Drama, alegria, vitórias, derrotas: as 11 finais da Copa do Brasil com Cruzeiro ou Flamengo (ou os dois)

Título obtido no último minuto, taça com campanha invicta, derrotas em casa e uma delas para um time da segunda divisão, clássico estadual na decisão... Histórias na Copa do Brasil não faltam para Flamengo e Cruzeiro, adversários que fazem a final da edição deste ano a partir de quinta-feira, às 21h45 (de Brasília), no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Em 28 edições, foram 11 finais com um dos dois envolvidos ou até mesmo os dois juntos (como ocorreu em 2003). Ao entrar em campo no Rio de Janeiro, o time rubro-negro buscará o quarto título, enquanto a equipe celeste tentará o quinto.

Até hoje as finais em que essas equipes estiveram presentes tiveram um pouco de tudo: drama, alegria, vitórias emocionantes, derrotas (muito) doloridas. O ESPN.com.br relembra cada uma delas. Confira abaixo.

• 1990

Foi a segunda edição da Copa do Brasil e o time do Flamengo chegou a decisão de forma invicta, tendo eliminado Capelense-AL, Taguatinga-DF, Bahia-BA e Náutico, com 19 gols marcados e apenas cinco sofridos em oito compromissos.

Treinado por Jair Pereira, o Flamengo tinha vários talentos: Júnior, Renato Gaúcho, Marquinhos, Djalminha, Zinho e Marcelinho. Os dois primeiros eram mais velhos, mas os demais eram jovens e ainda conquistaram muitas taças.

O rival da decisão foi o Goiás, do técnico Sebastião Lapola, que tinha um jovem Túlio Maravilha como principal destaque. Para chegar à decisão, eliminou Cruzeiro, Operário-MS, Atlético-MG e Criciúma. Ou seja, exigia respeito.

Foram dois jogos bem duros. O Flamengo venceu o primeiro por 1 a 0, em Juiz de Fora, com um tento do zagueiro Fernando. O segundo jogo terminou sem gols, sendo o único em que os rubro-negros campeões, não venceram no torneio.

• 1993

O Cruzeiro alcançou naquele ano a primeira final do torneio, mas teve pela frente uma pedreira: o Grêmio, que fazia a terceira final em cinco edições  da Copa do Brasil.

Havia muito receio em jogar contra os gremistas, que, embora tivessem disputado a Série B do Brasileiro no ano anterior, já eram encarados como um time especialista em torneios eliminatórios.

Acervo do Cruzeiro/CBF

Time do Cruzeiro campeão em 1993

Setenta mil foram ao Mineirão para a segunda partida da decisão. O empate sem gols em Porto Alegre deu esperança à torcida celeste. O time treinado por Pinheiro venceu por 2 a 1 - gols de Roberto Gaúcho e Cleison - e foi campeão.

O Cruzeiro tinha no elenco Nonato, Éder Aleixo e Roberto Gaúcho entre os nomes famosos. Chegou à final passando por Desportiva Ferroviária-ES, Náutico, São Paulo e Vasco da Gama.

• 1996

O Cruzeiro voltou a disputar a final da Copa do Brasil três anos depois de levantar a taça e já foi com a base que levaria o time também a conquistar a Copa Libertadores em 1997.

Treinados por Levir Culpi, os cruzeirenses tiveram o Palmeiras pela frente. Era uma decisão difícil, ainda mais porque o segundo jogo em São Paulo, no estádio Palestra Itália. Além disso, o time alviverde tinha uma equipe fortíssima, que chegou a marcar mais de cem gols na conquista do Campeonato Paulista daquele ano.

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Nonato (com a taça) e seus companheiros de Cruzeiro comemoram título de 1996

O fato de o primeiro jogo, no Mineirão, em Belo Horizonte, ter terminado 1 a 1 aumentou a confiança dos palmeirenses. Para animar mais ainda o ambiente, o Palmeiras fez 1 a 0, em São Paulo, aos 5 minutos, com Luizão...

