Na terceira e última entrevista com candidatos à presidência do Flamengo, euzinha fui até a sede do clube, na Gávea, para encontrar o advogado Rodrigo Dunshee. Vice-presidente geral e jurídico da gestão do presidente Rodolfo Landim, que o apoia, Dunshee me recebeu na sala da presidência, sob as bênçãos de uma imagem de São Judas Tadeu e diante de um quadro com o time campeão da Libertadores e do Brasileirão em 2019.
Querendo ser campeão do mundo, o candidato reconhece que os títulos da gestão Landim são uma boa propaganda eleitoral e promete até estátua para Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Entre ema e urubu, Dunshee preferiu não apontar seu favorito, mas, sobre a provável saída do camisa 99 do clube, afirmou que o time não é uma “escravidão” e o atleta tem liberdade de fazer o que quiser.
Ema Jurema: Como o Flamengo entrou na sua vida?
Dunshee: Desde muito cedo, sou Flamengo (sorri). Meu pai (Antônio Dunshee) virou dirigente do clube jovem, eu era muito garoto. Cresci no Flamengo e não me lembro de não ser Flamengo antes de ser Flamengo.
Concorre com Bap e MGM. Também pretende adotar um codinome de três letras?
Não (risos).
Nas eleições municipais, por exemplo, a pessoa que está na situação faz obras. No caso do Fla, esse “poderio” eleitoral seria o de ganhar títulos?
Acho que quem tem resultado para apresentar, quando está na situação, é ótimo, como é o nosso caso. O Flamengo atual tem muito resultado para apresentar. São 13 títulos, 21 finais disputadas, recentemente ganhamos a Copa do Brasil e o Carioca. Os outros (candidatos) estão prometendo coisas, e a gente, apresentando resultados.
O ano de 2023 ter passado em branco pode interferir em algo?
O ano de 2023 foi um que não passou em branco, na minha concepção. O Flamengo disputou milhões de títulos naquele ano, o faturamento foi recorde. Infelizmente, batemos na trave em várias disputas, mas estávamos lá. O importante é criar condições para que o Flamengo esteja sempre disputando todos os títulos, mas, eventualmente, pode acontecer de não ganhar.
O Marcos Braz se candidatou a vereador e não conseguiu se reeleger. Para o clube, isso chega a ser bom, para ele se dedicar mais?
Acho que é irrelevante para o clube. O Marcos Braz já disse que está saindo, que encerrou seu ciclo. Acho que essa questão de política externa não tem influência no clube.
Quando vocês vão contratar um jogador, já arrumam um sósia para ele?
Nós somos 46 milhões de torcedores, então tem muito sósia. É fácil acontecer. Isso aí é Flamengo. Você vê sósias dos outros? Só vejo do Flamengo.
Acha que vai surgir um sósia do senhor, se for eleito?
Acho que não, sou bonito demais para ter alguém parecido comigo (risos).
Se a saída do Gabigol se confirmar, vai prejudicar o sósia dele flamenguista? O clube pretende adotá-lo para perto?
Acho que ser sósia do Gabigol não ajudou tanto a ele. Parece que teve 300 votos para vereador (risos). Acho que a gente vai ter outro centroavante, se acabar saindo o Gabi, e vai ter outro sósia. Vida que segue.
Quer que ele fique?
Tem uma proposta na mesa para o Gabi. Ele disse que não quer ficar. Aqui não tem escravidão: a vontade do jogador é soberana. Se ele disse que não quer ficar, que vai para outro clube, é um direito dele. Ele trabalhou, cumpriu o contrato bem cumprido e, se quiser sair, é direito dele.
Com a Copa do Brasil 2024, Gabigol, Arrascaeta e Bruno Henrique se igualaram a Zico e Júnior como jogadores com mais títulos no Fla. Está faltando estátua para essa galera?
Acho que, futuramente, teremos que fazer estátua para esse pessoal. Foram 2 Libertadores, 2 Copas do Brasil, 2 Brasileiros, 2 Supercopas, 1 Recopa, 4 Cariocas, 21 finais disputadas. Eles merecem.
E essas estátuas seriam no novo estádio?
Seria um lugar maravilhoso para eles estarem lá e o os outros também. Não podemos esquecer da nossa história. Fizemos um museu maravilhoso, eles estão aqui contemplados e, certamente, nesse estádio novo, vai ter espaço para isso.
