Nesta última quarta-feira (31), o Flamengo acertou a compra do terreno no Gasômetro, onde o clube vai construir seu novo estádio, previsto para ficar pronto em 2028. A ideia é que a futura arena tenha uma capacidade para 80 mil pessoas, com estimativa de investimento entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Durante a entrevista que anunciou o arremate, o presidente do clube, Rodolfo Landim, deu uma declaração que, para os leigos, pode ter parecida um tanto quanto estranha, mas que para o mercado publicitário, é de suma importância.
"Eu espero que ninguém nem apelide o estádio, porque isso vale muito dinheiro para o Flamengo. O nome do estádio vai depender das negociações que a gente vai fazer a partir de agora. O nome oficial provavelmente será negociado com uma grande empresa ou um grande fundo interessado que possa aportar recursos para nos ajudar a construir o estádio", disse o mandatário.
Especialistas explicam por que o Flamengo não deve apelidar o novo estádio, e se possível fechar o contrato com a empresa que vai batizá-lo o quanto antes.
“Itaquerão, Engenhão, Mineirão, Arena da Baixada, Mangueirão, entre outros, exemplificam a cultura da torcida brasileira de apelidar estádios e que muitas vezes tais referências acabam sendo adotadas pela mídia especializada, criando assim um batismo natural que sem dúvida se torna um obstáculo para comercialização de naming rights, já que a marca interessada já começa com o desafio de rebatizar e não batizar o equipamento”, exemplifica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM. “A Neoquímica Arena já completa quase quatro anos, mas ainda segue sendo chamada por muitos de Itaquerão, apelido usado nos primeiros seis anos”, complementa.
Para Anderson Nunes, publicitário e especialista em Marketing Esportivo e Gestão do Esporte, atualmente Head de Negócios da Casa de Apostas, que adquiriu os naming rights da Casa de Apostas Arena Fonte Nova e Casa de Apostas Arena das Dunas, corrobora.
"É muito importante que uma nova arena já comece com o naming rights estabelecido, criando uma identidade desde o início, pois facilita a negociação com outras propriedades e empresas interessadas em investir com parcerias. Tivemos casos no país em que o apelido dado a um estádio dificultou a construção da marca junto ao mercado".
Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo, também fala desta importância. "O ideal é a arena nascer com o nome e com contrato de longa duração, ao menos 10 anos, assim já cai na boca do povo logo de cara. Evita-se eventuais apelidos por parte do mercado o que muitas vezes dificulta na fixação do nome".
Já Renê Salviano, que faz a captação de contratos entre marcas, entre elas no estádio do Mineirão, afirma que existe uma clara diferença ao vender um naming rights de uma arena de futebol quando ela ainda está em construção. "Quando isso acontece, fica mais fácil e aderente criar o nome junto ao patrocinador. É importante para todos, tanto para a arena quanto ao patrocinador, até mesmo pelo fato de ter um grande tempo em construção para que ações sejam customizadas e o nome seja realmente fixado na comunicação da imprensa e público em geral", aponta.