Atualmente emprestado ao Apoel, do Chipre, Rafael Santos foi campeão brasileiro no ano passado e do Carioca em 2020 pelo Flamengo . Na primeira experiência fora do país, o zagueiro de 22 anos tem utilizado os conhecimentos aprendidos com o técnico Jorge Jesus para se adaptar bem ao futebol europeu.

“Ele trabalha muito a linha defensiva e aprendi bastante na lateral e na zaga. Ele dá números para os jogadores, 'tipo você é número tal, fulano é outro número', e você tem que saber o que cada número faz. Fica fácil depois que você sabe o que precisa fazer", disse o zagueiro ao ESPN.com.br .

"Ele trabalha muito na zaga o balanço, quando subir e a hora certa de fechar. Cresci muito e ficou mais fácil quando vim para cá. Na Europa é um futebol mais rápido e intenso. Não pode ficar muito tempo com a bola no pé. Um segundo aqui é muita coisa”, afirmou.

Por ter pouco espaço no elenco rubro-negro com a chegada de Gustavo Henrique e Léo Pereira, o defensor resolveu sair da Gávea em maio para jogar mais vezes e adquirir experiência.

“Tinham alguns clubes do Brasil interessados, mas chegou a quarentena e o Apoel entrou em contato. Eu já tinha visto o clube na Champions League e vi que era o maior do Chipre, é o Flamengo daqui. Pensei que era a hora certa. Me surpreendi muito pelo estilo de jogo rápido e com muita força e contato. Está sendo uma experiência muito boa", elogiou.

Após os dois anos de empréstimo ao Apoel, Rafael poderá ser comprado ou retornará ao Flamengo.

“Meu objetivo é jogar e ganhar sequência. Tenho sonho de retornar ao Flamengo um dia. Não sei se será agora ou se vou construir uma carreira na Europa, que é um sonho que tenho. Estou dividido”, explicou.

Desde que chegou, ele jogou os playoffs da Liga Europa e a Liga Cipriota.

Carreira

Natural do Guarujá, Rafael começou no futsal e passou pela base do Santos. Ele ainda defendeu o Desportivo Brasil-SP antes de receber um convite para jogar no Flamengo, em 2013.

“Fui para o time sub-15 - com o técnico Zé Ricardo - e já comecei jogando. Era outro nível porque os jogadores tinham muita personalidade. O Flamengo foi a minha casa durante muito tempo e ainda é”, disse.

O zagueiro jogou com jovens como Paquetá, Vinicius Jr., Clebinho, Pepê, Dantas, Vizeu e Hugo Souza, que depois jogaram pelo time profissional do Flamengo. Ele chegou a defender a seleção de base e a completar os treinos da seleção olímpica, em 2016, na Granja Comary.

Em 2018, disputou a Copa São Paulo e depois subiu aos profissionais para jogar um amistoso contra o CRB.

“É muito fácil jogar com o Juan porque é só fazer o que ele te orienta. Treinei mais um tempo no time de cima e desci para jogar no Sub-20, mas lesionei o joelho contra o Grêmio”.

Rafael passou por uma cirurgia, ficou oito meses parado e precisou recuperar o espaço que perdeu. “No Flamengo a concorrência é surreal. Os moleques estavam muito bem e tive que voltar ao começo e fui construindo tudo de novo”.

No ano passado ele foi integrado aos profissionais.

“A experiência foi muito bacana. O nível dos treinos é muito alto e peguei muita experiência. Filipe Luís me orientava sobre domínio e coisas que não davam tanta importância, mas que no fim fizeram muita diferença”.

O zagueiro esteve no elenco que venceu o Brasileiro e a Libertadores sob o comando do treinador Jorge Jesus.

“O time se encaixou perfeitamente. O Jesus cobra bastante. No começo não achávamos normal, mas é o jeito dele. Foi um trabalho em alto nível, mesmo você goleando ele continuava chamando a atenção”.

Festa do título

Inscrito na Libertadores, o zagueiro viajou para a final vencida pelo Flamengo sobre o River, no Peru.

“Filmei a comemoração do gol atrás e os caras do River Plate estavam falando muita besteira. Eu xinguei muito (risos). Vai ser difícil acontecer isso outra vez no futebol. A chegada ao Rio de Janeiro foi surreal, tinham caras até nos postes de luz. Era muita gente”.

“Os caras mais experientes falavam: ‘Moleque você não sabe o que é isso aqui. Só vai entender quando tiver uns 40 ou 50 anos’. Acho que a ficha vai cair daqui uns 10 anos. Foi uma alegria difícil de descrever. A torcida do Flamengo é um absurdo”.

Rafael fez uma partida no ano passado pelo profissional do Flamengo – empate contra o São Paulo no Morumbi pelo Brasileiro.

Em 2020, ele jogou as quatro primeiras partidas no Carioca como titular enquanto o time principal descansava após a disputa do Mundial de Clubes.

“Teve um jogo contra o Vasco no Carioca que por quatro vezes eles estavam com a bola no pé sozinhos, mas sempre ficavam em impedimento. O Jesus disse que fizemos a linha muito bem. Encurtávamos o espaço entre a zaga e o meio de campo e ficava mais fácil para quem marca”.

“Meu sonho era jogar pelo Flamengo no Maracanã. Realizei quatro jogos e não tem preço. Consegui uma sequência e ganhei confiança”.

Em maio, ele trocou o Flamengo pelo Apoel. “O Chipre é muito um país muito bonito e não foge da realidade do Rio. Tem praia e é mais tranquilo. O problema é que o grego é um pouco difícil, mas o inglês é mais de boa. Estou aprendendo e será mais uma coisa que levo para a minha carreira”, finalizou.