Do gol de barriga aos títulos, Renato Gaúcho brinca com idolatria em Fluminense e Flamengo: "Difícil de entender"

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O local de nascimento é o Rio Grande do Sul, mas ele passa tranquilamente como um verdadeiro carioca. Com passagens por Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, seja como jogador ou treinador, Renato Gaúcho viveu grandes momentos no futebol do Rio de Janeiro, especialmente no Rubro-Negro e no Tricolor, que decidem o campeonato estadual neste domingo.

Renato é o autor de um dos maiores gols da história do Fluminense: o de barriga que deu o título carioca ao clube de Laranjeiras em 1995 no centenário do Flamengo. Trinta anos depois, a marra habitual que sempre acompanhou o ex-jogador deu lugar à humildade quando perguntado se este era o mais importante de sua carreira. Além disso, ele contou como é a relação "de amor e ódio" com as duas torcidas.

- O torcedor do Fluminense é o que mais festeja. Em compensação, o que eu escuto de elogio de um lado, tem crítica do outro lado por parte da torcida do Flamengo. Eu escuto até hoje. Sem dúvida alguma é um dos gols mais importantes da minha carreira, de um título que o Fluminense não conquistava há nove, dez anos... Muitos problemas, salários atrasados, e a gente conseguiu dar alegrias à torcida do Fluminense. Mas até hoje, 30 anos depois, escuto elogios de um lado e críticas do outro - declarou Renato Gaúcho em entrevista ao Globo Esporte.

Apesar do brilho no Fluminense e da veneração do torcedor tricolor com o gol de barriga, Renato já era ídolo do Flamengo. Campeão brasileiro (1987) e da Copa do Brasil (1990) pelo Rubro-Negro, ele afirmou que ser reconhecido pelas duas torcidas é "difícil de entender".

- Eu conquistei Taça Guanabara, Campeonato Brasileiro de 1987, Copa do Brasil de 1990... Meu maior sonho era vestir a camisa do Flamengo no Maracanã jogando ao lado do meu grande ídolo, que é o Zico. E no ano que eu cheguei, em 1987, eu pude concretizar esse sonho e ser campeão brasileiro abraçando e sendo abraçado pelo Zico. Eu ganhei a Bola de Ouro (melhor jogador do campeonato), inclusive, joguei muito naquele ano. Para mim foi unir o útil ao agradável - disse.

- É difícil você jogar nesses dois clubes e ser ídolo. Até hoje os torcedores do Fluminense quando me encontram tiram foto com a mão na barriga, os flamenguistas me vaiam no jogo do Zico, mas tiram foto quando me encontram... É uma coisa que não entrou na minha cabeça. Ser ídolo desses dois clubes é difícil de entender - completou.

Renato Gaúcho brilhou com as camisas de Flamengo e Fluminense — Foto: Editoria de Arte

Campeão da Conmebol Libertadores com o Grêmio em 2017, Renato Gaúcho poderia ser tricampeão como treinador. Sob o comando de Fluminense e Flamengo, ele chegou nas finais de 2008 e 2021, mas ficou com o vice nas duas de maneira traumática. Pelo Tricolor, derrota nos pênaltis para a LDU. Já no Rubro-Negro, o revés veio diante do Palmeiras, na prorrogação, após Andreas Pereira tropeçar e perder a bola para Deyverson na frente da área. Portaluppi citou que suas maiores frustrações são justamente essas duas, além do Brasileiro de 1992, quando jogava no Botafogo.

- No Maracanã, a gente conseguiu reverter o placar de lá da LDU, em Quito, e perdemos nos pênaltis. Com o Flamengo, o Andreas pisou na bola e tomamos o gol do Palmeiras, que tínhamos grandes chances de conquistar o título. Quando perde, as pessoas gostam de criticar, mas eu não faria nada de diferente tanto no Fluminense quanto no Flamengo. É aquele detalhezinho. Perdeu não é bom. Se tivesse ganhado seria perfeito. Mas futebol é assim, quando perde não faltam críticas, mas quando ganha, mesmo que faça a coisa errada, apaga todos os erros.

Renato Gaúcho deixou o Flamengo após a derrota em Montevidéu muito criticado, mas avaliou o trabalho de maneira positiva. O treinador citou os números, lembrou dos problemas que teve por lesão e afirmou que realizou um sonho.

- Era um dos meus sonhos (treinar o Flamengo), e a torcida sempre cobrava por causa do gol de barriga. Eu fiz um grande trabalho como técnico do Flamengo, os números estão aí, mas infelizmente nós não conquistamos nenhum título. A Libertadores por pouco escapou, o Andreas pisou na bola, a gente tinha grandes chances de conquistar. A história seria outra. Futebol é assim mesmo, é cheio de surpresa. Mas tenho certeza que o tempo que fiquei no Flamengo eu fiz um grande trabalho, meus números só ficam atrás do Jorge Jesus. Tive 70% e pouco de aproveitamento e com muitos problemas de jogadores no departamento médico. Futebol é assim, não adianta ficar lembrando somente do passado. Tem que buscar o melhor - analisou.

Renato Gaúcho foi vice da Libertadores em 2008 e em 2021 — Foto: AFP; Getty Images

Após realizar o sonho de treinar o Flamengo, Renato Gaúcho agora quer a seleção brasileira. Cotado em outras oportunidades para assumir o cargo, ele revelou que trabalha por isso ainda.

- Treinar a seleção brasileira. É um sonho que todo treinador deve ter. Quando eu comecei no Grêmio, com 18 anos, eu sonhava em chegar na seleção brasileira. Com 19 eu cheguei e fiquei lá dez anos. Eu tenho o sonho, não sei se vou chegar, mas tenho que ter esse sonho. Tive quando jogador e fiquei por dez anos. Eu procuro fazer os melhores trabalhos nos clubes para ter resultado e chegar na seleção brasileira. Se vou chegar eu não sei, mas é um sonho que tenho - contou.

Sem trabalhar desde o fim do ano passado, quando deixou o Grêmio, Renato Gaúcho revelou que está perto de voltar à área técnica. Após negociar com Vasco e Santos para a temporada 2025, o treinador disse o que busca para o próximo projeto.

- A qualquer momento. Já deu para descansar um pouco, estão tentando acabar com esse descanso, mas estou resistindo. Uma boa oferta vai me tirar do descanso. Um time bom também ajuda.

Fonte: Globo Esporte