O déficit registrado pelo Cruzeiro em 2020 foi tão grande que quase se igualou aos déficits de dois clubes da Série A somados.
As demonstrações financeiras da agremiação mineira mostram que seu déficit no ano passado foi de R$ 226.504.000.
Para se ter uma ideia do tamanho do buraco, o valor é R$ 254.000 inferior em relação à soma dos déficits anotados por Santos e Flamengo. Juntos, os clubes da Gávea e da Vila Belmiro apresentaram déficit de R$ 226.758.000.
O rubro-negro anotou déficit de R$ 106.922.000. Já a marca negativa do Santos foi de R$ 119.836.000.
Apesar de ser impressionante, o déficit cruzeirense em 2020 foi inferior inferior ao acumulado pelo clube em 2019: R$ 394.101.000.
O relatório que integra o balanço do Cruzeiro explica assim o preocupante resultado financeiro obtido em 2020:
"Durante a nova administração, em 2020, houve dois efeitos que impactaram diretamente na performance econômica do clube.
Reflexo da má gestão conduzida durante os anos 2018-2019.
Pandemia Covid-19 e consequentemente:
Redução das receitas de publicidade e televisão em razão do descenso à Série B do Campeonato Brasileiro.
Redução das receitas com os clubes sociais.
Proibição de público nos estádios como medida de prevenção de avanço da Covid-19".
O documento demonstra preocupação da atual diretoria em mostrar rompimento com práticas de seus antecessores.
"No período da gestão Sérgio Santos Rodrigues, houve superávit de R$ 33 milhões", diz trecho do balanço.
Segundo o documento, a atual diretoria fez acordos com credores para evitar bloqueios nas contas do clube e ganhar mais prazo para pagar os débitos.
De acordo com o balanço, por conta de diversas medidas, "o passivo circulante foi reduzido em 34%, equivalente a R$ 298 milhões durante o exercício de 2020; em 2019 o passivo circulante representava 77% do total do passivo, reduzindo a 36,5% ao final de 2020. A redução durante os sete meses de gestão Sérgio Santos Rodrigues representou R$ 158 milhões no período".
O endividamento do clube chegou a R$ 897 milhões em 2020.
Os efeitos do rebaixamento para a Série B do Brasileirão, no final de 2019, são sentidos nas receitas cruzeirenses.
"As receitas do clube tiveram uma redução no montante de R$ 166 milhões em relação ao ano anterior, 2019. Essas quedas ocorreram nas rubricas de venda dos direitos televisivos e venda de direitos econômicos, em função do descenso à Série B, além da queda expressiva das bilheteiras de jogos e clubes sociais em função da pandemia", diz o balanço.
O custo do departamento de futebol caiu de R$ 438 milhões em 2019 para R$ 250 milhões em 2020.
Mesmo assim, o déficit com a modalidade foi de R$ 90 milhões. "O déficit do futebol teve valores expressivos com relação a indenizações rescisórias a atletas e treinadores e direito de imagem". Essa é a explicação apresentada no balanço.
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Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro