O Flamengo chega para o Mundial de Clubes nos Estados Unidos apontado por muitos como o brasileiro mais preparado a chegar longe. Se isso vai acontecer, é impossível saber agora, mas a presença no torneio em 2025 é o ápice de um projeto que começou a dar grandes frutos seis anos antes.

Campeão brasileiro e da CONMEBOL Libertadores em 2019, o Rubro-Negro encantou o Brasil e teve a chance de colocar uma cereja no bolo, mas perdeu a final do Mundial da época para o Liverpool . Agora, um elo une as equipes: os técnicos.

Se antes o comando era de Jorge Jesus , agora está nas mãos de Filipe Luís , lateral-esquerdo titular da equipe de 2019 e aprendiz do Mister, que deixou o Rio de Janeiro em meio à pandemia de COVID-19. Quem conviveu muito com a dupla consegue enxergar semelhanças entre eles.

"O Jorge sempre coloca muita energia. O direcionamento do discurso dele era muito em relação ao nosso rendimento, alguns nomes que poderiam jogar melhor. Um confrontamento muito direto sobre o que nós podemos fazer, o que estava sob nosso controle. Isso foi ótimo", contou Diego Ribas , em entrevista exclusiva à ESPN .

"O Filipe é muito apaixonado. E eu acho que isso o Jorge também é muito, a gente pode ver isso no dia a dia dele. Creio que os treinadores, para se tornarem diferenciados, na vida também, você tem que ser muito apaixonado para transmitir isso na sua mensagem. E o Filipe consegue transmitir isso, eu vejo muito do Jorge nisso, em cada discurso, cada conversa com o time", completou.

Diego era um dos capitães e também camisa 10 do time de Jorge Jesus, apesar de não ser titular da equipe (os meias eram Everton Ribeiro e Arrascaeta). As memórias sobre a convivência com o português são inesquecíveis, desde o jeito divertido que JJ levava aquele elenco.

"Lembro da primeira reunião [no Mundial] em que ele disse que o adversário mais difícil que iríamos enfrentar seria o Al Hilal . 'Para com essa conversa de Flamengo e Liverpool, nós não estamos na final, o jogo mais difícil vai ser esse, e eu vou provar'. E começou a passar um vídeo do Al Hilal, uma equipe muito concentrada, muito bem treinada", recordou Diego.

"Se ele não tivesse falado aquilo, talvez a chance de perdemos aquele jogo seria grande", completou o ex-meia, que também ri ao lembrar momentos antes da final de 2019. "Na véspera do jogo, o Jorge falou o nome de alguns jogadores diferente do que nós pronunciávamos (risos). O Salah, ele colocava algo a mais, o S era diferente, aquele jeito de ele falar, a gente achava engraçado".

O Liverpool não está neste Mundial de 2025, o primeiro a reunir 32 clubes de todos os continentes em uma mesma disputa. Mas há outro inglês, o Chelsea , no caminho do Flamengo, além do Esperance , da Tunísia, e o LAFC , dos Estados Unidos.

Diego vai acompanhar a disputa de longe, sempre na torcida pelo amigo, mas sempre deixando no ar a possibilidade de um dia reeditarem a parceria.

"No meu caso, é uma possibilidade, em algum momento. Nesse momento, não, eu decidi seguir outro rumo como palestrante, mentor, comunicador. E estou muito feliz fazendo isso. O futebol te abraça, mas não te dá mais tempo de fazer nada. Quero ter mais autonomia da minha agenda, mais tempo com a minha família. Mas creio que existe essa possibilidade em algum momento. Um dia pode acontecer".