A vitória do Flamengo por 1 a 0 sobre o Botafogo foi definida com um gol de Léo Ortiz, mas coube a Varela ser decisivo no lance capital do jogo: ele salvou em cima da linha o que seria o empate alvinegro em cabeçada de Igor Jesus no segundo tempo (veja os melhores momentos no vídeo abaixo) . Justamente num jogo onde não tinha lateral-esquerdo, coube ao ala-direito improvisado virar herói. E ser exaltado pelo técnico Filipe Luís, especialista da posição:
— Falar do Varela é muito fácil para mim. Eu o adoro, foi meu companheiro. Faz um jogo desse, num clássico, depois de uma semana sem treinar (foi liberado para acompanhar o velório da mãe no Uruguai). Me deixa muito orgulhoso pelo tipo de homem que nós temos aqui. Um jogador que coloca o escudo acima de tudo. Ele passou por um momento difícil. O grupo o ama, o apoiou em todos os momentos.
— Ontem (terça) eu falei com ele para ver se estaria disponível para essa função. Ele falou: "Eu já imaginava, e claro que eu estou disponível para o que você quiser". Então, é o tipo de jogador que o treinador vai manter. E que jogo que ele fez. Um espetáculo, nota 10!
Além da Varela, Allan foi outro jogador destacado por Filipe Luís. Nos três últimos jogos, o volante foi titular em dois: Portuguesa e Botafogo.
— O Allan vinha desde o ano passado sem sequência, acabou o jogo exausto. Fez tudo que o treinador pediu. É um jogador que dá para ver no olho que ele quer dar a volta por cima. No treino, no pré-treino na academia. Quando o jogador quer, ninguém segura.
— Meu modelo de jogo exige muito dos volantes. As viradas de chave do Allan, do Evertton (Araújo), do Nico (De la Cruz), do Gerson, tiveram o mesmo conteúdo. Tem jogadores que o olho brilha quando escuta, quando quer aprender, outros não tanto. O que aconteceu com o Allan foi que ele, sozinho, voltou das férias com o olho brilhando. Ele está falando no campo. O mérito é todo do Allan.
O Flamengo agora é o novo líder do Campeonato Carioca com 17 pontos. O Rubro-Negro volta a campo contra o Vasco no sábado, às 21h45 (de Brasília) no Maracanã, pela 10ª rodada do Carioca.
Veja outras respostas do treinador:
— O Danilo é o tipo de jogador que tem que vir para o Brasil para ser valorizado. É um cara que passa 12, 13 anos na Europa jogando só nos maiores clubes, campeão da Champions, campeão de tudo e é questionado. Quando joga no Brasil, sobra de um jeito que nós não conseguimos entender. É um espetáculo ver esse tipo de jogador escolher vir para o Flamengo .
— É um jogador que vem para trabalhar e somar no grupo com a sua liderança, estando no campo ou não, jogando na direita, na esquerda, na lateral, onde você pedir. Muito difícil achar um jogador desse nível. Estou muito empolgado com a minha zaga e ainda tem outros meninos que estão vindo fortes. Tem o Iago, que está na seleção sub-20, o João (Victor), eu já falei dele para vocês, o Cleiton, então estamos bem servidos.
Filipe Luís orienta — Foto: André Durão
— Eu estava simplesmente tentando tirar, acabar com essa confusão. Eu não gosto de confusão, eu estava tentando colocá-los em razão que qualquer coisa que eles fizessem podia piorar uma eventual suspensão. Eu não vi o que aconteceu. Eu não vi as imagens. O que escutei dos jogadores foi que um jogador do Botafogo tentou agredir o Bruno Henrique, e o Cleiton acabou defendendo ele.
— É um jogo tenso, em que existiram provocações de ambas as partes no ano passado, por parte do Botafogo, se eu não me engano. Num clássico, sempre existe esse tipo de polêmica, mas eu não quero dar ibope para isso. O que importa realmente é a nossa vitória no campo e, se eu falar de uma briga, se eu falar do que aconteceu dos jogadores se provocando, do árbitro, eu vou tirar o mérito do que os jogadores fizeram no campo, que foi muito grande.
