Difícil saber ao certo se os US$ 7,5 milhões (cerca de R$ 46 milhões) estabelecidos pela Fifa para a indenização aos clubes que tiverem jogadores lesionados a serviço de suas seleções serão suficientes para aliviar a perda financeira do Flamengo nos nove meses previstos para o retorno de Pedro aos gramados. Não sei, mesmo. Mas uma coisa eu garanto: desportivamente, não há dinheiro que atenue a falta que ele fará ao time na reta final da temporada.
Vejam bem: Tite não comprou à toa o desgaste com o ídolo Gabriel Barbosa, entregando a Pedro o comando do ataque rubro-negro. É que treino a treino, jogo a jogo, o centroavante que, em 2023, teve participação direta em 35 gols (31 marcados e quatro assistências) nas 59 partidas com a camisa do clube, conquistou seu espaço. Como o time havia disputado 76 jogos, Pedro esteve perto de fazer um gol a cada dois jogos do Flamengo.
Este ano, Pedro caminhava para repetir o aproveitamento, já tendo feito 30 gols em 43 das 52 partidas do time até aqui – 0,69 gol por jogo. São 34,8% dos 86 gols do Flamengo nesta temporada. E se forem computadas as oito assistências, o centroavante chega a 38 participações diretas em gols, atingindo quase um por jogo – 88,3%. Ou seja: mais do que um jogador formidável, Pedro estava sendo estratégico para o mecanismo de Tite.
Com Pedro no time, o Flamengo venceu 57,1% dos jogos que disputou no Brasileiro, 66,6% na Libertadores e 75% na Copa do Brasil. Mas isso não significa que, sem ele, o time fique condenado ao insucesso – nos últimos quatro confrontos em que esteve ausente, foram duas derrotas e duas vitórias. Ocorre que, a esta altura da temporada, na reta final de três competições, o sistema de Tite perde mais um terço de sua força ofensiva.
Como o futebol é um jogo coletivo, que depende de encaixes táticos e sistêmicos, não será fácil melhorar o que a torcida considerava insatisfatório. Gabriel Barbosa? Bruno Henrique? Carlinhos? Não sei. Só mesmo os treinos trarão as respostas que Tite necessita. Isso, se até lá ele não se deparar com fatalidades que já atormentaram alguns de seus rivais em diferentes fases do calendário...
A dor é também de Dorival Júnior, que hoje estreará no comando da seleção brasileira em jogos das Eliminatórias da Copa de 2026. O confronto com o Equador, em Curitiba, faz parte do processo de maturação de um trabalho que está atrasado em dois anos.