Demitido do Flamengo no dia 4 de janeiro, Marcio Tannure, ex-gerente de saúde e alto rendimento, fez críticas às mudanças promovidas pela nova diretoria. O médico saiu duas semanas depois de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, ser empossado presidente. José Luiz Runco, antigo desafeto de Tannure, assumiu o cargo de diretor médico geral do clube.
- O cara (Bap) diz que vem profissionalizar e traz só pessoas que estavam aposentadas, há mais de 10 anos fora do mercado. Você manda (embora) todos os funcionários que você investiu, que você educou, perdeu tempo desenvolvendo eles, paga a rescisão para eles todos, mais de 60, para jogar eles no mercado para os outros clubes. E ex-profissional do Flamengo é peça rara no mercado, não fica sem trabalho. Eu não acho isso profissionalismo. Se for numa empresa séria, ninguém vai fazer isso. Isso é profissionalismo ou pessoalismo? Coisas pessoais e você está se utilizando da máquina que não é sua para fazer justiça com as próprias mãos? São coisas muito diferentes - disse Tannure em entrevista ao Charla podcast.
- Talvez tenha me pegado de surpresa porque foi vendido um discurso... É que nem político, depois de eleito muda. De profissionalismo não teve nada. Óbvio que tem muitas coisas erradas, acho que precisavam ser mudadas. Concordo, sem sombra de dúvida. Mas tem coisas que independentemente de tudo, os fatos estão aí. Pessoas fazem narrativas, criam personagens, mas os fatos existem: o grupo que se formou lá ganhou o que nunca foi ganho em nenhum outro clube. Por isso digo que é zero profissionalismo, para mim é politicagem - completou o ex-gerente do DM do Flamengo .
Marcio Tannure foi demitido do Flamengo no início de janeiro — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Tannure trabalhou seis anos com Runco, que saiu do Flamengo no segundo semestre de 2015. A rixa entre os dois começou em 2017, quando Guilherme Runco, filho do atual diretor do departamento, deixou a equipe médica do clube após desentendimento com Tannure. Na época, pai e filho disseram que havia acordo para que as cirurgias no elenco fossem realizadas por Guilherme, mas ele ficou fora da operação de Diego e pediu demissão .
- Eu não tenho nada contra ninguém. Até quando o presidente (Bap) me desligou, falou: "Ele (Runco) vem como diretor, foi um acordo político". Foi até sincero comigo nesse sentido. Eu não teria problema (em trabalhar com ele). "Ah, mas ele disse que teria problema contigo". Eu tenho certeza que ele falaria isso. Mas vocês podem ir no RH e ver que o filho dele que pediu para sair, eu não queria, pedi para ele ficar. Estou pagando o preço de algo que eu nem fiz. Eu fui mandado embora, não foi uma escolha minha. Mas eu acho que foi o melhor para mim e o melhor para o clube. Acho que o erro foi na reposição, porque que as coisas são cíclicas - concluiu Tannure.
Guilherme Runco ao lado do pai José Luiz Runco — Foto: Divulgação
Ao assumir o DM do Flamengo , Runco promoveu uma demissão em massa. O ge apurou que mais de 40 pessoas foram desligadas do setor. Num primeiro momento, a escolha por Runco causou descontentamento e preocupação em uma ala do clube. O entendimento é que a troca da metodologia do departamento médico e o fato de o profissional estar fora da rotina de um clube há quase uma década podem causar problemas. Algumas decisões imediatas do diretor foram reprovadas e revertidas pelo departamento de futebol.
Runco é o chefe geral do DM do Flamengo . Fernando Sassaki, que ocupava a chefia médica da base, foi promovido a diretor do departamento profissional.
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