Mas o Cruzeiro mostrou espírito de luta e alma copeira. Empatou aos 25 e virou ainda no primeiro tempo aproveitando uma falha do goleiro Velloso. Roberto Gaúcho e depois Marcelo Ramos foram os heróis da conquista celeste, uma das mais celebradas por conta a dificuldade oferecida pelo oponente.

• 1997

O Flamengo voltou a Copa do Brasil sete anos depois da primeira conquista. Dois fatores fizeram os torcedores terem fé naquela conquista. O primeiro é que o time marcou 17 vezes em sete jogos, tendo sofrido só uma derrota na campanha. O segundo é que a equipe de Romário e Sávio decidiria a taça no Maracanã.

Reprodução

Capa do Zero Hora após título do Grêmio em 1997

Foram 95. 125 pagantes no estádio carioca que viram, contudo, o Grêmio sagrar-se campeão. Pois é, o time gaúcho, que estava invicto na Copa do Brasil, surpreendeu. Após empatar sem gols em casa, levou a taça com um 2 a 2, fora.

O zagueiro Mauro Galvão sempre disse que aquela conquista foi uma das maiores da carreira. E ele também foi campeão do torneio contra o Corinthians, no Morumbi, e da Copa Mercosul, contra o Palmeiras, numa virada de 3 a 0 para 4 a 3.

A tristeza rubro-negra foi enorme. A equipe treinada por Sebastião Rocha passou a temporada 1997 em branco, mas era muito talentosa. Além dos dois citados, jogavam também Fábio Baiano, Júnior Baiano, Athirson, Iranildo, Nélio e Evandro.

• 1998

Pela segunda vez na história, Cruzeiro e Palmeiras voltaram a se encontrar em uma decisão da Copa do Brasil.

Os cruzeirenses vinham numa trajetória recheada de títulos e estavam confiantes em levantar a taça pela terceira vez. Mesmo cientes de que decidiram o troféu em São Paulo - dessa vez no Morumbi e não no Palestra Itália.

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Alex é marcado pelos cruzeirenses na final de 1998

Os palmeirenses, contudo, tinham motivos para acreditarem. O elenco era muito bom, com Velloso, Roque Júnior, Júnior, Alex, Zinho, Oséas e Paulo Nunes. Além disso, eram treinados por Luiz Felipe Scolari (campeão em 1991 e 1994 do torneio).

O primeiro jogo teve vitória mineira por 1 a 0, no Mineirão. Fábio Júnior marcou. Na volta, o Palmeiras venceu por 2 a 0, com tentos de Paulo Nunes e Oséas. Foi o primeiro título alviverde na Copa do Brasil e o primeiro vice do Cruzeiro.

• 2000

O terceiro título do Cruzeiro na Copa do Brasil foi o mais emocionante de todos.

Até os 44 do segundo tempo, um empate por 1 a 1, em um Mineirão com quase 86 mil pagantes, estava dando o troféu para o São Paulo. Isso até Müller cochichar algo no ouvido de Geovanni, antes de o companheiro cobrar uma falta na entrada da área. O meia chutou rasteiro, a bola passou por baixo da barreira e entrou no gol. Vitória por 2 a 1 e Cruzeiro campeão.

Depois da final, Müller confessou que sugeriu ao companheiro chutar por baixo da barreira, pois sabia que os defensores são-paulinos iriam pular e que Rogério Ceni não estaria atento ao canto em que a bola morreria.

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Müller foi protagonista do Cruzeiro campeão em 2000

Apesar de jogar como visitante e ter empatado sem gols no Morumbi, o São Paulo era visto como favorito naquele confronto. O time tricolor já havia vencido o Paulista e tinha eliminado duas forças: Palmeiras e Atlético-MG antes da final.

Treinado por Levir Culpi, o São Paulo tinha nomes como Edmílson, Maldonado, Raí, Marcelinho Paraíba e França. O Cruzeiro tinha como técnico Marco Aurélio e os nomes famosos do elenco eram Müller, Geovanni, Sorín, Ricardinho e Oséas.

• 2003

Rivais hoje, Cruzeiro e Flamengo já decidiram a Copa do Brasil de 2003.

