Eu estava lá! Caio relembra partidas históricas entre Flamengo x Palmeiras

A vitória do Palmeiras sobre o Flamengo , no último domingo, em Brasília, pela sexta rodada do Brasileirão, me faz reviver aqui duas viradas espetaculares na história desse confronto. Está certo que o triunfo do Verdão lá no Mané Garrincha não foi dessa maneira, mas a forma como o jogo se desenhou me lembrou de dois jogos que eu tive o prazer de estar em campo.

Ambos foram em 1999. Vamos relembrar.

A primeira: Copa do Brasil

O jogo de ida tinha sido 2 a 1 para o Flamengo . Os gols do Mengão tinham sido marcados por mim e pelo Romário. O do Verdão foi do Paulo Nunes. A volta era na casa do Palmeiras, que já tinha conquistado a Copa do Brasil e a Copa Mercosul no ano anterior.

Euller Palmeiras x Flamengo 1999 (Foto: J.F.Diorio/Estadão Conteúdo) Euller fez os dois gols da virada história do Verdão
(Foto: J.F.Diorio/Estadão Conteúdo)

Comandado pelo Felipão, o Verdão era muito forte, mas a vantagem era nossa. O que ninguém sabia é que Romário estava machucado e não podia correr direito. Mas nossa estratégia foi colocá-lo em campo mesmo assim, para segurar pelo menos dois zagueiros na marcação dele.

Era o Baixinho! Funcionou.

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Rodrigo Mendes abriu o placar, Oséas empatou, e o mesmo Rodrigo fez 2 a 1 para o Flamengo. A partir daí, o Palmeiras precisava de três gols para se classificar. Romário, no sacrifício, saiu. O lateral Junior empatou e, aos 40 minutos do segundo tempo, a classificação estava bem perto. Só um 4 a 2 classificava o Palmeiras, já que no placar agregado tínhamos a  vantagem.

E aí começou a virada... e ela tinha nome: Euller. O filho do vento (apelido que tinha pela velocidade), fez 3 a 2, aos 41, e o gol da classificação aos 44. O Palestra Italia veio abaixo.

Loucura! A gente não acreditava. Tínhamos controlado o jogo até ali e de repente a vaga para a semifinal tinha escapado. Méritos do Verdão, que acreditou até o final. O torcedor palmeirense comemorava uma virada histórica.

Esse mesmo Verdão conquistou a Libertadores ao vencer o Deportivo Cali, da Colômbia.

A segunda: Copa Mercosul

Comecei no banco, e quando entrei em campo o placar marcava 2 a 1 para o Palmeiras. Naquela altura da temporada já tinha o apelido de "Talismã". Era o Flamengo ter dificuldades no jogo que a torcida inteira do Mengão no Maracanã começava a gritar o meu nome. Essa é uma das lembranças mais marcantes e gratificantes da minha carreira. E aconteceu novamente.

Entrei cheio de confiança e empatei o jogo com um forte chute de fora da área. Paulo Nunes fez 3 a 2 e voltei a empatar, de cabeça, logo em seguida. No final, o atacante Reinado fez o gol da vitória por 4 a 3 do Flamengo. A vantagem era nossa, mas ainda tinha o jogo de volta.

Voltamos ao Palestra e não podíamos perder novamente. Aquela desclassificação de meses atrás tinha que ter servido pra alguma coisa. E serviu. Com uma base jovem, diferentemente da equipe de Felipão, conseguimos suportar a pressão. Mesmo palco, mesmo adversário, mas um resultado diferente: 3 a 3 e um título internacional inédito pra história do clube.

Fiz mais um gol nesse jogo, o primeiro do Flamengo, e o meia Lê acabou garantindo o empate. Festa rubro-negra com direito a desfile em carro de bombeiro.

Nos dias de hoje...

Gabriel Jesus gol Flamengo x Palmeiras (Foto: ANDRÉ DUSEK - AGÊNCIA ESTADO) Gabriel Jesus e Tchê Tchê comemoram gol do Verdão
(Foto: ANDRÉ DUSEK - AGÊNCIA ESTADO)

Dois times muito fortes, mas em momentos diferentes. O que vi no domingo, comentando o jogo em Brasília, foi um Palmeiras com um elenco que dá ao torcedor a certeza de que a qualquer momento pode ganhar o jogo. Gabriel Jesus fez a diferença e tomara que os italianos da Juventus deixem o garoto mais tempo aqui.

Ele é rápido, não tem medo de pancada e tem tudo pra brilhar com a camisa da Seleção na Olimpíada. Cuca sabe mexer no time e, no domingo, com a ótima partida do meia Moisés, a equipe soube construir o placar.

Do outro lado, um Flamengo que ainda precisa encontrar um jeito de jogar. Gosto muito do Willian Arão e das opções que a equipe tem do meio para frente, mas a defesa preocupa e um time sem consistência defensiva não chega longe num campeonato equilibrado como esse.

Alan Patrick também foi bem, mas precisa soltar a bola mais rápido, assim seu talento e chutes de fora da área serão mais valorizados.

O Palmeiras mereceu a vitória por 2 a 1. Veja abaixo os melhores momentos:

Sinal de alerta!

Cruzeiro e Botafogo. Com histórias cheias de conquistas e que tantos craques já deram para o futebol brasileiro, abram o olho! Tem muito campeonato ainda pela frente, mas os elencos são limitados e o futebol apresentado até aqui, também. A hora de mudanças é agora. É preciso contratar para não sofrer no final.

Fonte: Globo Esporte