Desordem e nervosismo pautam um péssimo Flamengo contra o Peñarol

Pouco mais de cinco anos depois de vir ao Maracanã e bater o Flamengo pela fase de grupos da Libertadores, o Peñarol repetiu o feito com requintes de crueldade na noite desta quinta-feira. Agora o triunfo em fase eliminatória fez cair por terra o amplo favoritismo do rubro-negro antes de a bola rolar no confronto. O desempenho do time carioca esteve muito abaixo do nível ideal.

Se quiser chegar na semifinal de Libertadores, o Mais Querido terá que quebrar marcas. Não venceu nenhum dos quatro jogos que fez fora de casa nesta Libertadores e jamais bateu o Carbonero na condição de visitante na história. Os uruguaios chegaram bem perto da perfeição na execução da proposta adotada, e o Flamengo não mostrou-se capaz de ter um volume criativo aceitável.

Escalações

Tite optou por deixar Léo Ortiz no banco. Montou o meio-campo titular na maior parte dos jogos da temporada: Pulgar, De la Cruz e Arrascaeta. Plata e Gérson partiram dos lados. Bruno Henrique atuou centralizado no ataque. Diego Aguirre repetiu a base que o Peñarol mais apresentou recentemente. Montou um 4-2-3-1 com Léo Fernández se aproximando de Maxi Silvera por dentro.

Como Flamengo e Peñarol iniciaram o primeiro jogo das quartas de final da Libertadores 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

O torcedor rubro-negro não demorou muito tempo para entender que se frustraria profundamente com o 1º tempo da equipe no Maracanã. Antes dos dez minutos o Peñarol já tinha incomodado a meta de Rossi em duas ocasiões. Fruto da extrema precipitação e da descoordenação nos movimentos ofensivos do time brasileiro. Consequentemente errava passes e cedia contragolpes ao adversário.

Assim como no duelo diante do Vasco, Tite liberou os movimentos do quarteto ofensivo e dos laterais. Não havia setores pré-estabelecidos para eles ocuparem, como na maior parte dos jogos do Flamengo em 2024. A combinação entre esses movimentos, no entanto, não foi funcional. Por vezes a equipe ocupou mal os espaços, impossibilitando que a bola circulasse de forma mais limpa.

Isso acabou gerando nervosismo e precipitação, principalmente porque o Peñarol marcava forte e de forma organizada. Era compacto, agressivo, coordenado para flutuar de um lado a outro. Pulgar era o principal retrato dos problemas de construção do Flamengo. Já tinha errado um passe sem sentido antes de dar novamente nos pés uruguaios e ver o contragolpe do gol rival ser montado.

Léo Pereira tenta em vão evitar o primeiro gol do jogo entre Flamengo e Peñarol — Foto: André Durão

Léo Fernández, Cabrera - autor do gol -, Silvera e Báez formaram um quarteto infernal para a defesa brasileira brecar em transições rápidas. Com o desajuste ofensivo, o Flamengo não conseguia se organizar para as recomposições em tempo hábil, reagia tardiamente, e chegou perto de sofrer o segundo gol nos acréscimos da 1ª etapa. Fabricio Bruno e Léo Pereira estiveram hesitantes.

A esta altura o time já tinha melhorado um pouco. A partir de Gérson, novamente o melhor da equipe, as decisões no campo de ataque ganharam precisão. Arrascaeta, que havia começado muito mal, aos poucos entrou nos trilhos e gerou as duas jogadas de maior perigo do clube da Gávea. Aguerre foi muito bem em finalizações dele e de Bruno Henrique. Evitou o empate.

Plata chegou a meter uma bola na trave, mas não encaixou tantas combinações boas com Alex Sandro pela esquerda. O lado direito rubro-negro era pouco povoado. Gérson variava por outros setores. Varela ficava muito sozinho ou também afunilava na hora de atacar. Arrascaeta buscava mais o lado esquerdo. De la Cruz tentava dar ritmo, mas esbanjava imprecisão em passes primordiais.

Bruno Henrique sobe para o cabeceio diante do goleiro Aguerre em Flamengo x Peñarol — Foto: André Durão

Tite sacou Varela no intervalo e colocou Wesley em campo. Trabalhou mais fixo e bem aberto pela direita. Pulgar foi mantido em campo, mas não demorou para ficar pendurado com um cartão amarelo e foi enfim sacado. Alcaraz entrou. O time não ganhou fluência. Se desgastava com o esforço que fazia sem a organização necessária.

O Peñarol incomodava depois de controlar a ''primeira'' ou ''segunda'' bola das ligações diretas que fazia, e o rubro-negro era permissivo perto da própria área. Carlinhos e Ayrton Lucas foram novas cartadas de Tite antes mesmo dos 20 minutos. Plata e Alex Sandro deixaram o gramado. Bruno Henrique passou para o lado esquerdo do ataque. Na sequência, Léo Ortiz substituiu um esgotado De la Cruz.

O Flamengo não deixou de tentar pressionar durante a 2ª etapa, mas não conseguiu concretizar nenhuma jogada de real perigo à meta do Peñarol. Quando chegou perto de fazer isso, foi bloqueado pela organizadíssima linha defensiva carbonera. Fez muita força para chegar na área.

A realidade é que faltou senso coletivo à equipe. Poucas jogadas combinadas aconteceram, e até mesmo jogadores que se destacaram individualmente no 1º tempo caíram de produção depois do intervalo.

Fonte: Globo Esporte