No dia 8 de junho de 2003, o Cruzeiro não se intimidou em fazer a primeira partida da final no Maracanã e saiu na frente. E com um golaço, marcado por Alex. No segundo tempo, aos 30 minutos, Deivid tabelou com Aristizábal, avançou pela direita e cruzou rasteiro. O hoje comentarista dos canais ESPN mandou para as redes do gol defendido por Júlio César de letra. Uma pintura.

O lance só não valeu a vitória e a vantagem para a volta por que já nos acréscimos Fernando Baiano deixou tudo igual. Aos 48 minutos, o atacante aproveitou desvio do zagueiro Fernando e mandou para o gol, dando esperança aos rubro-negros.

Em 11 de junho de 2003, o Mineirão recebeu quase 80 mil pessoas e viu o título ser decidido rápido. Foram praticamente 30 minutos para que o Cruzeiro encaminhasse a vitória - e o que foi sua última conquista da Copa do Brasil.

O primeiro gol saiu no primeiro minuto de bola rolando, com Deivid, de cabeça, concluindo cobrança de falta de Alex. Aos 16, outra bola parada, novamente com o meia, acabou em gol de Aristizábal. E, para completar o show do camisa 10, mais uma assistência, aos 28, agora para o zagueiro Luisão. Vitória por 3 a 0.

Dirigido por Vanderlei Luxemburgo, o Cruzeiro faturou naquele ano Estadual, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.

• 2004

Foi possivelmente o maior drama vivido por um dos finalistas desta quinta.

Mais uma vez o Flamengo perdeu uma final de Copa do Brasil em casa, mas a dor foi muito maior do que a sentida em 1997 (para o Grêmio) porque o adversário campeão foi o Santo André, time da segunda divisão nacional.

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Álvaro(E), jogador do Flamengo, e Nunes, do Santo André, em disputa no Maracanã

A equipe do ABC paulista empatou por 2 a 2 a primeira partida, no estádio Palestra Itália. No Maracanã, contrariando todos os presentes, venceu por 2 a 0 e foi campeão. Muitos compararam o ocorrido ao Maracanazo.

O Flamengo era dirigido por Abel Braga e os destaques eram o goleiro Júlio César, o meia Ibson e o lateral/meia Athirson. O Santo André tinha como técnico Péricles Chamusca e o nome mais famoso era do atacante Sandro Gaúcho.

• 2006

Após o trauma de 2004, o Flamengo voltou a decidir a Copa do Brasil em 2006 e foi diante de um de seus maiores rivais, o Vasco. Os dois jogos foram no Maracanã e terminaram com vitória rubro-negra: 2 a 0 e 1 a 0.

Foi a primeira vez no torneio que dois times do mesmo estado fizeram a final.

O time flamenguista tinha Toró, Renato Abreu, Renato Augusto, Obina e Maldonado. Era treinado por Ney Franco. O Vasco, de Renato Gaúcho, também tinha um bom time: Morais, Ramón Meneses e Edílson.

• 2013

Foi o ano do último título do Flamengo na Copa do Brasil. Diante do Atlético-PR, empatou por 1 a 1, em Curitiba, e venceu por 2 a 0, no Rio de Janeiro.

A equipe campeã, contudo, era mais famosa pela garra e não tanto pela técnica.

Dois jogadores campeões naquele ano ainda estão no elenco rubro-negro. No caso,  o goleiro César, que permanece reserva, e o atacante Gabriel, que fez sete jogos e nenhum gol naquele ano; neste, atuou apenas uma vez.

Pedro Henrique Torre/ESPN.com.br

Torcida do Flamengo comemora título da Copa do Brasil de 2013

• 2014

A última final do Cruzeiro foi também um clássico local: Atlético-MG.

Mas o time celeste esteve longe de corresponder ao seu histórico no torneio. Perdeu o primeiro jogo por 2 a 0, no Independência, placar que para muitos analistas ficou barato. E, no Mineirão, foi derrotado por 1 a 0.

Do elenco que jogou aquela decisão, o goleiro Fábio, os zagueiros Léo e Manoel, os volantes Lucas Silva e Henrique estavam no time celeste naquela final - nem todos, obviamente, foram titulares nos jogos da final.