E euzinha mereço uma estátua?
Se me tratar bem nesta entrevista, te dou uma.
Quando o estádio estiver pronto, como vai ser a conciliação com o Maracanã?
O Maracanã é uma unidade de negócio individual. Ela já é lucrativa. Mesmo sem o Flamengo, enxergamos como lucrativa porque é autossuficiente, e dá para fazer coisas ali, desenvolver business ali dentro, pequenos negócios, restaurantes. Logicamente que temos alguns projetos de manter, por exemplo, todos os clássicos estaduais no Maracanã, além dos jogos eventuais do Vasco e do Botafogo. O Maracanã vai continuar sendo o Maracanã.
E o nome do novo estádio será Arthur Antunes Coimbra? (Zico)
Se quisermos fazer um estádio, principalmente com patrocinadores custeando isso, não pode dar nome a ele. Se dermos um nome, vamos afugentar o patrocinador. Estamos pedindo para todo mundo ter compreensão, porque vamos poder homenagear o Zico e outros craques de outras formas. Com esta, temos que captar nossos recursos para fazer o estádio.
A Cidade do Samba 2 vai ser construída perto do estádio, na Leopoldina. Já está na hora do Flamengo voltar a ser homenageado por uma escola de samba?
A maior manifestação popular, para mim, não é o samba, é o Flamengo. Acho que o Flamengo tem que, sempre, estar sendo homenageado.
O filho do Éverton Ribeiro é um xodó da torcida e, hoje, mesmo com o pai no Bahia, o Totói ainda é amado pela torcida. Dá uma vontade de trazer o atleta de volta para perto, para poder ter o Totói na torcida de novo?
Dá vontade. O Éverton Ribeiro é maravilhoso, mas ele acabou encontrando uma proposta que atendia melhor aos interesses dele e da família. Mas a gente vai estar homenageando o Totói no final do ano, vai dar um título de sócio honorário para ele. Com muita alegria a gente vai poder receber o Éverton Ribeiro, a esposa e os filhos aqui.
Sobre contratação, acha o Neymar um nome possível?
Acho que o Flamengo tem que olhar sempre para o seu orçamento, mas também estar atento às oportunidades. Não vai ser o primeiro jogador que, depois de um sucesso enorme em sua vida, possa ter interesse em encerrar sua carreira num clube que tenha um orçamento um pouco menor que os clubes árabes, por exemplo. Se for uma oportunidade boa para o Flamengo, que se encaixe no nosso orçamento, eu não pensaria duas vezes.
E é algo a longo prazo?
Acho que tem que ser um pouco mais a longo prazo, porque ele tem um contrato ainda e uma remuneração fora da realidade do Brasil. Ele tem que cumprir o contrato dele e enxergo que, só no final do contrato dele, pode ser uma oportunidade.
Uma sinceridade: ema ou urubu?
Ema ou urubu? Os dois. Não dá para criar essa polêmica, não vou ficar mal com a ema (disse, olhando nos olhos)
Mas o urubu não conversa com você.
Conversa sim. Tem vários urubus aqui, um mascote fortíssimo, enorme.
É apoiado pelo presidente Landim. Você é diferente ou igual a ele? O que diria para as pessoas que vão votar em você?
Ninguém é completamente igual. A gente tem muitos pontos de convergência, de pensamento, de amor ao Flamengo. Logicamente que o meu DNA é diferente do dele. Ele é um cara muito de gestão, curte muito essa parte de fazer o melhor negócio, e eu sou um pouco diferente dele. Tenho um viés mais institucional, jurídico, acho que a gente se completa muito. A gente já fez uma parceria bacana nesses 6 anos aqui, e vamos continuar fazendo uma parceria.
Na última sexta-feira, foi aniversário do Flamengo. O que pediria na hora de apagar as velinhas?
Que o Flamengo continue vencedor e que a gente seja campeão do mundo.
Uma nota para a gestão Landim.
9.
Um livro.
“O nome da rosa”. Gostei desse livro.
Uma série.
Gosto de “Prison Break”.
Um jogo inesquecível.
Com o River Plate (final da Libertadores de 2019).
Um ídolo.
Zico.
Três promessas de Dunshee para o Flamengo.
Manter a saúde financeira do clube; colocar o estádio de pé, pelo menos parte dele, porque não vai dar tempo de fazer tudo em três anos; e não prejudicar o desempenho do Flamengo pelo estádio.