Dez dias após levar a melhor contra o rival e conquistar o título da Supercopa do Brasil, o Flamengo voltou a vencer o Botafogo. Dessa vez, por 1 a 0, no Maracanã, com gol de Léo Ortiz, num jogo que terminou em muita confusão e briga, com troca de socos e empurrões no campo e no túnel que leva aos vestiários. O resultado colocou o rubro-negro na liderança do Campeonato Carioca, com 17 pontos. O Botafogo segue em sexto, com 12.
O clássico ficou marcado por cenas lamentáveis ao fim da partida. Alexander Barboza partiu para cima de Bruno Henrique, dando início a uma confusão. O zagueiro do Botafogo e Cleiton, do Flamengo, trocaram socos, e o alvinegro deixou o campo sangrando. Em meio ao tumulto, o árbitro Bruno Mota Correia mostrou cartões vermelhos para Barboza, Cleiton e Gerson, expulsões que só devem ser confirmadas com a súmula, que pode trazer mais punições.
A confusão não acabou no gramado. Os jogadores do Botafogo ficaram esperando pelos rubro-negros no túnel de acesso aos vestiários, recomeçando os empurrões.
— Todo jogo é o mesmo cara que desde o início começa. Pega fora da bola, arruma confusão dentro do próprio jogo, dá empurrão, dá soco depois da bola sair, e nunca é punido assim, ou é punido sempre depois dos 30, 40 minutos. Acho que para bom entendedor basta isso que eu falei já — disse Léo Ortiz.
O Botafogo reclamou ainda de uma cotovelada de De La Cruz em Matheus Martins, no primeiro tempo. O uruguaio foi punido com o cartão amarelo, enquanto os jogadores do alvinegro pediram o vermelho.
Legado para as equipes
Com a bola rolando, apesar do vencedor do clássico ter sido, com merecimento, novamente o Flamengo, a tônica da partida de ontem foi um pouco diferente da disputada em Belém, com maior equilíbrio. Com um time mais encorpado, principalmente no aspecto defensivo, o Botafogo adotou a postura de dar a bola para o Flamengo construir e, quando conseguia a roubada, tentar a ligação direta com Igor Jesus. Apesar da estratégia ter feito com que o time de Filipe Luís não conseguisse criar tantas chances de perigo como na final em Belém, fato é que ela também não se mostrou tão eficaz do ponto de vista ofensivo. Sozinho contra Léo Ortiz e Danilo, que formaram a dupla de zaga rubro-negra, o centroavante até deu trabalho e quase marcou na segunda etapa, em cabeçada após cruzamento de Cuiabano salva por Varela em cima da linha.
O Flamengo, por sua vez, voltou a demonstrar o mesmo problema que teve no clássico do último sábado, contra o Fluminense. Apesar controlar o jogo na maior parte dos 90 minutos, o rubro-negro não conseguiu furar a última linha de defesa do alvinegro. Ainda assim, a estratégia adotada pela equipe se mostrou promissora pela versatilidade: ora tentava envolver o Botafogo com triangulações no meio-campo, ora tentava vencer o bloqueio adversário com passes e lançamentos em profundidade.
Luiz Araújo recebeu em movimento da direita para o meio logo no primeiro minuto e achou Juninho nas costas da defesa do Botafogo. O atacante finalizou rasteiro, mas parou em John. Esse foi praticamente o único lance do camisa 23 na partida, já que foi substituído aos 10 minutos com dores na coxa direita.
A melhor chance do Flamengo na partida foi na linda jogada ensaiada em que Léo Ortiz marcou o gol do jogo. Após cobrança de falta na intermediária, Danilo fez movimentação inteligente e cabeceou para o zagueiro completa e dar a vitória ao rubro-negro.
O clássico mostrou mais uma vez a solidez tática do time de Filipe Luís. Já o Botafogo mostrou evolução em relação à dura derrota na final da Supercopa. Ainda que não tenha um treinador efetivo — Cláudio Caçapa foi anunciado como auxiliar permanente e novo interino, enquanto Carlos Leiria retornou para o time sub-20 — e um plano de jogo bem estabelecido, os principais nomes do time, como Alex Telles, Gregore, Marlon Freitas e Igor Jesus fizeram boa partida.