Entenda os segredos táticos do Flamengo de Tite que fazem o time 'não levar gols' em 2024

Após a vitória no jogo de ida da semifinal do Carioca contra o Fluminense, a torcida do Flamengo, entre os tradicionais cantos de apoio ao time e de zoação ao rival, entoou uma música que se gabava de um fato diferente: o de não sofrer gols. Além de valorizar o feito defensivo, a canção também dava os louros ao técnico Tite. E não é para menos. Mais do que só ótimos jogadores no setor de defesa, o rubro-negro tem um sistema defensivo ajustado e qualificado, e que dá à essa equipe os melhores números do estadual e da Série A do Brasileirão, com apenas um gol sofrido em doze jogos, quando ainda estava com os jovens da base. É baseado nisso e na larga vantagem — o tricolor precisa vencer por três gols de diferença para ir à final — que o time entra em campo como favorito na partida de hoje, às 21h, no Maracanã.

Se com a bola o Flamengo utiliza uma estrutura que varia entre o 4-3-3 e o 4-2-3-1 para atacar seus adversários, sem ela o rubro-negro se posta num 4-1-3-2 que naturalmente vem acompanhado de uma forte pressão na saída de bola do adversário. A ideia instaurada por Tite consiste basicamente em fazer com que o time, em vez de recuar ao perder a bola para se defender bem, suba a marcação no detentor da bola do adversário para rouba-la em até dez segundos. É o chamado “perde e pressiona”, movimento que “encurta” o campo para o adversário pensar.

Além disso, se a construção ofensiva do oponente está sendo feita do zero, como num tiro de meta, o rubro-negro sobe as linhas de marcação de forma compacta e pressiona o adversário no campo de ataque. Assim, Pedro e Arrascaeta são os responsáveis por iniciar os gatilhos em cima dos zagueiros — contra o Madureira, o centroavante chegou a marcar um gol oriundo dessa marcação em cima —, os pontas ficam individualizados nos laterais e De La Cruz acompanha o primeiro homem do meio adversário com característica de ser melhor construtor.

— Pedro e Arrascaeta não são grandes marcadores, mas é melhor para eles marcar em cima, porque tem menos campo para correr depois. O Flamengo tem um dos principais preparadores físicos do Brasil, que é o Fábio Mahseredjian, então a preparação ligada a esse modelo, acho que ajuda muito — explicou Gabriel Corrêa, scout e analista tático.

— Em termos de principais peças, colocaria De La Cruz e Pulgar, por terem uma dinâmica muito bem entrosada de alternarem quem pressiona e quem faz a cobertura nesse bloco de marcação mais alta, apesar, claro, da importância dos pontas e dos atacantes — valorizou Bruno Pet, analista de desempenho.

Importância da ‘falta tática’

Por mais que o Flamengo de Tite esteja apresentado um esquema defensivo com boa compactação e movimentos coordenados, é certo que, uma hora os times vão conseguir furar a tática rubro-negra. Dessa forma, analistas apontam que um dos mecanismos utilizados pela equipe e por outras que usam a estratégia de marcar em linha alta são as chamadas “faltas táticas”. Essa é uma marca registrada, por exemplo, dos times treinados por Pep Guardiola.

Essa ideia consiste em, em vez de permitirem que o time adversário “quebre as linhas” e se aproxime da sua área de defesa, os jogadores de ataque, que não são tão combativos, fazem faltas para parar a construção do oponente. Muitas vezes criticada, essa estratégia acaba funcionando bem no futebol brasileiro onde os árbitros são mais permissivos e costumam conversar com os atletas.

— Todo time que faz essa marcação alta e sobe a linha acaba, invariavelmente, apelando em algumas situações para a falta tática. Porque quando você sobe a marcação e ela é batida, às vezes ficam seis ou sete jogadores para trás, o que deixa o time exposto. Diria que todo time que se propõe a jogar assim também se propõe a cometer faltas táticas em algumas situações — falou Bruno Pet.

— Em algum momento ela serve também para você descansar o seu time. Além disso, muitas vezes os treinadores falam também para, em momentos X ou Y, fazer essa falta tática porque talvez o time esteja desorganizado naquele momento e não consiga se defender bem — concluiu Gabriel Corrêa.

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Fonte: Extra