Entenda por que Sampaoli não faz o Flamengo funcionar com Gabi e Pedro

No Flamengo de Jorge Sampaoli, uma máxima comentada internamente se comprova nos números: o técnico não joga em função do centroavante. Desde que chegou, ele desfez aos poucos a formação com Gabigol e Pedro. Hoje, porém, contra o Athletico, pelo Brasileirão, o argentino não terá o intocável Bruno Henrique, suspenso, e ensaiou ter a dupla junta desde o começo pela primeira vez desde o fim de maio.

“O tempo dirá se podem jogar juntos”, disse Sampaoli quando chegou ao clube, em abril. O tempo disse não. Separados, tanto Gabigol, que foi titular na maioria dos jogos, como Pedro, bem menos utilizado, caíram de produção em relação ao período anterior à passagem do técnico nesta temporada. A má fase levou Gabigol para o banco recentemente, e Pedro se consolidou como reserva e perdeu até espaço na seleção brasileira.

Com Sampaoli, Gabigol marcou dez gols em 27 jogos (média de 0,37 por partida). Antes, havia feito oito em 17 jogos, em recorte que inclui o Campeonato Carioca, com média levemente melhor — 0,47. O momento ruim do camisa 10 vem desde a era Vitor Pereira, que também o barrou do time, mas houve reações pontuais em jogos em que foi decisivo. Pedro, por sua vez, viveu momento bem melhor antes da chegada da nova comissão. Em 15 partidas, balançou as redes 13 vezes, média de 0,86 gol por jogo. Agora, essa média despencou (0,63), com 12 gols em 19 jogos. Nas duas situações, tem aproveitamento melhor do que o seu concorrente.

O camisa 9 superou momento conturbado após a agressão cometida pelo preparador físico Pablo Fernández, que deixou Pedro com um pé fora do Flamengo. Apesar das ofertas, o clube não cedeu, e o atacante retomou o foco para buscar seu espaço após conversa com Sampaoli. Conseguiu. Contra o Botafogo, atuou por 90 minutos apenas pela oitava vez com o treinador, e foi importante para a vitória. A expectativa era por uma sequência até a final da Copa do Brasil, e a disputa para isso está aberta. Quem for bem hoje pode carimbar uma vaga ao lado de Bruno Henrique no domingo, contra o São Paulo.

Gabigol, que vinha sendo substituído, ficou no banco no clássico carioca e não foi acionado, dias depois de comemorar a festa de aniversário junto com o elenco. O episódio não influenciou na barração, apenas a queda de desempenho. Internamente, o momento ruim da dupla em termos de números é atribuído à má fase técnica, mas também às questões táticas que fazem de Sampaoli corresponsável pelos números.

—São jogadores diferentes. Um mais de área e outro que sai para jogar. Considero que Pedro tem capacidade de gol. Historicamente, o Gabi é um extremo que se converteu em um 9. Comparar é difícil. O importante é que joguem os melhores. Mas os melhores que possam se complementar em campo —ponderou o técnico, que constatou dificuldade nessa interação.

Também por isso, o time ideal do argentino ou tem Pedro, ou tem Gabigol. E não joga com os centroavantes como referências para a conclusão das jogadas. Sampaoli não esconde que gosta de atacantes que façam gols sem ficar esperando que a bola chegue em seus pés. Prefere às vezes mais intensidade e competitividade do que estrela ou faro debaixo da trave. Tanto que já utilizou Bruno Henrique no comando do ataque.

Nesse quesito, Gabigol entregou mais do que Pedro por um período, por isso foi o escolhido. Com a queda de produção técnica e também física, passou a não ser mais intocável. Às vésperas da final da Copa do Brasil, os dois centroavantes ainda buscam retomar o seu melhor momento

Além da ausência de Bruno Henrique, outros desfalques obrigarão o técnico a mexer na equipe. Sem Arrascaeta, em recuperação de lesão, o meio deverá ter Everton Ribeiro na criação. Cebolinha ganha nova chance para atuar como um ala, já que Ayrton Lucas está suspenso e Filipe Luís teve mais uma lesão muscular constatada. De volta do Marrocos, onde estava com a seleção olímpica, o goleiro Matheus Cunha voltou a treinar ontem no Ninho do Urubu e será titular. Pulgar, titular do Chile contra a Colômbia ontem, pelas Eliminatórias, deve ficar fora. Varela e Luiz Araújo completam a lista de desfalques. A defesa terá três zagueiros. O Athletico deve ter os argentinos Esquivel e Zapelli, que não viajaram para La Paz para o jogo contra a Bolívia pelas Eliminatórias. Fernandinho e Vitor Roque, suspensos, desfalcam o time.

Fonte: Extra