Filipe Luís disse que não viu a confusão depois do jogo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
— O Zico é muito especial, ter o elogio do Zico é para poucos. Um cara que é o maior de todos os tempos. É muito legal que o Zico participe, que esteja presente. Às vezes ele vem no jogo e vem falar com a gente, e é muito importante que o Zico esteja presente, que nunca deixe de vir aqui frequentar porque nós precisamos muito dele, e ele falou só verdades.
— O Léo está num grande momento e, desde que eu o conheço, ele está nesse grande momento, é um grande jogador, completo. Com a bola no pé, eu não preciso falar nada, e para mim é muito além do que com a bola no pé, são os detalhes. O detalhe do dia a dia dele, como ele se cuida, como ele treina, como ele pergunta, como ele tira dúvidas comigo. Ele quer aprender e quer evoluir e está nos detalhes de como ele cuida do corpo, de como ele cobra o companheiro. É um jogador de seleção brasileira, sem dúvida nenhuma. Estou muito feliz de ter um jogador como o Léo no elenco.
Leo Ortiz comemora gol - Flamengo x Botafogo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
— Sobre a comemoração, é que não é fácil ganhar sempre. E mesmo não perder. O sentimento deles é que estamos com a camisa do Flamengo . Mesmo contra o São Paulo, nos Estados Unidos, eles deram a vida. Peço que os torcedores valorizem isso. Temos que valorizar as vitórias, comemorar as vitórias. Valorizar o que fazemos bem e corrigir o que não fazemos tão bem.
— Está bonito ver ele jogar. É diferente o jogou muito para o joga muito. O Wesley se converteu no jogo muito. Ele marcou muito o titular da seleção brasileira, que é o Igor Jesus, como se fosse nada. Isso na defesa, sem falar no ataque. O mais difícil nisso tudo é manter. O Gerson está guiando ele, pegou debaixo do braço. Em junho, ele vai escolher onde vai jogar.
— Sobre a motivação, eu não sou um treinador motivacional. Como diria o Muricy, como eu vou motivar um jogador que está no Flamengo ? Que joga no Maracanã com a torcida apoiando? Não tem o que fazer, tenho que dar a direção para esses jogadores, a minha ideia de jogo. Os jogadores que querem estar aqui, que fiquem. Quem não quer não fica. Eu não posso fazer nada. Para mim, não existe maior motivação do que estar aqui. O Danilo fez um esforço financeiro para estar no Flamengo . Se existe algum jogador que quer sair, não vou segurar ninguém. Quero jogadores que querem estar. Eles sabem que só têm a evoluir.
— Luiz Araújo vem de uma lesão bem grave. Temos que ter um cuidado importante com ele, mas ele dá muito para a equipe. Ele tem números, tem gol, tem assistência, nem todos os jogadores vão ser iguais. Tem adversários como hoje que escolheram marcar individual ele e Arrascaeta durante todo o primeiro tempo. Isso dificulta o jogo deles. Meu trabalho é fazer o nível deles elevar mais.
— Sobre o plano de pressão, o adversário também joga. Aí, entra o que falei que não é fácil ganhar do campeão brasileiro e da América. Jogadores estavam com confiança, encaixando bem, tiveram qualidade individual para sair da pressão. Quando fazem isso uma, duas, três vezes, é natural que o time te empurre para trás. Sempre que o time se reorganizava, tentava pressionar. Outras vezes a pressão encaixava muito bem. O plano de pressão sempre existe, mas temos que entender que o adversário também joga.
— Surpreendeu que vocês não vazaram a escalação do Botafogo para me ajudar. Só a do Allan, mas, se eu soubesse disso ontem, ia facilitar muito meu trabalho. Mas a minha vocês vazaram. Mas é muito diferente, você prepara um plano para um 4-4-2 como eles vinham jogando por muito tempo. Não lembro de ter visto um 4-4-2, losango com o Savarino jogando por dentro.
— Até poderia imaginar o Savarino aberto, um 4-3-3 que aí eu consigo adaptar no banco, mas o losango é muito diferente para você adaptar de uma hora para outra. Mas eles conseguiram, os jogadores conseguiram. Conseguimos subir a pressão bem, e demoramos um pouco para identificar onde estavam os espaços. Os espaços estavam nos nossos laterais, e a gente demorou um pouco para achar espaço nesse losango deles.
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