Em dose dupla de novo: 22 anos depois, Flamengo voltará a jogar duas vezes no mesmo dia; veja

O Flamengo vai entrar em campo duas vezes neste domingo. Apesar de inusitada, a situação não é inédita. Em 27 de fevereiro de 2002, o time dirigido por João Carlos da Costa goleou o Once Caldas por 4 x 1 pela Libertadores no Maracanã e perdeu pelo mesmo placar para o Americano pelo Carioca, em Moça Bonita, onde Raimundo Nonato dava ordens à beira do campo.

Vinte e dois anos depois a situação se repete. Agora, a equipe principal, que está em Orlando para pré-temporada, joga um amistoso contra o Philadelphia Union; o time misto - formado em maioria pelos jovens da base - enfrenta o Nova Iguaçu pela 2ª rodada do Carioca. Pelo horário de Brasília, os torcedores assistirão aos jogos em sequência: 16h e 18h10.

Curiosamente, a dose dupla se repete no dia 27, quando a equipe de Tite encara o Orlando City nos Estados Unidos, e o grupo de Mário Jorge disputa mais uma rodada do Carioca, desta vez contra a Portuguesa, em Natal.

Tite em Flamengo x Audax — Foto: Pietra Telles

Àquela altura, em 2002, o Flamengo vivia uma realidade bem menos tranquila: a vitória quebrava um jejum amargo de 15 jogos. João Carlos, que assumiu a vaga de Carlos Alberto Torres, não vencia desde a estreia no comando da equipe, há sete jogos. O público incomum de 11 mil pessoas no Maracanã sinalizava a descrença no trabalho do novo técnico.

A goleada por 4 a 1 sobre o Once Caldas era o desafogo de um longo período de agonia. Constantemente convocados para a Seleção Brasileira, Julio Cesar, Juan e Juninho Paulista eram alguns dos rostos que integravam o Flamengo de João naquela noite de quarta no Rio de Janeiro.

A escalação: Júlio Cesar, Fernando, Juan, Valnei, Rocha, Athirson; Leandro Ávila, Felipe Mello, Petkovic; Juninho Paulista e Andrézinho. O banco de reservas ainda contava com Anderson Alves, Roma e Carlinhos.

O resultado elástico pela terceira rodada da fase de grupos não seria suficiente para que a equipe avançasse para o mata-mata. Com apenas um ponto conquistado nos três jogos seguintes, o Flamengo ficou na lanterna do Grupo 8 e foi eliminado da Libertadores.

- O planejamento foi esse, nessa época, então a gente teve que se adequar para ir bem. A gente sabe que era difícil, mas o Flamengo sempre teve a ambição e a coragem de fazer um bom campeonato em ambas as competições, mas a prioridade logicamente era a Libertadores - lembrou Roma, autor de um dos gols na goleada na competição continental.

Em Bangu, algumas horas antes, Raimundo Nonato escalou um time inteiramente reserva: Diego, Israel, Renan, Anderson Luiz, Edson, André Gomes, Fabiano Cabral, Alessandro Salvino, Agnaldo, Victor Simões e Espíndola.

Crônica do O Globo da vitória do Flamengo sobre o Once Caldas em 2002 — Foto: Reprodução / O Globo

Desentrosado e comandado por um técnico improvisado, o Flamengo foi goleado por 4 a 1. O Americano era o líder da competição. Na sequência, as três derrotas e um empate fizeram o Rubro-Negro amargar a última colocação no fim do primeiro turno. O desempenho melhorou sutilmente no segundo turno e o Flamengo avançou à segunda fase, mas foi eliminado antes de chegar à semifinal.

2002, definitivamente, não deixou saudades para os rubro-negros: além da eliminação precoce na Libertadores e no Carioca, o Flamengo ficou em 13º - de 16 - na primeira fase do Torneio Rio-São Paulo, caiu na semifinal da Copa dos Campeões e foi vice da Mercosul para o San Lorenzo, nos pênaltis, na última edição do torneio, em Buenos Aires. No Brasileiro, o clube brigou contra o rebaixamento.

Em 2024, a tarefa, claro, é passar bem longe daquele cenário vivido há 22 anos. O primeiro jogo oficial da temporada arrancou comentários entusiasmados da torcida. A goleada por 4 a 0, embalada pelo carinho da torcida amazonense, garantiu um começo de temporada alto astral para o Rubro-Negro.

Fonte: Globo Esporte