O ex-meia Diego Ribas disse que passou da hora de clubes agirem contra apostas esportivas e educarem seus jogadores sobre o tema. O ex-atleta, que foi companheiro de Bruno Henrique no Flamengo , elogiou o atacante , indiciado pela Polícia Federal por supostamente ter forçado um cartão amarelo e beneficiado apostadores em partida contra o Santos , pelo Campeonato Brasileiro de 2023, e disse torcer "para que isso se resolva da melhor forma possível".
Diego também disse não compactuar com casas de apostas. Ele afirmou conhecer "jogadores jovens, com uma carreira promissora, que colocaram tudo a perder por causa desse vício" e disse que atletas "podem se tornar vítimas" ao "compartilhar informações" sobre jogos mesmo em ambiente de segurança.
"Convivi quatro anos com o Bruno Henrique. Um cara maravilhoso, um coração incrível. O Bruno é exatamente isso que ele passa para vocês. Um cara humilde, autêntico, verdadeiro. E eu fico aqui na torcida para que isso se resolva da melhor forma possível", iniciou.
"Mas eu não estou aqui apenas para falar do Bruno Henrique. Eu estou aqui para falar de uma nova realidade que os atletas vivem devido à inserção das casas de apostas, que eu respeito, mas não compactuo. Eu respeito, mas não incentivo as pessoas a participarem desse mundo. Pela dependência que ela traz e pelo prejuízo em todas as áreas da vida", seguiu.
"Tenho amigos internados em clínicas de dependente químico. Jogadores jovens, com uma carreira promissora, que colocaram tudo a perder por causa desse vício. Então, eu não compactuo e não incentivo. Mas é uma realidade, os números são exorbitantes, são bilhões envolvidos", continuou.
"É difícil para os jogadores também, que podem se tornar vítimas em ambiente de segurança, em um churrasco, em uma conversa que tem na sua casa. Você pode compartilhar informações daquilo que vai acontecer no jogo: 'Quem vai bater o pênalti sou eu'. Imagina o Memphis que decidiu fazer aquela jogada que ele chutou a bola para fora. E foi uma decisão dele, até onde eu me informei. Se ele fala para amigos ali, em uma ambiente de segurança dele e alguém se beneficia financeiramente daquilo, ou se ele fala por uma mensagem. Nem todos os jogadores têm a malícia. Apenas estão compartilhando em um ambiente de intimidade, compartilhando informações como sempre fizeram. Só que hoje não podem mais", acrescentou.
O ex-atleta pediu que clubes e casas de apostas ajudem os jogadores com essa nova realidade.
"Passou da hora dos clubes e das casas de apostas proporcionarem cursos, cartilha de comportamento. Reeducar os jogadores para se comportar dentro do ambiente onde eles estão inseridos hoje e que podem sim ser prejudicados. Não estou falando que situação de A, B ou C foi isso que aconteceu, mas tenho a certeza absoluta disso que estou falando. Pode acontecer e pode prejudicar alguém, se não já prejudicou nesse caminho", disse.
"A minha mensagem aqui é para que todos nós tenhamos a consciência do que está acontecendo, é uma realidade que tem que ser vivida. As casas de apostas estão inseridas hoje no meio do esporte, principalmente do futebol. Mas os jogadores têm que ser reeducados para poder não ter problema dentro desse meio e dessa situação, dentro dessa novidade que pode ser um grande problema", concluiu.
Leia o desabafo completo de Diego Ribas
"Bruno Henrique e as casas de apostas. Jogador se envolveu em um grande problema, está sendo investigado pela Polícia Federal por um suposto favorecimento a amigos, familiares. O que eu posso dizer sobre isso? Convivi quatro anos com o Bruno Henrique. Um cara maravilhoso, um coração incrível. O Bruno é exatamente isso que ele passa para vocês. Um cara humilde, autêntico, verdadeiro. E eu fico aqui na torcida para que isso se resolva da melhor forma possível.
Mas eu não estou aqui apenas para falar do Bruno Henrique. Eu estou aqui para falar de uma nova realidade que os atletas vivem devido à inserção das casas de apostas, que eu respeito, mas não compactuo. Eu respeito, mas não incentivo as pessoas a participarem desse mundo. Pela dependência química que ela traz e pelo prejuízo em todas as áreas da vida. 'Ah, Diego, mas tem outros vícios também que as pessoas incentivam, o álcool, a pornografia, tudo isso pode se tornar um grande vício'. Sim, mas a casa de aposta traz algo a mais, a parte da dependência química, ela (também) traz a ilusão do favorecimento, do benefício financeiro. É ilusão, porque realmente o final disso é terrível.
Tenho amigos internados em clínicas de dependente químico. Jogadores jovens, com uma carreira promissora, que colocaram tudo a perder por causa desse vício. Então, eu não compactuo e não incentivo. Mas é uma realidade, os números são exorbitantes, são bilhões envolvidos. E isso é difícil para os jogadores também, que podem se tornar vítimas ambiente de segurança, num churrasco, numa conversa que tem na sua casa, você pode compartilhar informações daquilo que vai acontecer no jogo, 'quem vai bater o pênalti sou eu'. Imagina o Memphis que decidiu fazer aquela jogada que ele chutou a bola para fora. E foi uma decisão dele, até onde eu me informei. Se ele fala para amigos ali, em uma ambiente de segurança dele e alguém se beneficia financeiramente daquilo, ou se ele fala por uma mensagem. Nem todos os jogadores têm a malícia. Apenas estão compartilhando num ambiente de intimidade, compartilhando informações como sempre fizeram. Só que hoje não podem mais. Por que eu falo isso e trago esse assunto à tona?
Porque passou da hora dos clubes e das casas de apostas proporcionarem cursos, cartilha de comportamento. Reeducar os jogadores para se comportar dentro do ambiente onde eles estão inseridos hoje e que podem sim ser prejudicados. Não estou falando que situação de A, B ou C foi isso que aconteceu, mas tenho a certeza absoluta disso que estou falando. Pode acontecer e pode prejudicar alguém, se não já prejudicou nesse caminho. A minha mensagem aqui é para que todos nós tenhamos a consciência do que está acontecendo, é uma realidade que tem que ser vivida. As casas de apostas estão inseridas hoje no meio do esporte, principalmente do futebol. Mas os jogadores têm que ser reeducados para poder não ter problema dentro desse meio e dessa situação, dentro dessa novidade que pode ser um grande problema. Essa é minha mensagem."