Alcaraz deixou o Flamengo na última sexta-feira (31), causando surpresa horas após fazer um gol sobre o Sampaio Corrêa e receber elogios de Filipe Luís. Após o título da Supercopa do Brasil , neste domingo (2), o técnico explicou a situação.

Em um longo desabafo de mais de sete minutos, Filipe Luís não ficou em cima do muro e abriu os bastidores da relação com o argentino e todos os outros do elenco. Segundo o comandante, Alcaraz estava atrás de todos na briga por uma posição no time.

Ainda no desabafo, Filipe afirmou que se preocupava com o investimento pesado feito no meia, que custou mais de R$ 110 milhões e continuava sem performar como se esperava.

"Chegaram muitas coisas até mim. Vou falar do Alcaraz, Fabrício Bruno, David Luiz, Carlinhos e Lorran, sou muito questionado por ele. Pra começar, digo como trabalho. Eu olho e fixo os pequenos detalhes, tudo o que o jogador me apresenta durante o dia trabalhando comigo. Se chega no horário, se esforça, se brinca no treino, se leva a sério, se se interessa pela fase ofensiva, defensiva, se quer aprender, se tem vontade, ambição, se com quem se dá bem, olho tudo deles".

"Por que eu falo isso? Quando falei com Boto, nossa relação é espetacular, sintonia grande, quando a gente se conheceu, a gente falou de todos os jogadores. Eu falei quais estavam bem, quem não estava tão bem, expus a preocupação com o Alcaraz, contreatação muito cara e é meu dever tirar o melhor rendimento dele, do Lorran, do Arrascaeta e de todos eles".

"Podemos falar do Alcaraz como falei do Plata. Os dois estavam no banco quando cheguei. Cada vez que o Plata iria jogar, seja de ponta direita, esquerda, meia, ele potencializava, melhorava o time. O Alcaraz não estava tão bem, eu falava com ele. Ele dizia que iria melhorar, que era coisa dele. O Plata melhorava cada vez que entrava. O Plata arromba a porta do treinador e diz 'eu vou jogar nesse time'. Não é o modelo de jogo, o treinador tem que fazer o modelo de jogo pra esse jogador. Quando o Pedro voltar, vamos fazer para o Pedro, nos adaptar, é o melhor 9 do Brasil. Olho o momento, se o jogador não falar no campo, mostrar... nada de graça para ninguém. Tem que mostrar que está no nível".

"Como mostrou Michael, que tava no banco, Evertton Araújo, que era quarto volante, improvisei. Ele não se adaptava ao meu modelo, hoje ele é fundamental para mim. Jogador fala no campo. E adapto com o que tenho. Minha filosofosia não muda, time dominante", disse.

Filipe ainda abriu detalhes de como foi a conversa sobre a saída e citou também a negociação que fez Fabrício Bruno ir para o Cruzeiro.

"Alcaraz me chamou quinta-feira e falou 'Filipe, quero conversar, tenho oferta do Everton. Conta comigo?' Eu disse 'você está atrás de quem está na sua posição, está atrás de todos eles'. É questão sua querer lutar e brigar pelo lugar no time. Ele disse 'ok, vou brigar pelo lugar no time'. Falei o que achava que queria que melhorasse, conversa sincera. Ele disse ok'. Vou tentar, demonstrou, fez o gol, jogou bem".

"No outro dia, ele decidiu sair. Fico triste, sinto que é um fracasso meu, dele não ter dado certo na minha mão. Pelo investimento feito, era a preocupação que tinha, investimento alto e não estou tirando o melhor rendimento dele. Ele decidiu partir. Acredito que ele possa ser feliz, mandei mensagem, me respondeu. Adoro o Alcaraz. Por que teve minutos? Porque ele não desiste, quer aprender, tenta, luta, se esforça. Corre, corre, corre. Insisti até o final, nem todo mundo vai dar certo. Espero que seja feliz, adoro esse moleque".

"Não queria que o Fabrício saísse, importante, foi importante, sem ele não teria sido campeão da Copa do Brasil. Sou muito agradecido. Ele quis sair, não queria que saísse. Quem fica me deixa com o melhor elenco da América. Estão chegando jogadores e os jogadores crescem com isso?", finalizou.

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