De ignorado a xodó: como Hugo mudou história do gol do Flamengo em um mês

Já são 12 anos de Flamengo , mas bastaram 30 dias para a vida de Hugo de Souza Nogueira mudar. Quis o destino que, neste curto espaço de tempo, coubesse ao jovem formado na casa trocar o posto de quarto goleiro pelo de xodó dos rubro-negros. Escalado após um surto de covid-19 que vitimou quase todo o elenco, Hugo foi acionado contra o Palmeiras , se destacou jogo a jogo e virou a cara (e o cara) de um Flamengo que não sabe mais o que é perder.

Desde que atuou no Allianz Parque, no empate por 1 a 1 contra o Alviverde, no dia 27 de setembro, Neneca entrou em campo outras nove vezes e vem impressionando. Com 1,96m, o jogador conjuga envergadura com velocidade e foi peça decisiva em muitos triunfos. Com ele no gol, o Fla venceu sete e empatou três. Para se ter uma ideia da participação direta do camisa 45 nesta série , os números são bons aliados. Nestes jogos, ele praticou 38 defesas, fez 12 intervenções consideradas difíceis, somou 83% de bolas defendidas e sofreu apenas oito gols, segundo dados do "SofaScore".

A importância de Hugo para o Rubro-negro já era notória, mas a cereja do bolo veio na Arena da Baixada. Aos 32 minutos da etapa final, defendeu um pênalti cobrado por Walter, do Athletico-PR , e saiu como herói do primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil ( vitória do Fla por 1 a 0 ). Nada mal para quem não via um empréstimo com maus olhos no início do ano.

"Estou feliz, é um sonho. Estou desde garoto no Flamengo, sempre foi um sonho defender essa camisa. Mas ser importante para o grupo vale mais, fico feliz pela vitória. É dar continuidade para as coisas seguirem da melhor forma possível", disse ele à "Globo".

A ascensão meteórica de Hugo embaralhou as cartas e aqueceu a disputa pelo gol da equipe. Seja pela pandemia ou por outras questões, Domènec Torrent já precisou usar os quatro jogadores disponíveis para a posição. César e Gabriel Batista não chegaram a comprometer, mas não agarraram a camisa com firmeza. Antes absoluto, Diego Alves se contundiu, contraiu a doença e acompanhou a subida daquele que era o seu último concorrente. Em meio a um processo de renovação de contrato que se arrasta, Alves teve de aplaudir, do banco de reservas, a noite de herói de Neneca. Ciente de que tem uma situação delicada em mãos, Dome tratou de valorizar todos:

"Temos a sorte de ter quatro goleiros. Quando precisamos que joguem, todos são excelentes. Agora, o Diego está voltando aos treinamentos. Já falamos com os goleiros, vamos falar de novo, mas o mais importante agora é estar focado no próximo jogo. Temos quatro jogadores muito bons, podem jogar todos. Temos muitos jogos. Mais importante é que temos quatro excelentes".

No dia a dia do Ninho do Urubu, o jovem, de 21 anos, é considerado dos mais acessíveis e queridos pelo elenco. A diretoria e o técnico espanhol, por sua vez, tentam cercar de cuidados o atleta para que ele não se perca no meio do caminho. Com muita conversa e conselhos, a cúpula do futebol lapida uma joia que era vista como o futuro, mas que furou a fila e antecipou os fatos.

"São quase 50 anos de jornalismo esportivo. Sinceramente, não me recordo de um início de um goleiro assim. Nem o Júlio César, quando subiu para os profissionais do Flamengo substituindo o Clemer. A vitória teve nome e sobrenome: "Hugo Souza". Ele é espetacular. O Neneca foi um monstro", opinou Renato Maurício Prado, colunista do UOL Esporte.

Com o garoto do Ninho em alta, os rubro-negros viram suas atenções para o Brasileirão . No domingo (1), às 16h, no Maracanã, o time encara o São Paulo , em jogo que pode valer a liderança da competição para os atuais campeões. Com três dias de treino pela frente, não é improvável que Torrent promova o retorno de Diego Alves contra o Tricolor paulista. Para muitos torcedores, porém, o coração dos rubro-negros já tem um outro titular.

Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Fonte: Uol
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