O criminalista Ricardo Pieri Nunes, que defende Bruno Henrique, entrou com pedido de arquivamento da investigação contra o atacante do Flamengo, e alegou que forçar cartão não é crime, por lei.
O pedido foi encaminhado nesta terça-feira à 7ª Vara Criminal de Brasília, que decidirá se acolhe o argumento da defesa e arquiva o inquérito, ou se o caso seguirá para o Ministério Público.
Ricardo Pieri afirma na petição que a prática de forçar cartões como parte de estratégia tática é pública e conhecida no meio esportivo, inclusive incentivada por técnicos e admitida por outros atletas.
“Não há dolo de fraudar o resultado, mas sim de se poupar fisicamente ou zerar a contagem de cartões para não desfalcar o time em jogos decisivos”, diz um trecho da petição, publicada inicialmente pelo portal Léo Dias.
A defesa de Bruno Henrique compartilhou o teor completo da justificativa. Veja:
"É necessário destacar que o tipo penal do artigo 200 da Lei Geral do Esporte não se aplica à situação hipotética de um atleta que deliberadamente recebe um cartão amarelo em razão de estratégia desportiva, como ocorre nos casos em que o jogador se encontra “pendurado” com dois cartões e opta por forçar a suspensão em partida, com intuito de evitar desfalque em confrontos posteriores, ou aproveitando para se poupar fisicamente. É que tal prática, embora possa ser objeto de debate sob a ótica da ética desportiva, é conhecida, admitida e publicamente debatida entre atletas, treinadores, dirigentes e ex-árbitros, como expediente tático possível dentro da lógica competitiva do esporte de alto rendimento", diz um trecho do texto.
Bruno Henrique é investigado pelo recebimento do cartão amarelo, de forma proposital, na partida contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) decidiu reabrir a investigação do caso de Bruno Henrique sobre suposto envolvimento com manipulação de resultados esportivos. A determinação foi feita por Luís Otávio Veríssimo Teixeira, presidente do STJD, após o recebimento do inquérito produzido pela Polícia Federal que levou o atacante a ser indiciado na esfera criminal. Veríssimo Teixeira determinou que Maxwell Borges de Moura Vieira, vice-presidente do STJD, será o auditor processante do caso. Ao fim da investigação, o Tribunal vai decidir se denunciará ou não Bruno Henrique.