Estádio: Flamengo adia assinatura do termo final do acordo pelo terreno; Prefeitura não vê impasse com companhia de gás

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A nova diretoria do Flamengo pediu o adiamento da assinatura do termo final do acordo pela compra do terreno do Gasômetro, onde será construído o estádio do clube. O pedido se dá porque o presidente Bap contratou um estudo sobre a viabilidade da obra e quer entender o cenário antes de seguir com o projeto de construção da arena.

Para entender o caso, é preciso voltar a 2024. Quando a Prefeitura do Rio fez a desapropriação do terreno e o Flamengo o arrematou em leilão em julho, pagando R$ 138,2 milhões e mais R$ 7,8 milhões após perícia, o valor foi depositado em juízo porque a Caixa Econômica Federal não concordou com a quantia e entrou na Justiça.

Por isso, começou um processo de mediação envolvendo a Prefeitura do Rio, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Flamengo e a Caixa. Depois de aproximadamente um mês de negociações, foi fechado um acordo no qual o Rubro-Negro se comprometeu a pagar uma complementação de R$ 23 milhões parcelados pelos próximos cinco anos.

Ao mesmo tempo, a Prefeitura aceitou transferir os Cepacs (Certificado de Potencial Adicional de Construção) do Gasômetro para outros terrenos da cidade administrados pelo banco.

No dia 2 de outubro, foi assinado um pré-acordo (o que permitiu ao clube tomar posse do terreno no dia seguinte), e ficou definido um prazo de 60 dias para os advogados preparassem a documentação final, com todos os detalhes acordados na mediação. Este documento, que deveria ter sido assinado na primeira semana de janeiro, é o que acabará com todo o imbróglio da compra.

A assinatura, no entanto, ainda não ocorreu por causa do pedido de adiamento por 90 dias da nova diretoria do Flamengo . A AGU acatou a solicitação.

Para iniciar as obras do estádio, o Flamengo terá que debater com a Companhia Distribuidora de Gás (CEG) o remanejamento da estação de gás existente no terreno. De acordo com o parecer da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Rio de Janeiro (Agenersa) será necessária a transferência de galpões, depósitos, laboratórios, gasoduto e estação de regulagem e medição da CEG (administrada pela empresa Naturgy) do local.

Nesta quinta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, usou as redes sociais para reforçar que os custos deste processo serão do governo municipal.

- Adversários ocultos do estádio do Flamengo , parem de criar problemas onde não tem. Eu e o deputado Pedro Paulo já informamos que essa questão será de responsabilidade do município - escreveu Paes no X após o tema repercutir na web.

- Isso é um não problema. Está previsto na concessão, o remanejamento está previsto e é simples de se fazer. Está previsto na tarifa da Naturgy e, mesmo se não estivesse, a Prefeitura já disse que bancaria isso - disse o deputado federal Pedro Paulo em contato com o ge .

Terreno do Gasômetro: local onde o Flamengo quer construir o estádio — Foto: André Durão

O parecer da Agenersa indicava que a remoção não seria custeada pela CEG: "Administração Pública Municipal atribui ao vencedor do certame e futuro proprietário do imóvel a responsabilidade pelos custos relacionados à eventual desmobilização e transferência das instalações e equipamentos. Portanto, compreende-se que caberá à CEG negociar com o Clube de Regatas do Flamengo a resolução da controvérsia".

Flamengo , Prefeitura do Rio e Naturgy estão em contato para solucionar a situação. O ge ouviu de pessoas ligadas à companhia de gás que a resolução não é tão complicada, porque a estação ocupa uma parte pequena do terreno. A empresa enviou a seguinte nota à reportagem:

"Os temas relacionados à construção do estádio na área do Gasômetro são de ordem técnica, passíveis de solução e estão em tratativa entre as partes. O remanejamento da estação de gás existente no local já estava previsto e ocorrerá com segurança e tranquilidade, dentro de um planejamento acordado entre as partes.

Trata-se de uma estação de regulagem que ocupa apenas 1% da área do terreno de 86 mil m² e cuja operação de remanejamento já se encontra em fase de entendimento entre Naturgy, Prefeitura do Rio e Flamengo ".

O Flamengo não se pronunciará sobre o assunto enquanto não tiver acesso a todas as informações que considera importantes sobre o estádio.

- A discussão do estádio ficou contaminada no processo eleitoral. Não existe um estudo de viabilidade financeiro-econômica até agora. Ninguém constrói do zero sem um estudo desse, e no Flamengo não é diferente. Esse é o projeto da vida do clube. Vamos fazer nosso estádio, mas não a custo de performance esportiva nem a custo de um endividamento brutal. Vamos construir no ritmo que não prejudique a performance esportiva do clube - afirmou Bap no dia 18 de dezembro, quando tomou posse como presidente do Flamengo para o triênio 2025-2027.

O discurso se mantém atual. Bap e sua equipe definiram dois passos imediatos: um novo estudo de viabilidade e debates com a Prefeitura do Rio de Janeiro sobre o prazo de construção. A gestão anterior estimou a inauguração do estádio para o dia 15 de novembro de 2029, data em que o Flamengo completará 134 anos. A nova gestão não quer apressar a discussão.

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Fonte: Globo Esporte