Em reunião com torcedores do Fla, Wallace defende Márcio Araújo; Sheik sai de fininho

Se deixa a desejar na parte técnica em alguns jogos, o zagueiro Wallace não vacila como capitão do Flamengo. Coube ao defensor encabeçar o grupo de jogadores que bateu de frente com oito torcedores de organizadas que foram ao Centro de Treinamento exprimir todo o descontentamento da torcida com a má fase do time - já são quatro jogos sem vencer.

A autorização para o encontro foi dada pelo diretor Rodrigo Caetano, que chamou cinco jogadores. Wallace foi o porta-voz do grupo e não afinou quando interpelado sobre corpo mole: "Aqui não tem sacanagem" avisou. A irritação com alguns jogadores, porém, foi exposta. O principal deles foi Márcio Araújo, que não estava na hora da conversa, mas foi defendido pelos companheiros por sua dedicação e profissionalismo.

Quem saiu de fininho antes de o encontro acontecer foi o atacante Emerson Sheik, que não vive boa fase pessoal, embora tenha identificação com o Flamengo. O jogador deixou o treino assim que os jogadores desceram da academia para falar com os torcedores. O técnico Muricy Ramalho não passou nem perto e disse que não se sujeitaria a um encontro do tipo com torcedores no local de trabalho.

Depois que os torcedores deixaram o Ninho do Urubu, a atividade foi aberta à imprensa, mas em vez de um membro da diretoria se expor, Wallace foi obrigado a comentar o episódio, que ficou mal explicado.

- Ninguém gosta de ser intimidado. Se alguém da diretoria ou o Rodrigo Caetano achou viável que os caras ficassem aqui, problema deles – contou Wallace, narrando um encontro pacífico. O clube chegou a contatar a polícia, mas desistiu.

Depois de telefonar para o diretor executivo Rodrigo Caetano ainda do lado de fora do CT e ouvir que não seriam recebidos, os torcedores decidiram caminhar para o interior do local e foram apenas escoltados por um segurança, sem qualquer resistência. Enquanto aguardavam próximo ao gramado, jogadores, comissão técnica e Rodrigo Caetano se queixavam da falta de estrutura para garantir a segurança. Famoso pelo seu discurso de profissionalismo, Caetano era o mais transtornado.

Em nota oficial, o Flamengo informou que a diretoria aceitou promover o encontro dos jogadores com os torcedores para evitar transtornos maiores. Ou seja, que houvesse qualquer ato hostil contra os atletas ou o patrimônio do clube. Caetano se junto ao grupo invasor, disse que chamaria cinco atletas para conversar com eles, mas que o técnico Muricy Ramalho não iria, pois não gosta desse tipo de abertura com torcidas.

A diretoria chegou a ter um diálogo com alguns membros de organizadas nos últimos anos que inibiram ações do tipo, mas agora não adiantou.

- Como eles não vieram com ferramenta para agredir a gente entendeu que houve liberação. Ai sim teria sensação de ameaça. Soubemos depois que era invasão. A gente estava treinando normalmente - lamentou Wallace, tratando o caso como corriqueiro no Brasil e no Flamengo. - Aqui, é oito ou oitenta.

Fonte: Extra