Em clássico de poucas soluções, Botafogo cria a sua e vira líder

Uma das marcas deste início de trabalho de Artur Jorge no Botafogo é a variedade de jogadas surgidas em escanteios e faltas laterais. Isso já havia aberto caminho na goleada sobre o Juventude, e foi decisiva mais uma vez no triunfo por 2x0 sobre o Flamengo, na manhã deste domingo, no Maracanã. Um luxo diante da pouca criatividade das duas equipes na maior parte do jogo.

O rubro-negro foi superior durante pouco mais de 25 minutos na 1ª etapa, mas apresentou muitos problemas para achar uma forma de superar o bom bloqueio defensivo feito pelo Botafogo na própria área. Foi perdendo força de marcação, cedendo espaços entre os setores, e viu o controle da partida escorrer pelas mãos. Assim como o resultado, que foi ampliado por Savarino nos acréscimos.

Escalações

Tite voltou a escalar força máxima. Everton Cebolinha foi o desfalque. Bruno Henrique foi o ponta-esquerda. Já Artur Jorge, como esperado, optou por Eduardo no centro do ataque, ao lado de Junior Santos. Marlon Freitas e Danilo Barbosa foram os volantes escolhidos. Damián Suárez ganhou sequência na lateral-direita e John na meta.

Como Flamengo e Botafogo iniciaram o duelo válido pela 4ª rodada do Brasileirão 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

O cenário que se desenhava antes de a bola rolar se confirmou logo nos primeiros minutos. O Flamengo tomou a iniciativa de ter a posse e empurrar o Botafogo para trás. Seja com a pelota nos pés ou subindo de forma coordenada o bloco de marcação, o rubro-negro conseguiu se impor e ter volume ofensivo. Mesmo levando alguns contragolpes nos minutos iniciais, se estabilizou na sequência.

O Glorioso conseguiu duas boas escapadas antes dos dez minutos com Savarino e Junior Santos, sempre lançados em profundidade após um desarme no campo de defesa, mas a definição de ambos não foi correta. De resto, encontrou problemas para gerar opções de passe desde a saída de bola pressionada. Evitava as ligações diretas, mas errava muitos passes sob pressão.

O rubro-negro desarmou algumas vezes no campo de ataque e rodou a bola rapidamente para tentar encontrar uma situação favorável. Produziu quatro boas ações ofensivas em 18 minutos, mas apenas uma chance real de gol. Varela era bem participativo e produtivo pela direita. Atacava mais a linha de fundo em relação a outros jogos.

Ayrton Lucas também era agudo pela esquerda, principalmente nos combates a Luiz Henrique na metade rival. De la Cruz acrescentava da mesma maneira e acelerando o jogo por dentro, se conectou com Arrascaeta algumas vezes.

Arrascaeta e Danilo Barbosa em Flamengo x Botafogo — Foto: André Durão / ge

O Botafogo teve o mérito de aglomerar jogadores na própria área. Não foi simples para o rubro-negro conseguir clarear as jogadas perto da meta. Bastos foi o maior destaque da boa proteção alvinegra. Cortou passes e cruzamentos promissores. Inibiu finalizações com bom posicionamento.

O ritmo do Mais Querido caiu na segunda metade da 1ª etapa. Mesmo com a parada para hidratação, os mais de 30º na manhã do domingo carioca cobrou um preço físico aos dois times. Faltou terminar melhor as jogadas ao rubro-negro. Muitas vezes conseguiu se aproximar da área em condições de criar, mas errava nas decisões, principalmente com Luiz Araujo.

O Glorioso ganhou um pouco mais de tranquilidade para trocar passes depois dos 30 minutos, mas foi pouco criativo na circulação da bola. Não conseguiu estruturar uma circulação de bola fluída no campo de ataque. Parecia desgastado pelo cenário inicial do jogo.

Eduardo e Pulgar disputam bola em Flamengo x Botafogo — Foto: André Durão / ge

Tite precisou sacar Pulgar, que sentiu o tornozelo. Allan entrou no intervalo. Não exatamente por isso, mas em virtude de um processo que se arrastava desde a reta final do 1º tempo, o Flamengo perdeu pressão na marcação. O Botafogo conseguiu encontrar as linhas de passe atrás da frágil primeira pressão rubro-negra e passou a trabalhar mais no campo de ataque.

Conseguiu um escanteio aos sete minutos. Abriu o placar em uma bela jogada ensaiada envolvendo Savarino na cobrança, e Luiz Henrique na finalização. Lindo gol do camisa 7, aproveitando também que não havia nenhum jogador do Flamengo na região do rebote. Erro crasso! Tite sacou Varela e Luiz Araújo para colocar Wesley e Gérson, que entrou a partir do lado direito do ataque.

Arrascaeta sentiu a coxa na sequência e o jovem Lorran entrou. No Botafogo, Artur Jorge fez trocas para reforçar a marcação e dar mais gás ao seu time. Grégore, Diego Hernández, Jeffinho e Tchê Tchê foram lançados. Eduardo, Junior Santos, Luiz Henrique e Lucas Halter sacados. Passou a ter um meio mais robusto, com três volantes, e um zagueiro mais alto contra os cruzamentos rubro-negros.

Frame do momento da finalização de Luiz Henrique sem nenhum jogador do Flamengo na zona de rebote. — Foto: Reprodução de TV

Alçar bolas na área, aliás, foi a solução apresentada pelo Flamengo diante do fechado Botafogo até os últimos minutos. Em alguns momentos trabalhava mais até fazer o cruzamento. Em outros, forçava o passe por elevação para os atacantes. Barboza e Bastos responderam bem. Damián Suárez e Hugo mostraram um bom comportamento. Marlon Freitas limpava a frente da área ao lado de Gregore.

Competitivo e com moral elevada, o Glorioso conseguia superar as desorganizadas subidas de marcação do Flamengo. Já havia criado grande chance desta forma com Jeffinho, mas ampliou o placar ao recuperar uma bola no campo de ataque. Savarino recebeu na área e deu números finais ao clássico.

Fonte: Globo Esporte