr por você". O grupo ama o Bruno Henrique e sabe da entrega dele. Uma pena. A expulsão é justa, mas nem tudo foi justo.
Referência de estratégias de Simeone e Jesus
— Aquele jogo com o Jesus, foi praticamente a mesma coisa contra o Del Valle. Demos a bola e esperamos o momento de atacar. No Maracanã foi um show. Hoje foi muito difícil, com gramado rápido, adversário com vantagens. Tenho muita experiência jogando com um ou dois a menos. E com jogadores a mais também. Estou falando com resultado positivo, mas a decisão foi firme, convicta. Nem sempre vai dar certo. Mas esses jogadores querem tanto, que fazem acontecer.
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