Dourado diz que gols por Flamengo mudaram seu patamar e promete "ceifada incompleta" se tiver Lei do Ex

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Atual campeão, o Flamengo estreia na Copa do Brasil tentando espantar uma zebra que aposta em um velho conhecido da torcida rubro-negra: Henrique Dourado, o "Ceifador". Aos 35 anos, o centroavante continua em atividade, fazendo gols e ceifando pelo Botafogo-PB. Mas promete mudar a tradicional comemoração caso faça valer a "Lei do Ex" no confronto que começa nesta quinta-feira, às 20h (de Brasília), no Castelão de São Luís.

Foi apenas um ano vestindo a camisa do Flamengo, entre 2018 e 2019, mas Dourado guarda um carinho grande pelo clube. Ele acredita que os 15 gols que marcou em 46 jogos no Rubro-Negro o fizeram "mudar de patamar" no cenário do futebol e passar a ter contratos melhores financeiramente. O centroavante é contra não comemorar gol para demonstrar gratidão, mas achou outra solução:

— Eu costumo dizer que os gols que eu fiz no Flamengo me proporcionaram uma mudança de patamar. Uma mudança de vida, uma tranquilidade de vida também para a minha família, para mim. Então sou muito grato a isso. (...) Eu, quando estava no Fluminense e enfrentei o Palmeiras, fiz a ceifada, mas eu não comemorei fazendo a ceifada por completo, por respeito e gratidão a tudo que o Palmeiras tinha me proporcionado em 2014. Então, creio que com o Flamengo também, se acontecer de eu fazer um gol, acredito que também não vou ceifar por completo - disse Dourado, ao ge .

Mas o que seria a "ceifada incompleta"? No jogo citado por Dourado, o Fluminense perdeu por 3 a 1 para o Palmeiras no Allianz Parque, em 2017, mas o centroavante chegou a empatar a partida no primeiro tempo e comemorou colocando a mão sobre o pescoço, mas sem fazer o movimento de "corte" (veja na imagem abaixo) .

Henrique Dourado Palmeiras x Fluminense — Foto: Marcos Ribolli/GloboEsporte.com

Em entrevista exclusiva ao ge , Henrique Dourado recordou sua passagem pelo Flamengo e disse que até hoje se diverte com o meme que ficou marcado em um Fla-Flu. Também garantiu não se arrepender de ter saído no ano mágico do clube em 2019 e comentou a expectativa para o duelo com o "pupilo" Pedro, que era o seu reserva na época do Fluminense. Inclusive, ele lembrou que já fez a comemoração do camisa 9 rubro-negro uma vez em 2014. E, curiosamente, foi no estádio do jogo desta quinta-feira.

ge: Quando aconteceu o sorteio, o time estava junto? Como foi a reação?

Dourado: — Nós estávamos no vestiário, preparados para um treino, e eu lembro exatamente como foi. Nós ligamos o celular e ficamos vendo o sorteio. É bem engraçado porque estava todo mundo assim, e saíram algumas equipes antes de sair a nossa. Aí quando saiu o Flamengo, eu fui um dos que falei: "Vai dar a nossa". Foi batata! "C...", a rapaziada já falou. É aquela vibração de alegria, mas com aquela sensação "vou pegar o time que hoje é dos elencos mais fortes no Brasil". Para nós, vai ser também uma oportunidade de levar o nome do Botafogo-PB, que já tem uma camisa muito forte. E agora vai ser mais uma oportunidade que vamos ter de colocar em prática tudo dessa nova fase do clube, vamos dizer assim.

E como vocês estão encarando o fato do mando de campo ter sido vendido para o Maranhão?

— Claro que nós gostaríamos que o jogo fosse em João Pessoa, mas por forças maiores, por algumas circunstâncias que acabaram acontecendo, para o Botafogo-PB acho que foi importante pela reestruturação que está sendo feita. Tem investido muito na estrutura do clube, mexendo em academia, proporcionando melhorias dentro do CT... Então, para esse momento, foi uma opção bastante interessante para o clube.

