Autor do gol que colocou fim a invencibilidade de 34 jogos do Corinthians, no último sábado, Santiago Tréllez tem o futebol no sangue
O jogador do Vitória é filho de John Jairo Tréllez, ex-atacante campeão da Libertadores de 1989 pelo Atlético Nacional-COL e com passagens por Boca Juniors, Juventude-RS e seleção colombiana.
Os primeiros passos do centroavante de 1,90m na carreira foram nas categorias de base do Evingado, clube da cidade de Medellín.
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"Desde cedo eu conheci a rotina do futebol por causa do meu pai. Morei com ele em alguns países, mas não podia acompanhá-lo em todos os lugares por causa da escola. Mas procurava visitá-lo sempre", disse, ao ESPN.com.br .
Seu colega de equipe era o meia James Rodríguez, que depois faria sucesso na Copa do Mundo de 2014.
"Temos muita amizade desde os sete anos porque nossos pais [Wilson Rodríguez e John Jairo Tréllez] jogaram juntos na seleção colombiana. Além de atuarmos no Evingado, servimos as seleções de base juntos também desde a Sub-15”, contou.
Santiago Tréllez chegou a visitar o amigo no Real Madrid e tirou foto ao lado de Cristiano Ronaldo.
“Sempre nos concentrávamos juntos e fizemos a amizade crescer. O James adora o Brasil e era muito amigo do Marcelo”, recordou.
- Autógrafo de Ronaldo no Fla
Tréllez passou depois pelo Independiente de Medellín-COL e se destacou ao lado de James na campanha do vice-campeonato do Sul-Americano Sub-17 de 2007, quando o Brasil sagrou-se vencedor. Com isso, o atacante foi contratado para a base do Flamengo.
"Eu fiquei um ano e meio por lá no Sub-17 e no Sub-20. Eu joguei ao lado de Camacho [volante do Corinthians], Renato Augusto [meia do Shangai] e Paulo Victor [goleiro do Grêmio]", relatou.
Na Gávea, o colombiano por muito pouco não conheceu seu grande ídolo no futebol: Ronaldo Fenômeno.
“Não tem jogador igual. Quando ele machucou o joelho no Milan lembro que foi fazer a recuperação no Flamengo. Eu tive que viajar para o Mundial Sub-17 e não pude encontrá-lo”, lamentou.
“Por causa disso, deixei um monte de camisas e objetos do Real Madrid para ele autografar (risos). Meus amigos pegaram as assinaturas. Só não pude tirar uma foto, mas ainda vou conseguir um dia”, comentou.
Após um ano e meio na base do time rubro-negro, Tréllez mudou de clube antes mesmo de estrear entre os profissionais.
"Gostei muito de morar no Rio de Janeiro e do clube. A verdade é que tomei a decisão de ir embora porque o Flamengo não estava passando por um bom momento econômico [salários estavam atrasados] e eu não estava jogando muito. Precisava de um novo ar para seguir minha carreira", afirmou.
Em 2009, Tréllez acertou com o Vélez Sársfield-ARG, mas uma lesão no joelho o impediu de ter uma sequência de partidas.
“Antes de estrear, ainda na pré-temporada, eu me machuquei em um amistoso. Foi o momento mais difícil da minha carreira, mas me recuperei bem e não tenho mais nenhum problema com o joelho”, garantiu.
Na equipe comandada por Ricardo Gareca e que tinha Cristaldo no ataque, ele faturou o Campeonato Argentino.
- Fã de Osorio
Após sair da Argentina, ele passou por Independiente Medellín, San Luis, Monarcas Morelia até chegar ao Atlético Nacional-COL, em 2014.
Na equipe colombiana, ele foi treinado por Juan Carlos Osorio, ex-técnico do São Paulo, atualmente na seleção mexicana.
"Ganhei vários títulos por lá e foi muito importante porque é o time pelo qual torço na Colômbia. E você jogar por essa equipe e ainda sair campeão é diferente. Para mim foi um momento importante", reconheceu.
"Dos treinadores que tive, o Osorio foi o melhor e o que mais aprendi até hoje. Ele é muito bom e tenho um carinho especial", elogiou.
Tréllez ainda defendeu times como Libertad, Arsenal de Sarandí, La Equidad e Deportivo Pasto, antes de acertar com o Vitória, em 2017.
"Depois que saí do Flamengo eu fiquei com a vontade de voltar ao Brasil um dia. Achava que se tivesse a chance de retornar não pensaria duas vezes”, assegurou.
Em apenas cinco jogos disputados com a camisa rubro-negra, o colombiano já marcou três gols.
“Eu estou gostando muito de Salvador e foi mais fácil a adaptação porque já falava português. Isso ajudou demais na comunicação com os companheiros e com o treinador. Eu estou contente demais”, comemorou.
A felicidade passa também pela boa integração com a cultura brasileira.
“A comida é muito parecida com a da Colômbia. E eu adoro música brasileira, principalmente sertaneja. Curto um pouco de forró, pagode e funk também (risos). Mesmo nesses dez anos que passei longe daqui eu continuava escutando a música de vocês.”, finalizou.