Épico: ele plantou café, viajou 10h de ônibus sem dormir e passou em teste no Flamengo

A carreira de jogador profissional de Diego Carlos de Oliveira tinha tudo para dar errado. Com quase 18 anos, ele sequer tinha feito categoria de base e dividia seu tempo entre os estudos e o trabalho nas plantações nas roças de Montes Altos, Minas Gerais. Quando teve a grande chance de sua vida, precisou vencer o sono e o cansaço para impressionar os olheiros do Flamengo, em 2005.

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"Eu plantava e colhia café com a minha família. Era pesado, tinha que acordar cinco horas da manhã todos os dias. Um pai de um amigo que jogava comigo conseguiu um teste. Eu não tinha nada a perder e fui. Melhor que ficar lá trabalhando (risos)", disse o atacante do Ufa, da Rússia, ao ESPN.com.br .

Após ter sido reprovado no Atlético-MG e no Cruzeiro em peneiras anteriores, o adolescente não muitas esperanças de passar desta vez. Mesmo assim, depois de trabalhar o dia todo, ele enfrentou mais de dez horas até o Rio de Janeiro de ônibus e ficou sem domir.

"Eu pensava assim: 'Acho que não vai dar certo. Na roça é o meu trabalho, é o que sei fazer'. Cheguei morto de cansado. Fui ao treino de manhã cedo com mais quatro colegas, mas fui o único que passou. É coisa de Deus isso, só pode".

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Diego morou no alojamento das categorias de base do Flamengo e tinha como colegas de time Renato Augusto, Kayke, Paulo Victor e Egídio.

"Era fã do Romário e flamenguista, por isso foi a realização de um sonho. Fiquei muito feliz e emocionado. Fui tricampeão carioca na base, vencemos a Taça BH e fizemos um torneio na Malásia também".

O atacante chegou a ser promovido ao elenco principal da Gávea, mas como enfrentava forte concorrência no setor, ficou apenas duas vezes no banco de reservas em partidas oficiais, mas não atuou.

Logo em seguida saiu para o Duque de Caxias-RJ e depois o Castelo Branco, da terceira divisão carioca. Por meio de um amigo que conheceu nesta equipe, o jogador Lima, conseguiu  um teste no Nizhny Novgorod, da segunda divisão da Rússia.

Sem saber falar o idioma, ele sofreu com o clima e os costumes muito diferentes.

"O frio é foda, cheguei a pegar menos 25 graus. Café da manhã aqui é salada, ovo cru e chá (risos). Não acreditei, eu adorava um pão com manteiga e cafézinho. Me bateu aquele desespero: 'O que estou fazendo aqui? Quero voltar para casa'. Mas tive forças para ficar".

"Depois de um ano a equipe faliu e fui emprestado para outro time da segunda, o Luch Vladivostok. Fiquei seis meses, depois voltei ao Brasil e fiquei esperando alguma coisa".

Com as duas boas temporadas que fez na segundona  russa,  Diego foi contratado pelo Ufa, na temporada 2012/2013. Com a equipe, ele conseguiu o acesso para a Premier League.

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"O campeonato é correria demais e força. Futebol é rápido, não dá para pensar como no Brasil (risos). Subimos há pouco tempo e passamos por dificuldades para nos mantermos na elite".

Fonte: Espn