Eleição do Flamengo: Rodrigo Dunshee indica Diego Ribas diretor e projeta Landim CEO: "Ele entende hierarquia"

O ge realizou nesta semana os seus podcasts eleitorais com os candidatos à presidência do Flamengo para o triênio 2025-2027. O segundo entrevistado foi o advogado Rodrigo Dunshee de Abranches, de 58 anos, candidato da Chapa 3 e que tem como vice o empresário Marcos Bodin, especializado em mercado financeiro e imobiliário.

Rodrigo Dunshee, candidato do Flamengo — Foto: Thiago Lima

Em cerca de 1h de entrevista nos estúdios Globo, Dunshee apresentou, entre outros temas, suas ideias de mudanças para a gestão do futebol; deixou escapar que o ex-jogador Diego Ribas é o nome cotado para a função de diretor técnico; explicou como planeja comercializar as futuras cadeiras cativas no novo estádio; mostrou-se contra implementação de SAF e explicou o papel que terá o Rodolfo Landim, seu principal aliado, como CEO do clube.

Maurício Gomes de Mattos, candidato da Chapa 2, foi o primeiro entrevistado - confira a entrevista na íntegra. O candidato Luiz Eduardo Baptista, o Bap (Chapa 1), seria o segundo entrevistado, mas na noite da véspera ele alegou um imprevisto e cancelou o compromisso que estava marcado para às 8h do dia 5 de dezembro (horário sugerido por ele).

Veja abaixo alguns trechos da entrevista:

- A maioria das candidaturas fala do diretor técnico e eu falo também. O Marcos Braz já disse que vai sair. A gente quer montar um organograma diferente, profissionalizado. Com Diego (Ribas). Desculpa. A verdade é que o presidente Landim acabou de dar uma entrevista que a gente chegou a fazer um convite. Estamos conversando com o Diego. É uma honra se ele concordar, ele tem uma sinergia muito boa com o Filipe Luís. Essa é a única diferença primordial. O scout está muito bem, os departamentos estão todos organizados. A gente tem que fazer só essa mudança. Temos um diretor-executivo (Bruno Spindel), é uma pessoa que está acostumada com a organização administrativa, financeira e contratual do clube. E tem um diretor técnico que vai estar mais ligado ao campo, ao vestiário. Uma pessoa de liderança e preparada.

- A gente desenhou para ter esse alinhamento: um esportivo, de campo, de relacionado com o jogador e um mais executivo, mais ligado à organização e ao detalhamento do futebol. Eles vão estar conversando e organizando o processo juntos, alinhados. Já tivemos uma experiência no Flamengo lá no passado, com o Paulo Angioni e o Isaís Tinoco. E agora a gente está com essa ideia de profissionalizar o departamento de futebol. Essa questão é mais importante, deixar lá um diretor de futebol técnico e um diretor de futebol esportivo. O estatuto prevê a figura do vice-presidente de futebol, mas a gente não quer um presente no dia a dia. A diretoria vai estar cobrando, estabelecendo metas e conversando com eles. Mas assim os responsáveis por tocar o futebol, o dia a dia do Futebol vai ser a comissão técnica, o diretor esportivo e diretor executivo. Esses são os responsáveis.

- Passa pela nossa cabeça que o Filipe possa ser nosso treinador por muitos anos. Porque ele é uma pessoa identificada com o nosso clube. É uma pessoa muito capaz, altamente qualificada. A gente apostou nele, a gente investiu nele e ele sempre correspondeu. Foi campeão sub-17, foi campeão mundial no sub-20. Ele é uma pessoa muito preparada e a gente tem certeza que é uma pessoa que tem muito a ver com o Flamengo . Ele é respeitado. Ele é ídolo. É importante que ele continue. Agora tem um contrato, deixa correr um pouco mais, mas a gente tem interesse de ficar com ele por muitos e muitos anos.

- A história do Gabriel, pelo o que eu ouvi das entrevistas e tudo, o Gabriel já está acertado. O presidente explicou várias vezes da proposta que a gente fez, da forma como ela foi colocada. O Gabriel parece que está realmente saindo. Isso se consolidando, logicamente, vamos ter como prioridade um atacante na janela. A gente vai para o mercado. Mas não só o atacante, o Flamengo está atento.

- A gente participou de um leilão. Teve uma desapropriação. A gente pagou o preço. Mas a Caixa Econômica Federal ficou incomodada com algumas situações. Houve uma disputa judicial e a gente fez um acordo. E a gente resolveu essa questão. Hoje, a situação jurídica do terreno está equacionada e a gente está pronto para começar a construção. É lógico que tem um processo de licenciamento de projeto e tal. A gente fez um primeiro projeto de viabilidade para as autoridades públicas, para a Caixa. A empresa apresentou um projeto muito bacana, que foi apresentado aos sócio.

- O nosso compromisso, inclusive com o prefeito, é realizar uma ocorrência internacional de escritórios de arquitetura para fazer o projeto definitivo do estádio. Isso vai ser resolvido dentro do clube, a gente vai levar para os conselhos no Conselho Deliberativo. A gente vai fazer enquanto tiver legalizando o terreno, preparando toda a questão das licenças. A gente vai fazer esse concurso. O projeto é lindo e está do meu gosto. A gente vai levar para todo o Conselho Deliberativo do Flamengo , então, assim, a situação está bem equacionada, está andando, mas ainda falta o projeto definitivo, que vai ser essa concorrência aí.

