Durante a preparação para virar técnico, Filipe Luís prometeu ser 'resultadista' e se adaptar ao tempo e aos adversários

O ex-lateral-esquerdo Filipe Luís assumiu o comando do sub-17 do Flamengo nesta temporada e logo foi promovido ao sub-20. Nesta segunda-feira, chegou ao cargo que almejava quando ainda estava em atividade: o de treinador do elenco principal do rubro-negro. Ele assume após a demissão do treinador Tite . Em entrevista ao GLOBO em 2021, o ex-jogador contou mais detalhes sobre a vocação para o pós-carreira dentro das quatro linhas.

Na época, Filipe Luís ainda era jogador do Flamengo e ainda tinha duas temporadas vestindo a camisa do clube. Mas, já projetava suas ideologias para quando estivesse ao lado do campo.

— Digamos que eu comece a treinar o Figueirense, clube que me revelou e é o clube do meu coração também. Proponho o jogo num 4-3-3 com saída sustentada com o goleiro? Ou vou para um jogo mais direto procurando o resultado? Tenho que adaptar meu estilo aos jogadores que tenho. É necessário, com o time lá embaixo, arriscar uma saída de bola? Vão dizer: 'Mas você não tem uma ideia de jogo definida, só dá balão, é retranqueiro…' Eu vou ser resultadista e ponto. Quero ganhar. Se com aqueles jogadores essa forma de jogar vai me colocar mais perto da vitória, então tenho que fazê-los acreditar nisso. Agora, num time grande, é obrigação jogar. Mais do que ter um estilo, é ser mais completo e se adaptar aos jogadores e ao adversário — falou quando questionado sobre como gostaria que seu time jogasse.

O ex-lateral-esquerdo foi treinado por Diego Simeone, José Mourinho, Jorge Jesus, Rogério Ceni e Tite, demitido da equipe do Flamengo nesta segunda-feira. Tendo aprendido e sido influenciado por cada um, o interino do clube carioca definiu sua formação como treinador como uma "uma mistura de todos os treinadores que teve na carreira". Filipe ainda descreveu que colheu um pouco do estilo de cada, como a parte defensiva do Simeone.

Ainda na perspectiva de jogador, Filipe projetava começar sua carreira como técnico ainda na base de algum clube, como fez no Flamengo, para ter mais experiência. Com uma trajetória meteórica, já chegou ao cargo de principal em menos de um ano. Em 2021, explicou como gostaria de ser na beira dos gramados.

— Não posso ser passivo, tem que ter cobrança. Mas se você me vê jogando, não é meu estilo. Por isso, quero começar primeiro em uma categoria de base para errar, ver, perceber se tenho condições totais de ser treinador. Muitas coisas que a gente imagina que vão ser de um jeito vão ser de outro. Não quero errar no profissional. Atlético de Madrid e Flamengo ofereceram me apoiar no início da carreira. Seria o ideal começar ali (na base). É um jogo mais puro, você percebe até que ponto o treinador pode melhorar o jogador, há mais tempo. Imagina começar no Flamengo e errando no profissional? (risos) — falou ao GLOBO.

O interino ainda ressaltou na época que não gostaria de passar dúvidas para a equipe, porque isso poderia afetar a insegurança dos atletas.

— Durante a semana mudar três, quatro vezes o sistema, a escalação, passar insegurança. Se o treinador estiver com dúvida, os jogadores vão ter dúvidas. O jogador percebe tudo o que o treinador está pensando.

Para Filipe Luís, a "defesa precisa ter muito mais treino que o ataque. Será minha prioridade". O comandante explicou como trabalharia em seus treinamentos, tendo em vista que conviveu com treinadores de variadas filosofias e esquemas.

— Tenho muitos treinos anotados. Do Mourinho, do Jesus... Do Simeone, tenho na cabeça... Do Rogério, é impossível, porque o leque é infinito. Eu passei por todos. Os do Mourinho foram os melhores até agora. Eram dinâmicos, intensos. Os do Jesus eram simples, quase sempre a mesma coisa, mas abriam a cabeça. O Simeone treinava de acordo com adversário. Se eles jogam cruzando bola na área, nós treinávamos defender cruzamento uma semana. Ou o tipo de defesa em zona que ele queria. Passei por tudo. O que eu vou fazer? (risos) Vai ser em função da necessidade da equipe, se o time está sofrendo muito gol, tem que enfatizar. [...] Um time que não toma gol é um time que ganha título. Mas claro que a construção de jogo vai acontecer durante a semana — disse ele.

Fonte: O Globo