Eleições no Flamengo: MGM descarta banho de sal grosso para evitar lesões no elenco e quer torcedor ‘raiz’ de volta ao Maracanã

As eleições acabaram no mês passado, e já estou batendo asas para mais um pleito. Euzinha, que já entrevistei postulantes a governador, a senador e a prefeito ao longo dos últimos anos, pela primeira vez cubro a disputa para representar uma nação. Por isso, a partir desta segunda-feira, publicaremos entrevistas com os candidatos à presidência do Mengão, que terão o futuro definido no próximo dia 9.

O primeiro dos entrevistados é o advogado Maurício Gomes de Mattos, o MGM, vice-presidente de Embaixadas da gestão do atual presidente Rodolfo Landim — dupla que anda se bicando. Em seu escritório, no Centro do Rio, Maurício — que usa broche do Flamengo, assim como relógio e óculos, que tirou para olhar nos meus olhos, em vermelho e preto — promete resgatar o torcedor “raiz” aos estádios. Além disso, ele descarta duas coisas: a substituição do urubu pela ema, assim como um banho de sal grosso nos atletas para evitar lesões.

Antes de candidato, por que o Flamengo entrou na sua vida?

O Flamengo entrou na minha vida na infância. A primeira sensação de vitória foi com um gol do Zico. Sempre tive a sensação de ser devedor ao clube que me inclinou a entender o que é a busca da vitória. Quando me tornei completo na parte financeira e satisfeito com minha profissão, disse: está na hora de entrar no Flamengo.

O senhor era vice-presidente de Embaixadas. A cidade vive um clima de G20. Esse cargo é equivalente, no clube, a quê?

Seria um ministro de Estado.

Sobre a gestão Landim, o que tem de diferente dele?

Encaro o Flamengo na ótica de olhar para o torcedor e para os outros clubes. O torcedor tem que pertencer e ser pertencido. A visão do presidente do Flamengo tem que ser humanitária.

Uma reclamação frequente é a de ingressos cada vez mais caros. Sua gestão estará preocupada com os herdeiros dos “geraldinos e arquibaldos”, como diria o Apolinho?

Certamente teremos uma área popular no estádio do Gasômetro. E, no Maracanã, temos que resgatar o torcedor “raiz” dentro do estádio. No conselho consultivo, já escalei o Cláudio Cruz, fundador da Raça, para fazer o contato com as torcidas.

Pensa em voltar a geral do Maracanã?

Vamos ter engenheiro na nossa equipe, vamos saber produzir a parte de marketing e conversar com os profissionais. Como e quanto vamos acomodar essa nação “raiz” dentro do Maracanã, vai ser estudado.

Podemos cravar que o estádio do Flamengo vai sair do papel?

Isso é certo. Temos um estudo para isso.

Previsão para o estádio ficar pronto.

Entre o final de 2029 e 2030.

O Neguinho da Beija-Flor tem a música que fala de domingo ir ao Maracanã. Ele deverá trocar a letra para “Domingo, eu vou ao Gasômetro”?

O Maracanã jamais será esquecido e também estará conosco. Certamente virão muitas outras canções em cima dos feitos que vamos viver no Gasômetro. Isso é 2030, ele tem muito tempo para pensar na composição.

Trocaria o mascote de um urubu, para uma ema?

Não (risos).

O senhor é apoiado pelo Bandeira de Mello. Ele terá bandeira branca para palpitar na sua gestão?

Não só ele, mas como todas as pessoas que contribuíram para o Flamengo. Tanto o Bandeira, como os (outros) ex-presidentes, vão ter voz no conselho diretor. E o Bandeira vai ter cargo.

Suas iniciais, MGM, são as mesmas de um cassino famoso de Las Vegas. É a favor das bets no Brasil?

É uma realidade, né? Não posso ser contra, porque a Legislação é que vai ditar o que deve ser e o que não deve ser (permitido). O presidente do Flamengo tem que ter compromisso com a preservação, de colocar sempre um limite e dar boas orientações.

Orientações até para jogadores, para evitar casos como a investigação atual do Bruno Henrique?

Vou ter (na gestão) a neurociência do esporte, psicólogo, psiquiatra, coach, assistente social... é óbvio que todas essas palestras construtivas se fazem necessárias para a formação (em) que, muitas vezes, não tem essa preocupação. Se vai por esses caminhos até por entender que não está fazendo algo errado.

Na eleição para prefeito, euzinha ouvi do Eduardo Paes a promessa de remédio para combate à obesidade. No Fla, o problema tem sido o departamento médico. Sua primeira medida deve ser um banho de sal grosso no elenco?

Não (risos). A primeira medida seria trazer metodologias como a Exos e outras ferramentas para que a gente tenha uma menor incidência no DM, com profissionalismo. E não com situações “extracurriculares".

Em agosto, um vídeo do Zico viralizou, criticando a defesa do time. Como será lidar com opiniões de pessoas importantes para o clube? É disso que fala quando propõe um conselho de notáveis?

Não é conselho de notáveis, é conselho consultivo. Todos os sócios do Flamengo e pessoas que quiserem contribuir vão ser sempre bem-vindas.

Em 2025, terá o Mundial para jogar, enquanto o clube admite vender jogadores para equilibrar o caixa. Essa conta fecha?

Temos que trabalhar para fechar. O orçamento e o estatuto são para serem realizados, não para serem peças de maquiagem. Nas nossas contas, vou ser rigoroso. Ouviu, Ema?

O Gabigol é ídolo do clube, mas tem vivido polêmicas nessa reta final, “cornetando” a própria diretoria. Como pretende agir nessas situações?

Com padrões definidos, comportamentos sempre sendo avaliados de forma profissional. O que falta hoje no departamento de futebol é um regime profissional, que consiga passar aos jogadores que existem deveres e haveres.

O Filipe Luís está encerrando uma sequência de Jesus, Ceni, Renato Gaúcho, mas também de gringos que não deram certo. Qual é o perfil de técnico que a sua gestão tem em mente?

A gente quer voltar àquele double pass, que a seleção alemã usa para analisar escalação, substituição... vamos estar atentos a todas essas condições, e com padrão definido de jogo, com DNA rubro-negro (de) padrão ofensivo. E com uma comissão técnica permanente.

Uma nota para a gestão Landim.

7,5, passou de ano. Pronto.

Um livro.

“Onde estiver, estarei”, do Luiz Hélio, que versa sobre as embaixadas e consulados.

Uma série.

Sinceramente, já estou há anos sem ver série. Mas digo “La Casa de Papel”.

Um jogo inesquecível.

São tantos. Mas um que está efervescendo: em 2019, os gols do Gabigol (na final da Libertadores).

Um ídolo.

Zico, lógico.

Três promessas de MGM.

Um sócio-torcedor de relacionamento; um profissionalismo lato sensu; e um DNA rubro-negro, o vencer, vencer e vencer.

Fonte: Extra