Henrique Dourado já fez cinco gols esse ano pelo Botafogo-PB — Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB

O Filipe Luís anunciou que o Matheus Cunha, que é o goleiro reserva, vai jogar. E outros titulares devem ser poupados. Isso anima vocês?

— Eu vi um pouco da declaração dele, mas sei muito bem que, independentemente de quem vier, o time alternativo também é um time forte. É o Flamengo que vai estar aqui. Com ou sem revezamento, a gente ia encarar da mesma forma. Então eu acho que vai continuar sendo duro, vai ser um jogo muito difícil. O Filipe tem feito um grande trabalho lá, então, independentemente dos atletas que vierem, vai ser um jogo muito difícil.

Qual é o objetivo de vocês nesse primeiro jogo? Um empate é bom resultado?

— Nosso grande objetivo da temporada é a Série C, e encaramos também esse jogo contra o Flamengo como um jogo muito especial por tudo que envolve, não só para os atletas, mas para diretoria, torcida... Esperamos um jogo muito difícil, o Flamengo é um bom time, com jogadores que dispensam comentários. Porém, são 11 contra 11, a gente vai jogar para tentar vencer. Sabemos que temos um grande adversário e com grandes jogadores. Porém, como eu falei, no futebol nada é impossível.

Henrique Dourado comemora um gol pelo Flamengo em 2018 — Foto: André Durão

A torcida do Flamengo vai encher o Castelão. Espera alguma reação por parte dos rubro-negros nesse reencontro?

— Olha, eu estou bastante tranquilo quanto a isso. Deixei alguns amigos lá e sei que a torcida com certeza vai ter aquela pegada no pé, que é normal. Porém, até hoje, acredito que o torcedor flamenguista tenha um carinho muito grande por mim. Onde eu vou sempre me tratam com maior respeito. Então espero que seja uma recepção boa, bacana. Mas vai ser um jogo muito duro e muito bacana de se vivenciar nesse momento. Para mim vai ser maravilhoso.

Você já enfrentou um ex-clube nessa Copa do Brasil, que foi a Portuguesa na primeira fase. Não teve gol, mas você deu assistência. Contra o Flamengo vai ter a Lei do Ex?

— Rapaz, a galera está até brincando comigo, falando que tem "Lei do Ex". Espero que tenha. Vamos ter que estudar a melhor maneira para poder buscar esse objetivo. Mas independentemente se tiver ou não, acho que é importante a nossa equipe estar bastante concentrada nesse jogo para conseguir um bom resultado.

E vai comemorar se fizer gol?

— Eu não sei, vai ser muito do momento ali, né? Quando estava no Fluminense e enfrentei o Palmeiras, fiz a ceifada, mas eu não comemorei fazendo a ceifada por completo, por respeito e gratidão a tudo que o Palmeiras tinha me proporcionado em 2014. Então, creio que com o Flamengo também, se acontecer de eu fazer um gol, acredito que também não vou ceifar por completo.

Como avalia a sua passagem pelo Flamengo?

— Eu costumo dizer que foi uma passagem boa, dentro do que foi apresentado naquele ano para nós. Não tive tanta sequência em 2018. No início de 2019, quando eu comecei a ter sequência, fui vendido para a China. Eu acabei escolhendo ir para a China. Mas deixei grandes amigos lá, um clube no qual eu aprendi a gostar também muito, a amar, né? Então sou muito grato. Eu costumo dizer que os gols que fiz no Flamengo me proporcionaram uma mudança de patamar, uma mudança de vida, uma tranquilidade de vida também para a minha família, para mim. Então eu sou muito grato a isso. Acredito que é uma sensação indescritível.

Qual a sua principal lembrança do Flamengo?

— Ah, tenho boas e tenho aquelas que viraram memes, né? (Risos) Tem aquele gol de bicicleta que eu fiz em 2019, que ficou marcado na minha carreira (veja no minuto 01:40 do vídeo acima) . E tem o meme que eu confundi, né? Já tinha ido para o Flamengo, aí num jogo no Mané Garrincha me deu um branco ali na hora e fui tirar foto com o time do Fluminense (risos). E a galera pegou o vídeo e viralizou, aí foi uma situação bem engraçada até hoje. Brincam bastante com isso daí.

