Nesta terça-feira, o Ministério Público de Goiás deflagrou a terceira fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação de jogos de futebol para gerar lucro em apostas esportivas. Nesta etapa, são sete partidas analisadas pela denúncia, e uma delas foi o confronto entre Flamengo e Avaí, no Maracanã, em novembro de 2022.
A suspeita surge através de mensagens obtidas no celular de Romário Hugo dos Santos, um dos apostadores presos em março, na segunda fase da Penalidade Máxima. Na conversa com a namorada, identificada como Beatriz, o apostador conta que diz que irá ao Rio e afirma que a operação seria "tomar cinco gols". A partida, na última rodada do Brasileirão de 2022, terminou em 2 a 1 para o Avaí, que balançou as redes três vezes — de cabeça, o zagueiro Wellington abriu o placar para o rubro-negro ao empurrar contra a própria meta. No segundo tempo, Marcio Antonio e Lipe viraram a partida a favor dos visitantes.
Na conversa, Romário encaminha uma mensagem que cita "dois zagueiros e um goleiro" e contém a instrução de "encontrar Marlon (meu fechamento) junto aos jogadores", e Beatriz responde enviando uma passagem aérea para o Rio de Janeiro. Um dos objetivos da terceira fase da operação é aprofundar a investigação sobre o homem citado como "fechamento". Os promotores do MPGO descobriram que "Marlon" é um ex-jogador de futebol que passou a aliciar ex-colegas para o esquema.
Em todas as fases da Operação Máxima, o MPGO oferece denúncia ao grupo de apostadores e os jogadores aliciados por eles, mas os clubes e as empresas de apostas esportivas são tratadas como vítimas das ações. Assim, mesmo com a condendação dos atletas envolvidos, não há previsão de que os clubes sejam punidos criminalmente ou desportivamente.
Em outras conversas que também fazem parte da investigação, Bruno López, apontado como chefe da máfia das apostas, pede a Marlon ajuda para cooptar jogadores para apostas ilegais no Brasileirão, em abril passado. "Bora atrás dos menor (sic) pro fds. Brasileirão", escreveu López. Marlon vive no Rio e foi alvo de mandados de busca na fase atual da investigação.
A ação é um desdobramento das Operações Penalidade Máxima I e II, deflagradas em fevereiro e abril de 2023. As duas fases anteriores resultaram, até o momento, no oferecimento de três denúncias, já recebidas pelo Judiciário. Trinta duas pessoas foram acusadas de integrar organização criminosa e praticar corrupção em âmbito desportivo.
Nesta terça, as autoridades cumprem dez mandados de busca e apreensão em oito cidades de cinco estados para apurar indícios dos crimes. Agentes fazem buscas nos municípios de Goiânia (GO), Bataguassu (MS), Campina Grande (PB), Nilópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Santana do Parnaíba (SP), São Paulo (SP) e Votuporanga (SP).
Veja todas as partidas investigadas na Fase III da Penalidade Máxima
- Flamengo x Avaí, pela Série A do Brasileirão de 2022;
- Náutico x Sampaio Corrêa, pela Série B do Brasileirão de 2022;
- Náutico x Criciúma, pela Série B do Brasileirão de 2022;
- Goiânia x Aparecidense, pelo Goianão de 2023;
- Goiás x Goiânia, pelo Goianão de 2023;
- Nacional x Auto Esporte, pelo campeonato paraibano de 2023; e
- Sousa x Auto Esporte, pelo campeonato paraibano de 2023.