- A SAF nunca foi uma ideia minha. Essa é uma alegação que não corresponde à realidade. Minha vida inteira eu fui contra vender o Flamengo . Todo mundo que me conhece dentro do clube sabe disso. Não vai ter SAF comigo. Eu sou o Rodrigo Dunshee de Anbranches, não sou outra pessoa. Não tem nenhuma declaração minha a favor da SAF. A SAF não pode acontecer no Flamengo , é muito difícil de acontecer porque existe uma deliberação do Conselho Deliberativo que diz que para você fazer uma SAF no Flamengo tem que estar presente na votação 3600 pessoas.

- Sabe quando vai acontecer isso? Nunca, porque nem na eleição do Flamengo , que dura de 8h às 21h, comparecem 3600 pessoas. É praticamente uma cláusula proibitiva da SAF no Flamengo . O sócio do Flamengo não quer a SAF, a maioria deles. Foi praticamente unanimidade. Eu acho que esse esse debate perde muito o sentido. O clube não quer, o sócio não quer, o Rodrigo não quer. Parece que os outros candidatos também não querem. Vamos ser justos? Ninguém quer. Então está ótimo.

- A questão do clube fora do Brasil acho importante, dependendo da oportunidade, né? No caso do Tondela tinham investidores. Não é que queriam adquirir o Tondela, eles que seriam os acionistas majoritários. O Flamengo ia entrar mais ou menos com seu "know how", não ia colocar dinheiro, em tese, mas era um negócio ruim. Acabou que era um negócio que não não vingou porque quando precisa de dinheiro de terceiros para entrar num negócio desse, o dinheiro acaba não aparecendo. Então, assim, era uma situação que não interessava, que não interessou, e depois chegaram a pedir que o Flamengo colocasse dinheiro nisso. Era 20 milhões de euros, se não me engano. E o Flamengo não se manifestou interessado.

- Essa questão do Leixões tem um perfil completamente diferente. Não tem custo nenhum para o Flamengo . Não é uma aquisição, é uma parceria com opção do Flamengo , depois de três anos, se der certo, adquirir por... Não sei de cabeça, esse assunto já passou um pouco, acho que é 5 milhões de euros. Eu acho que o negócio é bom porque você tem um mercado em euro que o Flamengo não tem. A gente tem um estoque grande de jogador, e eles vão estourando a idade, não tem onde colocar. Como por exemplo, lá no Leixões o Werton está se destacando muito. Teve a história do Otávio: colocou lá num clube, o clube exerceu a opção de ficar com o atleta por R$ 5 milhões, e aí, depois de um tempo, um ano, não sei, vendeu esse atleta por 12 milhões de euros.

- O Flamengo podia ter feito isso colocando num clube lá que fosse parceiro nosso ou nosso. Se o negócio estivesse dando certo, ia faturar esse lucro. Assim, o Flamengo ia ser majoritário desse negócio, o outro era minoritário. Do ponto de vista de internacionalização da marca é uma oportunidade boa, e tinha um custo muito baixo de manutenção. Mas como o Flamengo está perto de eleição, esse clube disse: "Olha, eu não quero me envolver em processo eleitoral, vou esperar passar a eleição e a gente retoma esse assunto no ano que vem". É uma possibilidade, eu não sei se o Flamengo vai ter interesse no futuro de exercer essa opção. Vai depender de dar certo, entendeu? Se der certo, a gente exerce, leva para o Conselho (Deliberativo) analisar isso.

- Quem está no Flamengo não pode se preocupar com crítica porque vai receber muita. Crítica que é boa, constrói, né? Acho que é a culpa minha (o Landim ser CEO). O Landim falou para todo mundo que queria ser presidente do Conselho Deliberativo. Só que achei um desperdício. Se eu pretendo ser um bom gestor, como eu vou perder o Landim para o Conselho Deliberativo? Ele era um dos gestores mais disputado do Brasil. Todo mundo sabe da trajetória dele na Petrobrás, no grupo do Eike Batista e da trajetória dele no Flamengo . Ir para o Deliberativo, que é um conselho que se reúne episodicamente, que a dedicação é muito menor, para mim era um desperdício. Então fiz esse convite e fiquei muito feliz de ele aceitar porque é um cara qualificado e vai colaborar com a gestão. A gente tem que contratar os melhores. Eu acho que ele é um dos melhores, se não o melhor.

- Do ponto de vista da Rainha de Inglaterra (críticas recebidas), isso é ridículo. As pessoas me conhecem, eu sou grande benemérito do Flamengo , estou nos últimos 12 anos me dedicando ao Flamengo , conheço tudo de Flamengo . Eu sempre cito o Eduardo Bandeira de Mello, que foi presidente do Flamengo , as pessoas diziam que iam tentar dominar ele, isso não deu certo. Não vai ser comigo. O Landim é um cara altamente preparado, é um cara inteligente para caramba. Foi presidente do clube, trabalhou com Eike, trabalhou com grandes presidente na Petrobrás e entende hierarquia. A gente tem uma parceria importante, um entrosamento ótimo. E isso vai continuar. Mas a palavra final é sempre do presidente. O regime é presidencialista. Eu estou zero preocupado com essas críticas. Deixa falar, isso faz parte.

- (Se tiverem opiniões diferentes?) Esses anos que eu trabalhei lá, uma das coisas que eu mais admirei nele é que tudo que ele faz tem fundamento nas decisões. Mesmo quando a pessoa erra, tem um racional defensável, entendeu? Eu vou trabalhar com ele da mesma forma. Toda vez que eu decidir de uma forma diferente da dele, eu vou estruturar o meu raciocínio e tenho certeza que ele vai entender. Isso é que é legal de ter uma pessoa que você tem uma sintonia maneira, uma harmonia boa. Sempre deu certo. Vai ser muito bom trabalhar com ele e com nossos outros colegas de diretoria, que eu também confio e respeito muito.

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Fonte: Globo Esporte