Ex-atletas vitoriosos, Filipe Luís, do Flamengo, e Milito, do Atlético-MG, buscam 1º grande título como treinadores

Não haverá holofotes apenas sobre as várias estrelas que estarão em campo no Maracanã hoje, às 16h, para a partida de ida da final da Copa do Brasil. Os treinadores de Flamengo e Atlético-MG também serão observados de perto. Além do passado vitorioso como jogadores de futebol, com diversos títulos importantes no currículo, Filipe Luís e Gabriel Milito compartilham a busca pelo primeiro grande troféu na carreira de treinador de uma equipe profissional.

É verdade que o comandante do Galo já tem no repertório o título do Mineiro de 2024. Embora não tenha participado da campanha até a semifinal, o argentino estreou pelo clube justamente na decisão, contra o Cruzeiro. No entanto, caso o Atlético conquiste a Copa do Brasil, este será, sem dúvidas, seu primeiro grande troféu, nove anos depois do início da nova carreira.

Por outro lado, como atleta, Milito ostenta um passado de glórias. São 12 títulos, sendo a Champions League e o Mundial de Clubes pelo Barcelona os principais. O ex-zagueiro argentino ainda foi campeão espanhol três vezes e chegou a disputar a Copa do Mundo de 2006.

‘Viciado’ em vencer

Já Filipe Luís, que foi um lateral-esquerdo da primeira prateleira do futebol mundial, conquistou ainda mais troféus: 22. Ídolo do Atlético de Madrid, venceu por lá a Liga Europa e o Campeonato Espanhol. Importante também no Chelsea, voltou a vencer o torneio continental e também levou o Inglês. Mas foi no Flamengo onde teve mais sucesso. Foram dez títulos, com destaque para duas Libertadores, dois Brasileiros e uma Copa do Brasil — o torneio nacional em mata-mata, que começa a ser decidido hoje, representou justamente o último troféu do atual treinador rubro-negro como atleta. Pela seleção brasileira, Filipe levou ainda a Copa das Confederações e a Copa América.

Há um mês como técnico principal do Fla, Filipe Luís estreou na ida da semifinal, contra o Corinthians. E teve no duelo de volta, na Neo Química Arena, um de seus momentos mais importantes até aqui. Depois da expulsão do atacante Bruno Henrique, ele conseguiu dar um “nó tático” no treinador rival, Ramón Díaz, e garantir a classificação. Na base, já havia sido campeão da Copa Rio sub-17 e do Mundial de Clubes sub-20.

Apesar da curta experiência na nova função, Filipe Luís tem agradado. Jogadores e integrantes da diretoria repetem o discurso de que ele conseguiu, de fato, se capacitar para o cargo ainda na época de jogador. E que tem um vasto cardápio de ideias e soluções táticas.

Mais que isso, Filipe Luís também dá boa atenção à parte anímica dos jogadores. Se o time esteve em baixa nesse quesito nas últimas semanas sob o comando de Tite, a chegada do ex-colega deu vida nova ao elenco. No vestiário, os discursos do ex-lateral costumam refletir quase uma obsessão pela vitória. A cada partida, ele reforça a importância de a equipe se acostumar a “ganhar sempre”. Para isso, a exigência de intensidade ao longo dos 90 minutos também é frequente.

— A maioria do grupo já sabia que ele seria técnico pela leitura de jogo diferente desde a época de jogador. Aqui, todo mundo quer ganhar. Filipe Luís foi vitorioso em tudo como atleta e agora quer ser como treinador. E isso é bom, pois ele vai nos motivar, nos incentivar a querer sempre ganhar. Não é fácil todo ano estar disputando e ganhando títulos, sempre se mantendo lá em cima. Espero que ele possa fazer um trabalho maravilhoso e que a gente possa ajudá-lo — valoriza o atacante Michael.

Nos bastidores, pessoas que trabalham com o treinador rubro-negro destacam seu perfil “muito estudioso e metódico”. Com uma forma intensa de experimentar o futebol, Filipe segue o ideal de “viver um dia após o outro”. Um exemplo disso é que, mesmo distante da liderança do Brasileiro e com chances reais de conquistar a Copa do Brasil, somente começou a planejar mais a fundo a estratégia que utilizaria contra o Galo depois do duelo com o Internacional, na última quarta-feira.

‘Coração na chuteira’

Outra semelhança entre Milito e Filipe Luís é a intensidade que colocam no dia a dia. Relatos de jogadores do Atlético-MG, que frequentemente elogiam o comandante, dão conta de que ele praticamente “exige” que os atletas fiquem com raiva ao perder a bola. Zagueiro de origem, o atual treinador sabe a importância de ter a posse não só para construir as jogadas ofensivas, mas também para se defender.

— Gabriel é muito intenso. Um cara muito pulso firme, determinado, que sabe o que quer. Desde que chegou, ele traçou títulos como objetivo. Foi muito ganhador como jogador e sabe do que a gente realmente precisa para chegar à glória — conta o atacante Paulinho em entrevista ao ge. — Essa energia era do que a gente mais necessitava para chegar nas três competições e botar nosso coração na ponta da chuteira e buscar os nossos objetivos, os nossos sonhos. Ele é um cara que está nos ajudando bastante, não só na parte teórica e tática, mas também na mental.

Fonte: Extra