Você acabou saindo no início do ano mágico do Flamengo. Hoje olhando para trás, se arrepende disso?

— Não me arrependo, cara. Eu acredito muito nos planos de Deus nas nossas vidas, sabe? E no momento era uma proposta irrecusável, então foi aquilo que eu escolhi. É claro que depois eu voltei para o Brasil e acompanhei de perto o processo da era do Jorge Jesus. No meu pior momento da carreira, quando quebrei minha perna na China, o Flamengo foi quem abriu as portas para fazer toda a minha recuperação lá. Então eu peguei essa transição, do Abel Braga para o Jorge Jesus. Claro que a gente fica assim: "Pô, eu poderia estar fazendo parte também". Mas eu não me arrependo, foi uma escolha minha.

Você não ficou até o final, mas participou da campanha do título carioca. Chegou a receber a medalha?

— Não, eu não peguei a minha medalha. Eu participei da oração dentro do vestiário, mas não quis ir ao campo. Na época alguns atletas que estavam comigo insistiram para pegar a medalha, mas eu não me senti confortável e acabei optando em ficar no meu canto ali. Da Florida Cup eu tenho a medalha.

Do Flamengo daquela época só sobraram o Arrascaeta e o Bruno Henrique. Tem contato com eles?

— Não, a gente não se fala muito. É mais Instagram, mas não temos tanto contato.

Gabigol e Dourado no Flamengo em 2019 — Foto: alexandre vidal/flamengo

E com o Pedro?

— Sim, com o Pedro a gente já tem mais contato, né? É um cara que nós convivemos muito na época do Fluminense, fui no aniversário dele quando voltei da China... É um cara que eu torço muito por ele, e ele sabe disso. Ainda não falei com ele desse jogo, mas vou falar com ele. Vai ser bom revê-lo depois de um longo tempo.

Você chegou a dar conselhos para ele nessa época? Tem alguma coisa do Dourado no estilo do Pedro?

— Alguns conselhos sim. Na época o Pedro era o meu suplente, mas ele sempre foi um cara diferente. Nós conversávamos muito, eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria despontar como ele fez sempre na base. Eu aprendi muito com ele, e ele aprendeu algumas coisas também. E agora está voando o Pedroca, chamo ele de Pedroca (risos). Sempre falei que era um cara muito diferente em relação à técnica dele. O Pedro é mais técnico do que eu.

— Ah, acho que não cheguei a comentar isso com ele, mas essa comemoração do Pedro eu fiz no Palmeiras, antes do ceifador. Foi só em um jogo, e foi meio que me apresentando para torcida (veja abaixo) . Foi lá no Maranhão, em São Luís, onde vai ser o jogo agora (risos). Mas deixa essa comemoração para o Pedrão.

Henrique Dourado comemora um gol fazendo reverência pelo Palmeiras em 2014 — Foto: Reprodução

Falando em comemoração, curiosamente os últimos três centroavantes do Flamengo têm essa semelhança de terem uma forma tradicional de comemorar: você, Gabigol e agora o Pedro.

— Acho que é muito de perfil também. Hoje eu vejo que alguns atletas têm tentado criar essa identificação, essa identidade de ter a sua comemoração. Eu digo que a minha foi espontânea. Eu pensei em fazer, óbvio, mas o gesto foi espontâneo e pegou. Mas eu acredito que ultimamente o futebol tem se tornado um pouquinho restrito, está se tornando um pouco chato porque às vezes a galera acha que é falta de respeito em algumas comemorações.

— Tem que tomar certos tipos de cuidados para não ser advertido, fora isso acho que tem que continuar e virem mais atacantes fazendo suas próprias comemorações. Eu acho que o futebol é um evento que é para ser um espetáculo, para tentar levar uma alegria, algo diferente para as pessoas. Então, tem que continuar assim e quem pensar (em comemoração) tem que colocar em prática.

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Fonte: Globo Esporte