Ex-jogador de Flamengo e Botafogo , Almir teve uma passagem vitoriosa por clubes da Coreia da Sul como Ulsan Hyundai, Pohang e Incheon United entre 2007 e 2012.
“Quando os torcedores quando gostam de você eles te levam todo tipo de presentes e não te pressionam. A gente perdia e eles nos aplaudiam de pé, era bem legal. Conquistei títulos e tinha muito carinho de torcedores jogadores e diretores. Sinto saudades de morar lá”, contou o jogador, que defende atualmente o Treze-PB.
Em entrevista ao ESPN.com.br , o meia de 37 anos contou histórias surreais sobre a como funcionava o futebol coreano.
Carne de cachorro
“Uma vez o treinador perguntou alguma coisa sobre comida e todo mundo levantou a mão. Eu não tinha entendido, mas levantei também. Quando chegou a carne era de cachorro! Eu saí correndo do restaurante. O pessoal riu muito da minha cara”.
“Não é em todo lugar que vende isso, são restaurantes mais especializados. Foi um choque porque é muito estranho para nós. Eu ia para os restaurantes italianos para me salvar”.
“Eu fui aprendendo aos poucos o idioma e a cultura. Depois de um ano já me virava bem e não passava sufoco”.
Almir conta que quando uma equipe que atuou era derrotada e jogava mal, todos os atletas eram obrigados a dormirem no clube.
“Os jogadores coreanos tinham que limpar os banheiros do alojamento clube. Uma vez nosso time estava muito mal e o presidente mandou todo mundo raspar o cabelo”, afirmou.
Almir conta que era comum ver cenas do treinador ou do capitão dar umas pancadas nos colegas.
“Algumas vezes que o nosso capitão ficava com o taco de baseball e dava uma tacada nas costas, principalmente dos mais, novos quando passavam por ele”.
“Quando chegava a minha vez eu passava arrastado no chão que nem soldado na guerra. Ele ria porque não podia tocar nos estrangeiros”.
“Tinha muito amigo coreano que eu ficava chateado, mas você não pode se meter porque é a cultura deles”.
Trabalho sob pressão
“Os coreanos trabalham sob muita pressão em qualquer profissão. O índice de suicídio é alto. Tem muita gente que não aguenta. Em 2010, teve um escândalo de manipulação de resultados na Coreia e alguns jogadores foram banidos”.
“Isso é uma vergonha muito grande, quando se envolvem em corrupção. Um goleiro foi descoberto e se suicidou com um tiro dentro do carro”.
Respeito pela cultura
“Pior que essas coisas funcionavam porque eles se dedicavam mais para o resultado aparecer. Senão ele sabia que ia ficar preso, limpar banheiro, raspar o cabelo e apanhar. Era tudo ou nada para eles dentro do campo”.