Dinheiro ou sucesso esportivo? De Vini Jr a Endrick, Flamengo e Palmeiras gerem suas joias de formas distintas

Favoritos a todas as conquistas do continente nos últimos anos, Flamengo e Palmeiras se reencontram ainda na disputa pelo título do Brasileiro, às 21h30, no Maracanã, e buscam se redimir de uma temporada abaixo do esperado. Enquanto o clube paulista e sua torcida nutrem esperança em uma arrancada personificada na figura do jovem Endrick, de 17 anos, os cariocas se deparam com uma realidade frustrante, em que estrelas como Gabigol e Arrascaeta vivem fase ruim, e desta vez não há uma joia da base para recorrer como nos tempos de Vinicius Junior e Paquetá, há cinco anos.

Traçar um paralelo entre os dois raros talentos no ataque serve para entender como cada clube agiu e age quando revela jogadores para o time principal. Assim como Vini Jr, Endrick só ficará no Brasil até completar 18 anos, quando se apresenta ao Real Madrid, que pagará pelo atacante quase R$ 200 milhões, fora bonificações. Mas ao longo dos últimos três anos, o Palmeiras de Abel Ferreira lançou e utilizou mais de 30 jovens, ainda que o técnico tenha sido criticado por demorar a usar alguns deles. Endrick mesmo, o português entendeu que não estava pronto para ser titular, e foi preservado até agora.

No Flamengo, tal realidade nem é possível. Pois não há nas categorias inferiores ou entre os jovens integrados ao time principal nomes capazes de fazer tanta diferença. Atacante, nenhum garoto no time de cima. Lorran, de 17, foi observado, mas desceu novamente. E os que haviam, a diretoria negociou ao longo da temporada, caso de Matheus França, vendido ao Crystal Palace, da Inglaterra. Com a saída do meia, do volante João Gomes, do lateral Ramon e do zagueiro Thuler, o Flamengo arrecadou quase R$ 250 milhões, e reverteu valor semelhante para compras que não deram resultado. Gomes ainda foi útil até o meio da temporada, os demais nem isso. Outros como o atacante André e o goleiro Hugo Souza foram para times medianos em Portugal, emprestados. O meia Matheus Gonçalves foi cedido ao Bragantino.

No Palmeiras, a arrecadação com vendas em 2023 é de quase R$ 170 milhões, segundo o balanço financeiro do clube até setembro, que não considera, ainda, os valores de Endrick. Mas se perdeu seu principal talento, o clube tratou de preservar os demais. Fora a venda de Giovani para o Al Sadd, do Catar, por 9 milhões de euros, recentemente renovaram contratos cinco jogadores do atual elenco profissional que foram formados nas categorias de base.

O zagueiro Naves e o meia-atacante Jhon Jhon, que tinham contrato até o fim de 2025, ampliaram por mais dois anos. O volante Fabinho e os laterais Garcia e Vanderlan estenderam os atuais acordos por mais uma temporada. Desde 2020, um total de 38 jogadores formados na base do Palmeiras atuaram pelo time de Abel. Foram 13 estreias em 2020, 14 estreias em 2021, uma em 2022 (Endrick) e três em 2023 (Ian, Pedro Lima e Luis Guilherme), além de sete que já haviam estreado em temporadas anteriores, como o atacante Kevin.

No Flamengo, a política do clube tem sido, desde 2018, vender seus jovens talentos e investir em jogadores prontos. Foi assim com Vini Jr, depois Paquetá, e muitos que vieram na esterira de valorização que os atletas rubro-negros tiveram com essas duas saídas. Recentemente, renovaram contrato o goleiro Matheus Cunha e o lateral-direito Matheuzinho. O titular da posição, Wesley, teve proposta do Barcelona recusada, mas o clube espanhol pode voltar à carga em 2024. No ano passado, o volante Victor Hugo também estendeu seu contrato. Todos utilizados no time principal, mas nenhum além de Wesley se firmou este ano.

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Fonte: Extra